O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), afirmou nesta sexta-feira (13) que a retomada dos repasses do Fundo Amazônia deve ser anunciada “nos próximos dias”. Barbalho falou com a imprensa após uma reunião em Brasília entre governadores da região Norte e embaixadores de Alemanha, Noruega e Reino Unido. O encontro foi na embaixada norueguesa.
Segundo Barbalho, os países que contribuem com o fundo estão finalizando as negociações com o Ministério do Meio Ambiente para anunciar a retomada. Noruega e Alemanha, principais financiadores do fundo, suspenderam os repasses em agosto, após a crise das queimadas na floresta e discordâncias com a política ambiental do governo Jair Bolsonaro.
“O recurso está garantido. A ideia é fortalecer o fundo apenas respeitando eventuais ajustes que o governo federal queira fazer”, disse Barbalho.
Leia mais:“Está colocado é que estão em conclusão de diálogo com o Ministério do Meio Ambiente para que seja anunciado nos próximos dias a retomada do Fundo Amazônia”, completou o governador.
Barbalho ainda afirmou que Noruega, Alemanha e Reino Unido manifestaram interesse em continuar com as parcerias para a preservação da Amazônia.
“Os países que fomentam o fundo sinalizaram que desejam prosseguir financiando e estão dialogando com o governo federal para que haja a liberação desses recursos”, disse Barbalho.
Estiveram presentes ao encontro também representantes dos governos de Amapá, Roraima, Amazonas, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia e Acre (países que formam a Amazônia Legal).
Na chegada à embaixada norueguesa, o embaixador britânico, Vijay Rangarajan, disse que a Amazônia é de total soberania do Brasil, mas que as questões ambientais têm importância mundial.
Para a tarde, está prevista uma reunião dos governadores na embaixada da França.
Fundo paralelo com estados
Após a reunião, os governadores informaram que apresentaram a ideia de criar com a comunidade internacional um fundo de preservação administrado diretamente pelos estados que compõem o Consórcio da Amazônia Legal.
“O que eu propus é que pudesse ser criado no âmbito do consórcio da Amazônia Legal um fundo que também pudesse ajudar nesse processo de preservação”, disse o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
Segundo Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, o novo fundo conviveria com o Fundo Amazônia.
“Pode manter o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, com a interveniência do governo federal, financiando projetos para ONGs, para os estados na Amazônia. Mas também apresentamos essa alternativa do consórcio”, afirmou Góes, que preside o consórcio.
Quando a Alemanha anunciou suspensão dos repasses, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil não precisava do dinheiro daquele país para preservar a Amazônia.
Questionado sobre o corte do investimento alemão, Bolsonaro afirmou que a Alemanha estava tentando “comprar” a Amazônia.
“Investir? Ela não vai comprar a Amazônia. Vai deixar de comprar a prestação a Amazônia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso”, disse o presidente na ocasião.
Créditos de carbono
Barbalho também afirmou que há interesse internacional em alugar crédito de carbono de propriedades privadas na região Amazônica. Segundo o governador, a proposta é que empresas internacionais paguem para que as áreas sejam preservadas.
O mercado de crédito de carbono funciona a partir de acordos entre empresas e governos de países. Em vez de tomar medidas para efetivamente diminuir as emissões de carbono, empresas podem compensar o que têm emitido comprando créditos dos países que reduziram emissões.
“Esses países estão dispostos a construir com as unidades particulares na Amazônia a possibilidade de aluguel internacional, no sentido de empresas particulares estarem dispostas a alugarem áreas que possam servir de crédito de carbono”, disse o governador.
Segundo Barbalho, há atualmente 23 mil hectares de propriedade privada preservados na Amazônia. Segundo ele, os proprietários precisam ser remunerados para manter a floresta.
“Só vamos conseguir fazer esse estoque de floresta não ser desmatado se nós efetivamente transformarmos isso em uma alternativa econômica. Precisa do interesse de uma parte para financiar o proprietário rural na nossa região”, concluiu Barbalho. (Fonte:G1)