Após uma exaustiva programação ocorrida durante todo o mês de julho, movimentando com cultura e artes as férias em Marabá, o Projeto Rios de Encontro segue na pegada este mês com os preparativos para a realização do I Fórum Bem Viver Internacional que acontece de 31 de agosto a 4 de setembro. Na quinta-feira passada, a Casa dos Rios recebeu 150 indígenas do Povo Xikrin para uma reunião com representantes da Funai. Na sexta, um dos coordenadores do Rios de Encontro, enraizado desde 2008 na comunidade do Cabelo Seco, participou de audiência pública sobre o projeto de desenvolvimento socioeconômico de Marabá e região.
Já no sábado, o coletivo cultural AfroRaiz fez uma apresentação de dança e percussão para os alunos do cursinho popular Emancipa “Zé Cláudio e Maria” – batizado com esse nome em homenagem ao casal de extrativistas assassinados no dia 24 de maio de 2011, em Nova Ipixuna –, em iniciativa conjunta com a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Unifesspa.
“A chegada na comunidade do Cabelo Seco dos guerreiros e guerreiras Xikrin foi um grande presente para o nosso fórum. Recepcionamos os caciques da etnia durante a visita de duas semanas atrás da deputada do Parlamento Europeu ao projeto Rios de Encontro, Julie Ward. Ela nos acompanhou à visita que fizemos aos Xikrin na aldeia deles na Serra dos Carajás e tivemos a oportunidade de conhecer o Rio Cateté que está sendo envenenado pelas minas da Vale, ameaçando a existência do modo de vida daquela povo. Foi emocionante as manifestações de canto, dança e orgulho cultural de mais de 50 xikrin percorrendo a aldeia e atraindo os olhares impressionados dos moradores da comunidade”, realtou Manoela Souza, gestora do Fórum Bem Viver.
Leia mais:O arte-educador Zequinha Souza, mestre de cultura popular no projeto Rios de Encontro, comentou também sobre a emoção que sentiu ao assistir a manifestação espontânea dos xikrin. “Relembrou o Cabelo Seco e suas raízes e demonstrou a ‘fúria’ Xikrin sobre a violação dos direitos dos povos indígenas e extinção lenta dos rios e florestas do mundo”, refletiu. O jovem Rerivaldo Mendes, coordenador do microprojeto Rabetas Vídeos Coletivo, filmou e fotografou o encontro que durou cerca de três horas. “Quando começaram a dançar na nossa Casa dos Rios, nem consegui segurar a filmadora, de tanta emoção. A coragem deles (xikrin) me encheu de orgulho das minhas raízes”, declarou.
Número de ambientalistas mortos no País é o maior do mundo
No domingo (13), o criador e mentor do Projeto Rios de Encontro, Dan Baron, participou de audiência pública para discutir o Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá e da região, atendendo a convite da Câmera dos Vereadores. Respondendo a pergunta feita pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim) sobre grandes projetos em discussão na região, Baron pontuou a ausência completa de considerações sobre impactos socioambientais presentes em estudos científicos independentes de entidade como INPE, GEDAE, UFPA e Museu Goeldi, instituições de renome em nível global.
“Citei a cidade de Altamira, apontada recentemente em pesquisa como a cidade mais violenta no país, evidência de engano trágico sobre um modelo falido de desenvolvimento, imposto pela cobiça de política de grupos sem compromisso com as comunidades locais”, destacou Baron, fazendo menção a relatório do Observatório Mundial da Violência, que coloca o Brasil como o país mais violento e inimigo do meio ambiente no mundo.
Citando o mesmo relatório, Baron diz que nove em cada 10 assassinatos de defensores do meio ambiente acontecem na Amazônia, lembrando ainda a plenária em que ONU vem alertando como o desmatamento da Amazônia industrializada está “secando nascentes e rios que sustentam os ecosistemas do mundo, prevendo 15 milhões de refugiados climáticos até 2030.
“Neste cenário de aumento da violência ambiental e governos autoritários e populistas, convidei Marabá e região a se comprometer com a sustentabilidade do planeta. Em vez de ser vítima de mais um engano, Marabá pode tornar-se uma liderança mundial do paradigma indígena e contemporâneo de bem viver em harmonia com a natureza”, frisou
Sobre o Fórum Bem Viver, Baron defende que haja um debate amplo sobre os temas que afetam diretamente a vida em sociedade e seus reflexos sobre o meio ambiente e comunidades remanescentes quilombolas e indígenas.
“Esse é o objetivo central do Fórum Bem Viver, uma colaboração entre cientistas, gestores de cada setor da sociedade civil, artistas e pedagogos. E na vanguarda dessa discussão, contamos com a colaboração em ideias e iniciativas de jovens artistas que tragam suas contribuições para o centro do debate”. Reiterou.
