Foi divulgada nesta quarta-feira (25) a transcrição da conversa do presidente Donald Trump com o presidente ucraniano Volodymir Zelensky, que ocasionou o pedido de inquérito de impeachment de Trump pelos democratas no Congresso.
O texto mostra que Trump pediu ao ucraniano para investigar se o ex-vice-presidente Joe Biden encerrou uma investigação sobre uma empresa onde seu filho, Hunter Biden, trabalhava, e pediu ao líder europeu que atuasse com Rudy Giuliani e o procurador-geral William Barr nesse assunto.
Biden é o potencial rival de Trump na eleição presidencial de 2020. O telefonema aconteceu depois de Trump ordenar ao governo norte-americano que congelasse quase US$ 400 milhões de ajuda dos EUA à Ucrânia.
Leia mais:“Fala-se muito sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a investigação e muitas pessoas querem descobrir isso, então o que quer que você possa fazer com o procurador-geral seria ótimo”, disse Trump durante a ligação, segundo a transcrição disponibilizada pelo Departamento de Justiça.
“Biden saiu por aí se vangloriando de ter impedido a investigação, então, se você puder conferir isso… Parece horrível para mim”, disse o presidente dos EUA, de acordo com o documento.
Zelensky responde que “seu candidato” ao cargo de promotor “analisará a situação, especificamente a empresa que você mencionou”.
Um alto funcionário da Casa Branca disse à CNN que a transcrição da ligação, ocorrida em 25 de julho, vem de um software de reconhecimento de voz. Há um aviso no final do documento de que “não é uma transcrição literal de uma conversa”. Além de Trump, o presidente Zelensky também deu sua permissão para a divulgação da transcrição.
O presidente Trump, falando sobre a transcrição recém-divulgada disse que “não houve pressão”.
“Foi uma carta amigável. Não houve pressão, do jeito que isso foi ventilado, aquela ligação, seria a ligação do inferno. Acabou sendo um telefonema nada diferente do que muitas pessoas disseram: ‘Eu nunca soube que você poderia ser tão legal'”.
Trump disse que o inquérito de impeachment é uma “caça às bruxas”.
“Só para vocês entenderem, é a maior caça às bruxas da história americana, provavelmente na história, mas certamente na história americana”, disse ele.
Ao anunciar a investigação na terça-feira, a presidente da Câmara de Representantes, a deputada democrata Nancy Pelosi, declarou que Trump traiu seu juramento ao cargo ao buscar ajuda da Ucrânia para prejudicar seu rival na corrida eleitoral de 2020, Joe Biden.
‘Fala-se muito sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a investigação e muitas pessoas querem descobrir isso, então o que quer que você possa fazer com o procurador-geral seria ótimo’, disse Trump durante a ligação, segundo a transcrição disponibilizada pelo Departamento de Justiça. — Foto: Reprodução/Casa Branca
Trump disse a Zelensky que o procurador-geral William Barr entraria em contato com ele sobre a reabertura da investigação sobre a empresa de gás ucraniana.
Mas o presidente americano não pediu que Barr contatasse a Ucrânia, disse um porta-voz do Departamento de Justiça, e Barr não se comunicou com a Ucrânia sobre uma possível investigação ou qualquer outro assunto. Barr, nomeado por Trump, só soube da conversa várias semanas depois que ela ocorreu, disse o porta-voz.
A medida de pedir a investigação marca o primeiro passo em um complexo processo que tem poucas chances de tirar Trump da Presidência, já que precisaria passar pelo Senado de maioria republicana. Além disso, empurra a política americana para um novo e perigoso capítulo 14 meses antes das novas eleições que definem o controle da Casa Branca e do Congresso.
Pelosi e outros líderes do Partido Democrata resistiram a dar este passo durante meses, preferindo se concentrar na próxima disputa eleitoral.
Uma combinação das acusações mais recentes — a de que Trump condicionou a entrega de assistência militar à Ucrânia em troca de ajuda para prejudicar Biden — provocou uma onda de apoio entre os membros do partido para iniciar o processo de impeachment.
Trump sobreviveu a diversos escândalos desde que tomou posse, em 2017, e democratas da Câmara cogitaram, mas nunca puseram em prática, ativar artigos do impeachment em reação às ações de Trump ligadas à interferência russa na eleição de 2016. (Fonte:G1)