A busca e efetivação da equidade, isonomia, autonomia e cidadania das mulheres. Este foi o âmago das questões debatidas durante a 3ª Conferência de Políticas Públicas para Mulheres, em Marabá. O evento coordenado pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher e Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres (Seaspac) faz parte da etapa municipal para a Conferência Estadual e Nacional a serem realizadas ainda este ano.
Além de promover a participação popular e fomentar os desafios da elaboração e execução de políticas públicas, a Conferência deste ano convidou movimentos de mulheres, gestores e instituições governamentais a construírem, juntos, o primeiro plano de políticas públicas para as mulheres de Marabá.
Durante a cerimônia de abertura do evento, na quinta-feira, 24, a presidente da Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres, Júlia Rosa, ressaltou os desafios e a importância de Marabá sediar uma conferência com esta temática. “Além de discutirmos o papel da mulher na sociedade, de votar e escolher representantes na conferência local, nós temos a missão, enquanto sociedade civil, de contribuirmos para o Plano Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, que é o grande desafio que perseguimos desde o ano passado nesta construção. Este é o momento em que a participação de cada um é muito importante, porque o plano é construindo por todas nós, não tem o protagonismo de ninguém”, destacou Júlia Rosa.
Leia mais:O prefeito Tião Miranda, que também participou da cerimônia de abertura do evento, reiterou a fala de Júlia Rosa, a respeito da importância do protagonismo feminino em todos os setores da sociedade. “Nada melhor do que as mulheres debaterem e realmente fazerem o plano de políticas públicas municipal. É importante que elas tenham essa autonomia, lembrando o papel delas na sociedade. Há pesquisas que apontam que as mulheres estudam mais, se dedicam mais ao trabalho e elas precisam ter seus direitos garantidos para atuarem nos espaços com dignidade”, afirmou o gestor municipal.
Ainda sobre a perspectiva de respeito e valorização da mulher, Tião Miranda ressaltou a importância de uma educação de qualidade na base, para a erradicação do machismo estrutural, e se colocou como gestor a serviço das mulheres. “O machismo é uma questão cultural na América Latina. É preciso investir na criança, na educação, principalmente nas escolas de ensino fundamental e médio para que desde cedo as crianças entendam que mulheres precisam ser respeitadas. Ensinar os meninos de agora para que amanhã sejam adultos, cidadãos que respeitam as leis e as pessoas. É importante debater essa questão do machismo, além da promoção de saúde, educação, assistência social e moradia para as mulheres. Nesse ponto, a prefeitura tem um papel importante, e como prefeito procuro estabelecer uma visão ampla sobre estas questões”, garantiu.
Violência(s) contra a mulher – Em discurso na mesa de abertura, a vereadora Irismar Araújo fez questão de frisar que a violência contra a mulher não se resume à violência física, e salientou a importância de estimular e fornecer às mulheres condições de participação política e social em todas as áreas da sociedade. “Quando a gente fala de violência só pensa na violência física, mas a violência contra a mulher começa quando ela não tem condições de trabalhar, quando de se profissionalizar, de sair para sustentar seus filhos. Em Marabá tem creche? Nós não temos creche, temos apenas educação infantil. Isso é uma violência contra as mulheres e mães marabaenses que não têm onde deixar seus filhos de 0 a 3 anos para trabalhar”, lamentou.
Secretaria Especial – Além disso, a vereadora aproveitou a oportunidade para cobrar da prefeitura a criação de uma Secretaria Especial voltada para as demandas da mulher. “Tudo que nós já avançamos neste município é fruto de uma organização de uma movimentação de muitas mulheres, entidades, governos, dos poucos espaços de representação que se tem, mas com aquele compromisso de avançar e conquistar melhoria para as mulheres. É de suma importância termos a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para nós mulheres”, alinhavou.
Assim como Irismar Araújo, a vereadora e presidente da Comissão da Mulher na Câmara, Priscila Veloso ressaltou a importância da Secretaria e convocou os vereadores e vereadoras a lutar por esta demanda. “Estou feliz de nós termos esta Conferência para avançarmos na construção das políticas públicas para as mulheres. E eu gostaria de registrar que os senhores vereadores podem requerer a criação desta Secretaria e tenham certeza que vamos levantar esta bandeira, pois é algo que todas nós precisamos”, enfatizou. (Ulisses Pompeu e Bianca Levy)