Na segunda-feira (14), também como parte da programação que antecede o fórum, o coletivo AfroRaiz fez apresentação especial para 40 alunos do curso de formação em eco-pedagogia e professores da Semed. (com informações de dan baron)
Foto: Arquivos Rios de Encontro
Após uma exaustiva programação ocorrida durante todo o mês de julho, movimentando com cultura e artes as férias em Marabá, o Projeto Rios de Encontro segue na pegada este mês com os preparativos para a realização do I Fórum Bem Viver Internacional que acontece de 31 de agosto a 4 de setembro. Na quinta-feira passada, a Casa dos Rios recebeu 150 indígenas do Povo Xikrin para uma reunião com representantes da Funai. Na sexta, um dos coordenadores do Rios de Encontro, enraizado desde 2008 na comunidade do Cabelo Seco, participou de audiência pública sobre o projeto de desenvolvimento socioeconômico de Marabá e região.
Já no sábado, o coletivo cultural AfroRaiz fez uma apresentação de dança e percussão para os alunos do cursinho popular Emancipa “Zé Cláudio e Maria” – batizado com esse nome em homenagem ao casal de extrativistas assassinados no dia 24 de maio de 2011, em Nova Ipixuna –, em iniciativa conjunta com a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Unifesspa.
“A chegada na comunidade do Cabelo Seco dos guerreiros e guerreiras Xikrin foi um grande presente para o nosso fórum. Recepcionamos os caciques da etnia durante a visita de duas semanas atrás da deputada do Parlamento Europeu ao projeto Rios de Encontro, Julie Ward. Ela nos acompanhou à visita que fizemos aos Xikrin na aldeia deles na Serra dos Carajás e tivemos a oportunidade de conhecer o Rio Cateté que está sendo envenenado pelas minas da Vale, ameaçando a existência do modo de vida daquela povo. Foi emocionante as manifestações de canto, dança e orgulho cultural de mais de 50 xikrin percorrendo a aldeia e atraindo os olhares impressionados dos moradores da comunidade”, realtou Manoela Souza, gestora do Fórum Bem Viver.
O arte-educador Zequinha Souza, mestre de cultura popular no projeto Rios de Encontro, comentou também sobre a emoção que sentiu ao assistir a manifestação espontânea dos xikrin. “Relembrou o Cabelo Seco e suas raízes e demonstrou a ‘fúria’ Xikrin sobre a violação dos direitos dos povos indígenas e extinção lenta dos rios e florestas do mundo”, refletiu. O jovem Rerivaldo Mendes, coordenador do microprojeto Rabetas Vídeos Coletivo, filmou e fotografou o encontro que durou cerca de três horas. “Quando começaram a dançar na nossa Casa dos Rios, nem consegui segurar a filmadora, de tanta emoção. A coragem deles (xikrin) me encheu de orgulho das minhas raízes”, declarou.
Número de ambientalistas mortos no País é o maior do mundo
No domingo (13), o criador e mentor do Projeto Rios de Encontro, Dan Baron, participou de audiência pública para discutir o Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá e da região, atendendo a convite da Câmera dos Vereadores. Respondendo a pergunta feita pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim) sobre grandes projetos em discussão na região, Baron pontuou a ausência completa de considerações sobre impactos socioambientais presentes em estudos científicos independentes de entidade como INPE, GEDAE, UFPA e Museu Goeldi, instituições de renome em nível global.
“Citei a cidade de Altamira, apontada recentemente em pesquisa como a cidade mais violenta no país, evidência de engano trágico sobre um modelo falido de desenvolvimento, imposto pela cobiça de política de grupos sem compromisso com as comunidades locais”, destacou Baron, fazendo menção a relatório do Observatório Mundial da Violência, que coloca o Brasil como o país mais violento e inimigo do meio ambiente no mundo.
Citando o mesmo relatório, Baron diz que nove em cada 10 assassinatos de defensores do meio ambiente acontecem na Amazônia, lembrando ainda a plenária em que ONU vem alertando como o desmatamento da Amazônia industrializada está “secando nascentes e rios que sustentam os ecosistemas do mundo, prevendo 15 milhões de refugiados climáticos até 2030.
“Neste cenário de aumento da violência ambiental e governos autoritários e populistas, convidei Marabá e região a se comprometer com a sustentabilidade do planeta. Em vez de ser vítima de mais um engano, Marabá pode tornar-se uma liderança mundial do paradigma indígena e contemporâneo de bem viver em harmonia com a natureza”, frisou
Sobre o Fórum Bem Viver, Baron defende que haja um debate amplo sobre os temas que afetam diretamente a vida em sociedade e seus reflexos sobre o meio ambiente e comunidades remanescentes quilombolas e indígenas.
“Esse é o objetivo central do Fórum Bem Viver, uma colaboração entre cientistas, gestores de cada setor da sociedade civil, artistas e pedagogos. E na vanguarda dessa discussão, contamos com a colaboração em ideias e iniciativas de jovens artistas que tragam suas contribuições para o centro do debate”. Reiterou.
Na segunda-feira (14), também como parte da programação que antecede o fórum, o coletivo AfroRaiz fez apresentação especial para 40 alunos do curso de formação em eco-pedagogia e professores da Semed. (com informações de dan baron)
Foto: Arquivos Rios de Encontro