Entre os mais de 200 comerciantes que mantêm atividades na feira da Folha 28, pelo menos 24 trabalham com venda de carne suína e todos eles poderão ter enorme prejuízo por conta de uma ação da Divisão de Vigilância Sanitária (Divisa), órgão municipal que não permitirá mais a venda desse tipo de carne em ambientes abertos, como ocorre naquela feira, principalmente aos domingos.
Embora se trate de uma questão de saúde pública, os feirantes estão indignados porque afirmam que a prefeitura não está lhes dando prazo e tampouco a infraestrutura necessária para que mantenham suas atividades.
Marinho Silva, presidente da Associação de Feirantes e Ambulantes da Nova Marabá, explica que esse mesmo impasse ocorreu um ano e meio atrás e naquela época a situação foi contornada por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta, o famoso “TAC”, que envolveu inclusive a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), mas a situação nunca foi resolvida plenamente.
Leia mais:Segundo Marinho, a prefeitura de Marabá não cumpriu sua parte no TAC, que era a construção de um abatedouro artesanal e agora está cobrando que os feirantes cumpram a sua parte. “Marabá não tem esse abatedouro artesanal; tem só um particular que cobra 45 pau (R$45) pra abater um porco e entrega congelado, mas isso pra nós não serve”, argumenta, explicando que os comerciantes chegam à feira da 28 por volta das 4h30 da madrugada e antes das 11h já encerraram suas atividades.
Por isso, Marinho já deixou claro que vai procurar o Ministério Público do Estado, a Câmara Municipal de Marabá e a própria prefeitura para resolver a situação. “Não podemos deixar esses pais de família desempregados”, observa, acrescentando que os criadores locais de porco também ficam prejudicados com a medida.
Enquanto isso, os feirantes estão sem saber o que fazer diante da situação. Edvan Ferreira, que há 21 anos trabalha na feira da 28, entende que a Divisa deveria dar um prazo para os trabalhadores se adequarem. “Eles estão exigindo que a carne não pode ficar exposta por questão de saúde, mas não deram prazo nenhum; disseram apenas que não podemos fazer manipulação de carne na feira”, reclama, ao acrescentar que certamente no domingo se forem vender terão o produto apreendido.
Por sua vez, Cleurismar dos Santos Silva, que também é feirante, disse ter sido pega de surpresa com a proibição. “A questão é que eles exigem que a carne não seja exposta, mas nós vamos colocar aonde?”, pergunta, observando que a feira não dispõe de ambiente fechado para comercializar a carne da forma como o município exige.
Cleurismar vai mais longe nas críticas e apela para o bom senso da vigilância sanitária, pois muita gente vai ser obrigada a abandonar suas atividades por conta da proibição. “Eles acham que a gente vai só mudar de ramo; ninguém muda de ramo de um dia para o outro, então a gente quer uma reposta das autoridades competentes”.
A situação se estende também aos criadores de suínos que vivem da atividade na região, como é o caso de Wellington Mariano. Segundo ele, a proibição da venda de carne de porco ao ar livre é um problema porque o único frigorífico da cidade não recebe a produção local, mas traz de fora da região, prejudicando os produtores locais.
Por telefone, Daniel Soares, coordenador da Divisão de Vigilância Sanitária de Marabá, informou que falará sobre o assunto mais tarde, pois ele se encontra fora do município de Marabá. Antecipou que a Divisa tem todo interesse em prestar as informações necessárias para os feirantes. (Chagas Filho)