O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu no Twitter que o Greenpeace estaria por trás do derramamento de óleo cru que já afetou 233 localidades no Nordeste Brasileiro, atingindo todos os nove estados da região. Salles já dirigiu duras críticas à ONG desde o início da semana.
Na publicação, sem indicar como obteve as supostas informações, o ministro afirma que a embarcação Esperanza, do Greenpeace, “estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano”.
Procurado pelo GLOBO, o Greenpeace afirmou, em nota, que a insinuação de Salles é “uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade” do ministro em lidar com a crise. “É bom lembrar que isso vem de alguém conhecido por mentir que estudava em Yale e ser condenado na Justiça por fraude ambiental”, segue o documento.
Quanto ao trajeto da embarcação Esperanza, o Greenpeace afirma que o navio faz parte da campanha internacional “Projeta os Oceanos”, que denuncia “as ameaças aos mares” saindo do Ártico em direção à Antártida. Entre agosto e setembro, ainda segundo a ONG, o Esperanza passou pela Guiana Francesa, onde foi realizada uma expedição de documentação e pesquisa dos Corais da Amazônia, e está atracado atualmente na capital do Uruguai, Montevidéu.
Questionada sobre o intuito da publicação de Salles, a assessoria do Ministério do Meio Ambiente informou que as questões endereçadas à pasta deveriam ser encaminhadas ao Greenpeace. O ministro não retornou às ligações do GLOBO.
Veja a íntegra da nota da ONG:
“Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico. Trata-se, mais uma vez, de uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação. É bom lembrar que isso vem de alguém conhecido por mentir que estudava em Yale e ser condenado na Justiça por fraude ambiental.
O nosso navio Esperanza faz parte de uma campanha internacional chamada “Proteja os Oceanos”, que saiu do Ártico e vai até a Antártida ao longo de um ano, denunciando as ameaças aos mares. Ele passou pela Guiana Francesa, entre agosto e setembro, onde realizou uma expedição de documentação e pesquisa do recife conhecido como Corais da Amazônia, com o propósito de lutar pela proteção dos oceanos e contra a exploração de petróleo em locais sensíveis para a biodiversidade marinha. No momento, o navio está atracado em Montevidéu, no Uruguai.”
(Fonte: O Globo)