Correio de Carajás

Prefeito de Curionópolis dá calote em empresário que monta acampamento na prefeitura

Prefeito de Curionópolis dá calote em empresário que monta acampamento na prefeitura

Cansado de tentar negociar com a Prefeitura de Curionópolis uma dívida que se arrasta desde 2017, o empresário Francisco José decidiu radicalizar. Na manhã de hoje, terça-feira, 8, por volta de 8 horas, ele montou acampamento em frente ao prédio da Prefeitura Municipal, de onde afirma que só irá sair após receber pelo menos parte da dívida, que já somaria quase R$ 100 mil.

O empresário está no local acompanhado do filho, a nora, a neta de três meses e funcionários. Dono de uma empresa de refrigeração em Parauapebas, Magrão da Refrigeração, como é conhecido, conta que em 2017, no início do mandato do prefeito Adonei Aguiar (DEM), começou a fazer serviço de venda, instalação e manutenção de centrais de ar e de ar-condicionados para a prefeitura.

Filho e nora de empresário, com o bebê de três meses, decidiram acompanhar a vítima do calote

Conforme ele, vinha fazendo a instalação e manutenção dos aparelhos em prédios do município, como escolas, postos de saúde, na sede da prefeitura e no Hospital Municipal. Desde esse período, garante, vem sendo ‘enrolado’ pelo prefeito, que nunca pagou os valores acertados pelo trabalho.

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De acordo com o empresário, o débito da prefeitura com ele foi aumentado até que, vendo que não recebia, o empresário parou de prestar o serviço e, inclusive, deixou pela metade a instalação das centrais de ar do Hospital Municipal. “Eu tenho gravadas ligações do Adonei, que inclusive podem comprometê-lo, solicitando o serviço, inclusive para lugares inusitados”, garante Magrão, omitindo que lugares inusitados são esses e sem querer se aprofundar na denúncia.

Conforme Magrão, a Prefeitura Municipal chegou a fazer uma licitação para a mesma prestação de serviço, que foi escondida dele, mas mesmo assim o prefeito sempre solicitou os serviços da empresa dele. “Eu tenho como comprovar que eu fiz esses serviços”, assegura o empresário, dizendo que desde fevereiro de 2017 não recebeu nem 20% do valor que a prefeitura lhe deve.

Diante do problema, decidiu tomar a atitude drástica de acampar na porta da prefeitura. “Estou cansado. Todo mês ele me dizendo que vai me pagar e não me paga”, desabafa, dizendo que possui as notas ficais de todos os aparelhos instalados nos órgãos da prefeitura. “Os aparelhos são meus. Se já tiver patrimoniado, eles fizeram isso usando nota fria porque eu tenho os documentos originais dos aparelhos”, afirma, dizendo que nunca recebeu um centavo nem pelos aparelhos.

“Minha batalha agora é para tentar receber o valor pelo serviço que eu já prestei e os aparelhos que eu vendi. Tenho tudo documentado, provando que realizei o serviço e forneci os produtos”, diz Francisco, observando que há outros empresários na mesma situação que ele.

Bil Guimarães diz que está para ser despejado por conta do aluguel atrasado

MAIS CALOTE

Funcionário da empresa, Bil Guimarães de Freitas diz que são quase três anos de enrolação do prefeito Adonei com eles. “É sempre promessa de vem hoje, vem amanhã e nada. Estamos cansados das mentiras desse prefeito”, afirma, frisando que além da cidade, eles também prestaram serviços em escolas e outros prédios públicos de vilas da zona rural do município, como Serra Pelada.

Ele ressalta que eles decidiram radicalizar porque caso não recebam agora, depois, quando findar o mandato de Adonei, é que ficará mais difícil receber. “Estamos cansados de tentar negociar de forma amigável. Por isso, estamos aqui acampados e só sairemos com uma resposta positiva”, afirmou.

Como a prefeitura não paga, a situação da empresa e dos funcionários está difícil. Segundo Bill, ele está com o aluguel atrasado e já em iminência de ser despejado, assim como está com outras contas atrasadas por falta de pagamento.

Após a repercussão do acampamento nas portas do Poder Público, o prefeito Adonei Aguiar decidiu receber o manifestante no final da manhã. O empresário, no entanto, avisou que só sairá da prefeitura com pagamento de parte do débito. Procurada, a prefeitura não quis se manifestar sobre o caso. (Tina Santos)