Mais de 60 detentos do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (CRAMA) foram ouvidos pelo delegado Ivan Pinto da Silva, do Departamento de Homicídios da Polícia Civil em Marabá, que investiga o assassinato do detento Robson Cardoso dos Santos, de 18 anos, encontrado morto naquela casa penal na manhã do último dia 14. As oitivas começaram ainda na segunda-feira e se estendiam até ontem (16).
Para a Imprensa, o delegado Ivan Pinto da Silva disse que a primeira informação que chegou ao conhecimento da Polícia e também do Instituto Médico Legal (IML) foi de que o detento havia cometido suicídio, mas ao chegar ao local os policiais e os peritos viram logo que se tratava de um homicídio por estrangulamento e esganadura.
Ainda de acordo com o delegado, a dinâmica deste crime foi um pouco diferente em relação ao outro assassinato ocorrido ali no último dia 7. “Os detentos mataram o companheiro em uma cela e transportaram para fora do recinto”, observa o delegado, explicando que muito provavelmente detentos que estão no regime semiaberto participaram do crime.
Leia mais:Ivan Silva observa que os detentos do semiaberto gozam de certa credibilidade. “Mas infelizmente usaram essa liberdade, essa credibilidade, para cometer esse crime”, lamenta o policial.
E é justamente aí que mora o grande entrava para chegar à autoria do crime, pois os detentos fizeram um verdadeiro pacto de silêncio e não denunciam quem foram os envolvidos diretamente no crime. Ivan alerta que esse pacto representa auxílio moral para os criminosos. E diante da situação ele pretende autuar por homicídio os detentos da cela 6, onde estava Robson, e os outros mais de 60 detentos por falso testemunho.
Perguntado sobre qual seria a motivação do crime, o delegado disse que as investigações ainda estão iniciando, mas a reportagem apurou que Robson, que era natural de Rondon, foi morto devido à guerra de facções que existe nos presídios de todo o Brasil. A maioria dos internos do CRAMA se diz membro ou simpatizante de uma determinada facção, enquanto Robson pertenceria a outra. (Chagas Filho)