Correio de Carajás

Manchas de óleo afetam 109 locais em 50 cidades do Nordeste

Mais 4 navios gregos estão entre os investigados por vazamento de óleo

As manchas de óleo que chegaram a praias do Nordeste desde o início de setembro já atingiram 109 locais em 50 municípios de 8 estados, de acordo com o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Em todos os pontos, a substância é a mesma. De acordo com o Ibama, trata-se de petróleo cru, e não de um produto derivado do óleo. Em nota, a Petrobras afirma que o material não foi produzido e nem comercializado pela companhia.

Ainda não se sabe a origem da substância, mas a suspeita é que o petróleo tenha vindo de navios que passam pela região, segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco e o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB).

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Nesta quinta-feira (26) a Marinha do Brasil em Sergipe encontrou três tonéis com óleo em praias de Aracaju e do município de Barra dos Coqueiros. Análises serão realizadas para saber se a substância que está nos tonéis tem relação com a que foi encontrada nas praias do litoral nordestino.

“Pode ter, mas isso tudo precisa ser investigado com bastante cuidado”, disse o capitão dos portos em Sergipe, Guilherme Conti Padão.

Tonel foi encontrado na praia da Barra dos Coqueiros  — Foto: Adema
Tonel foi encontrado na praia da Barra dos Coqueiros — Foto: Adema

Origem da substância

Há suspeita de que a contaminação tenha relação com navios petroleiros. A hipótese é que algum deles tenha efetuado uma limpeza nos tanques e despejado os rejeitos no mar.

Segundo o coordenador do sindicato dos trabalhadores na indústria do petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), Rogério Almeida, a prática é proibida, mas ainda é realizada.

“É um óleo grosso, quase um piche. Pode ser rejeito de um navio após a limpeza dos tanques. Muitos navios continuam fazendo isso e deve ter caído em uma corrente marítima”, disse Almeida.

Em nota enviada ao G1 PE, a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco informou que técnicos estão trabalhando para tentar identificar as principais correntes marinhas que trouxeram o piche para as praias do litoral pernambucano, em parceria com o Porto de Suape e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

De acordo com o diretor de Controle de Fontes Poluidoras, Eduardo Elvino, com a identificação das correntes marinhas, “existe a possibilidade de identificar o navio que fez a referida rota” e tentar rastrear se “o piche encontrado nas praias faz parte do combustível dos navios”. Segundo Elvino, pela legislação, o produto deve ser descartado nos portos, onde empresas especializadas recolhem o material.

Animais afetados

O óleo já atingiu ao menos nove tartarugas e uma ave bobo-pequeno ou furabucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração. Segundo o Ibama, uma das tartarugas foi devolvida ao mar e outra foi encaminhada a um centro de reabilitação. Sete tartarugas foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. A ave também não resistiu ao óleo.

  • 1/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Sabiaguaba, Fortaleza (CE) – morta
  • 4/9 – 2 tartarugas marinhas – Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho (PE) – morta
  • 7/9 – 1 ave bobo pequeno – Praia de Cumbuco, Caucaia (CE) – morta
  • 11/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Jacumã, Ceará-Mirim (RN) – viva
  • 16/9 – 1 tartaruga marinha – Ilha dos Poldos, Aroises (MA) – morta
  • 22/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Itatinga, Alcântara (RN) – viva
  • 22/9 – 1 tartaruga marinha – Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) – morta
  • 23/9 – 1 tartaruga marinha – Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) – viva
  • 24/9 – 1 tartaruga marinha – Jericoacoara, Jijoca de Jericoacoara (RN) – morta

(Fonte:G1)