Nesta terça-feira (22), o delegado Toni Rinaldo Vargas, do Departamento de Homicídios, começará a tomar depoimento formal dos familiares e de pessoas mais próximas ao comerciante Cícero Carlos Guimarães, de 55 anos, morto a tiros na madrugada de domingo (20), quando saía da festa de casamento de uma sobrinha dele. O crime gerou muita repercussão na cidade, pois “Cição” era muito conhecido em Marabá, onde atuava há décadas como ourives e borracheiro.
Ontem o delegado Toni e sua equipe voltaram ao local do crime, no km 4 do São Félix (na entrada da área das chácaras), com objetivo de tentar encontrar alguma pista que pudesse ajudar na elucidação do caso. De acordo com o delegado, o veículo onde a vítima estava quando foi baleada foi apreendido.
Os policiais do Departamento de Homicídios também foram até o Instituto Médico Legal (IML), para ter acesso ao lado e cruzar as informações com as marcas de bala nos para-brisas do veículo. A ideia é fazer uma perícia na caminhonete, verificando a trajetória das balas e levantando outras pistas.
Leia mais:O delegado informou também que, pelas primeiras informações colhidas no veículo, os criminosos deram ao menos sete tiros. Quatro disparos atingiram a janela do lado do motorista, mais dois disparos foram dados do lado do carona e ainda houve um sétimo tiro que atingiu o genro da vítima, Solrak Mavignier, que deve ser submetido a cirurgia entre hoje e amanhã, pois o projetil ainda está alojado no braço.
O CRIME
O assassinato aconteceu já no final da festa de casamento de uma sobrinha de “Cição”. Ele foi alvejado com quatro tiros quando saía da comemoração e acabou morrendo ainda no estacionamento da chácara onde acontecia a festa. O corpo deu entrada por volta de 1h da manhã de domingo.
O CORREIO conversou com exclusividade com Jonathan Pantoja Guimarães, filho da vítima. Ele disse que o atentado aconteceu no momento em que seu pai havia acabado de entrar no carro, ocasião em que os dois criminosos saíram de dentro do matagal e anunciaram o assalto.
Ainda de acordo com Jonathan, seu cunhado Solrak, que estava encostado no capô do carro, levantou os braços e pediu calma aos bandidos, mas não adiantou. “A gente não estava lá para presenciar, mas acho que aconteceu alguma reação e houve os disparos”, relata Jonathan, acrescentando que os tiros foram ouvidos por ele e pelas outras pessoas que ainda estavam na festa, pois o atentado aconteceu no estacionamento, a poucos metros dos demais convidados.
Ele diz que o primeiro tiro atingiu no braço do cunhado dele e os outros acertaram em seu pai, sendo dois na cabeça, um de raspão no queixo e outro no tórax. Nesse momento, alguém que fazia segurança no local atirou na direção dos criminosos, que fugiram, não se sabe se de moto, de pé ou de carro.
Jonathan conta que sua primeira reação foi tirar o pai do banco da caminhonete e colocou no chão para que este recebesse atendimento, pois havia médicos na festa. Inclusive, foram os médicos que atestaram a morte cerebral ainda no local, possivelmente pela dilatação das pupilas da vítima. De fato, quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou ao local, os paramédicos confirmaram oficialmente a morte.
“ASSALTO FRUSTRADO”
Perguntado sobre o que pode ter motivado a morte do pai dele, visto que anos atrás “Cição” havia sido alvo de outro atentado a bala, Jonathan diz não ter dúvidas de que os criminosos queriam roubar a caminhonete da vítima e só não levaram o veículo porque o vigilante que estava na área reagiu e atirou na direção dos bandidos.
Sobre o outro episódio de anos atrás, Jonathan lembra que foi outra tentativa de assalto e afirmou categoricamente que seu pai não tinha inimigos declarados e levava uma vida tranquila. “Quem conhece o pai sabe que podia ir todo dia de 7h às 9h da noite, que ele estava sem camisa, na porta de casa, de costas pra rua. Quem está devendo alguma coisa não ia ficar assim… Ele vivia despreocupado, só queria viver a vida dele… Isso aí simplesmente foi um assalto frustrado”, resume, ao pedir que a “Justiça de Deus prevaleça”.
Sobre o possível latrocínio, o delegado Toni Vargas ponderou que é precoce afirmar qualquer hipótese neste momento. “No curso das investigações isso vai ficar um pouco mais claro. À medida que a gente vai levantando mais elementos, ouvindo as pessoas e conhecendo a vida pregressa da vítima, a gente vai tendo maiores elementos aí pra delinear todas as circunstâncias do homicídio”, explica o policial, ao orientar as pessoas que tiverem informações a procurarem o Disque Denúncia.
REPERCUSSÃO
Embora o clima deste domingo, 20, tenha sido de alegria para grande parte dos moradores da cidade devido ao Círio de Nazaré, a família de “Cição” estava em luto. O velório aconteceu na Travessa 7 de Junho, onde o empresário manteve borracharia por muitos anos.
Depois que a notícia de morte de “Cição” se espalhou pelas redes sociais, centenas de pessoas se manifestaram e lamentaram o episódio trágico. Uma delas foi Eliza Beth, que reconhecer ser ele “todo doido”, mas que também era querido por todos, muito brincalhão. (Chagas Filho e Ulisses Pompeu colaborou Josseli Carvalho)