Devem passar por audiência de custódia hoje, segunda-feira, 14, no Fórum de Curionópolis, no sudeste do Pará, Jonas dos Santos da Silva, de 27 anos, e Airton Hudson Silva Nascimento, de 25 anos. Eles são acusados de matar a tiros na tarde do último, 12, Wanderley de Araújo Silva, de 21 anos, que era homossexual.
O crime aconteceu por volta de 13h45 na vicinal da Cutia, zona rural de Curionópolis. Segundo a polícia, Wanderley seguia na garupa da moto pilotada por Evaristo de Ribamar Martins, conhecido como “Recruta”, seguindo em direção à cidade de Curionópolis, quando dois homens se aproximaram em outra motocicleta e o da garupa efetuou um tiro, que acertou as costas da vítima, que caiu do veículo.
Em seguida, ele desceu e deu o tiro de misericórdia na cabeça de Wanderley, que morreu no local. Depois, o assassino montou na moto e fugiu do local com o comparsa, seguindo em direção à Vila de Serra Pelada.
Leia mais:De acordo com a Polícia Militar, tão logo o crime foi comunicado, foi acionada a guarnição do sargento Welliton e soldados Sousa Filho e Ronieri, que se deslocou para o local. No caminho, a guarnição se deparou com dois homens com as mesmas características informadas sobre os criminosos.
Foi feita a abordagem e os homens foram identificados como Jonas e Airton. Com Jonas foi encontrado um revólver calibre 38, com três munições intactas.
Os dois foram levados até o local do homicídio. Na hora, a testemunha que estava com a vítima reconheceu os acusados como os autores do crime. Pouco depois, mudou a versão, e disse que ficou na dúvida se eles eram as mesmas pessoas que tinham matado Wanderley.
Diante da dúvida e pelo fato de Jonas portar arma de fogo e não ter posse da mesma, os dois foram conduzidos e apresentados na Delegacia de Curionópolis. Também foi acionado a Polícia Civil e o IML para fazer o levantamento do local de crime e a remoção do corpo.
Na hora, Wanderley estava sem documento de identidade, sendo identificado apenas pelo prenome.
Os dois acusados negam envolvimento no crime e dizem que nem conheciam a vítima. Airton Hudson afirma que estava voltando da Vila Alto Bonito para Serra Pelada com Jonas, na casa de quem foi buscar a moto de seu irão para consertar.
Ele detalha que não sabia que Jonas estava armado e nem para que usava o revólver. Airton também disse que não esteve naquele dia na vicinal da Cutia, onde teria estado há cerca de um mês.
O acusado garantiu que nunca nem viu Wanderley e que ficou sabendo do crime pela polícia. Jonas também deu praticamente a mesma versão do amigo.
Ele contou que estava indo para a Serra Pelada levando a moto do irmão de Airton, uma Bros preta, e admitiu que levou o revólver, que é dele, mas garantiu que não matou Wanderlei. Segundo o que Jonas contou à polícia, a arma foi comprada por ele de um homem chamado Bira, que já é falecido.
O acusado assegurou que não esteve na hora do crime na vicinal da Cutia e que foi nesse local há cerca de dois meses. Jurou ainda que não conhecia a vítima e também só ficou sabendo do crime pela polícia.
Ele, no entanto, na hora da abordagem, segundo a Polícia Militar, admitiu que efetuou dois disparos com a arma no mesmo dia em Serra Pelada. Os tiros teriam sido sem alvo definido. Já no depoimento à Polícia Civil, disse que efetuou os disparos de quinta para sexta-feira.
O advogado dos acusados, Eduardo Abreu Santos, informou que ia solicitar durante a audiência de custódia a liberdade provisória de seus clientes. Ele diz que não há nada que prove a participação de ambos no crime.
Segundo Eduardo, na hora apresentação na Delegacia de Curionópolis não tinha delegado para tomar o depoimento dos acusados. Como ele exigiu que seus clientes fossem ouvidos pela autoridade policial, os dois tiveram que ser trazidos para serem ouvidos na 20ª Seccional de Parauapebas. O advogado afirmou ainda que não fica delegado de plantão nos fins de semana em Curionópolis.
Coisa que foi totalmente rebatida pelo delegado Jailson Lucena da Silva, titular da Delegacia de Curionópolis. Ele disse que fica investigador, escrivão e delegado, que geralmente é ele.
Segundo Jailson, nesse caso específico, os dois acusados foram apresentados primeiramente por porte ilegal de arma de fogo. Os dois iam ser ouvidos e ele ia arbitrar fiança de um salário mínimo para que ambos respondessem ao crime em liberdade.
No entanto, pouco depois chegou a informação de que os dois eram suspeitos de matar uma pessoa na zona rural. “Aí a história mudou. Já se tratava de homicídio e ia ser feito o flagrante pelo crime, quando o advogado chegou e fez toda confusão. Por conta disso, o caso foi levado para onde foi feito o flagrante”, explicou o delegado.
De acordo com ele, os dois foram indiciados por homicídio qualificado e o caso agora segue para apreciação da Justiça, que é quem decidirá se mantém ou não a prisão dos acusados. “Nós já abrimos inquérito e vamos investigar o caso. Já temos suspeita sobre os mandantes do crime, mas não podemos adiantar nada, para não atrapalhar as investigações”, adianta Jailson Lucena. (Tina Santos- com informações de Ronaldo Modesto)