Correio de Carajás

Helder anuncia retomada de repasses ao Fundo Amazônia

Retomada de repasses ao Fundo Amazônia deve ser anunciada nos próximos dias

Atualização 14 de setembro de 2019 por Redação

O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), afirmou nesta sexta-feira (13) que a retomada dos repasses do Fundo Amazônia deve ser anunciada “nos próximos dias”. Barbalho falou com a imprensa após uma reunião em Brasília entre governadores da região Norte e embaixadores de Alemanha, Noruega e Reino Unido. O encontro foi na embaixada norueguesa.

Segundo Barbalho, os países que contribuem com o fundo estão finalizando as negociações com o Ministério do Meio Ambiente para anunciar a retomada. Noruega e Alemanha, principais financiadores do fundo, suspenderam os repasses em agosto, após a crise das queimadas na floresta e discordâncias com a política ambiental do governo Jair Bolsonaro.

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“O recurso está garantido. A ideia é fortalecer o fundo apenas respeitando eventuais ajustes que o governo federal queira fazer”, disse Barbalho.

“Está colocado é que estão em conclusão de diálogo com o Ministério do Meio Ambiente para que seja anunciado nos próximos dias a retomada do Fundo Amazônia”, completou o governador.

Barbalho ainda afirmou que Noruega, Alemanha e Reino Unido manifestaram interesse em continuar com as parcerias para a preservação da Amazônia.

“Os países que fomentam o fundo sinalizaram que desejam prosseguir financiando e estão dialogando com o governo federal para que haja a liberação desses recursos”, disse Barbalho.

Estiveram presentes ao encontro também representantes dos governos de Amapá, Roraima, Amazonas, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia e Acre (países que formam a Amazônia Legal).

Na chegada à embaixada norueguesa, o embaixador britânico, Vijay Rangarajan, disse que a Amazônia é de total soberania do Brasil, mas que as questões ambientais têm importância mundial.

Para a tarde, está prevista uma reunião dos governadores na embaixada da França.

Fundo paralelo com estados

O governador de Amazonas, Wilson Lima (PSC), falou com a imprensa após reunião em Brasília com governadores da Amazônia e embaixadores de Inglaterra, Noruega e Alemanha — Foto: Pedro Gomes/G1
O governador de Amazonas, Wilson Lima (PSC), falou com a imprensa após reunião em Brasília com governadores da Amazônia e embaixadores de Inglaterra, Noruega e Alemanha — Foto: Pedro Gomes/G1

Após a reunião, os governadores informaram que apresentaram a ideia de criar com a comunidade internacional um fundo de preservação administrado diretamente pelos estados que compõem o Consórcio da Amazônia Legal.

“O que eu propus é que pudesse ser criado no âmbito do consórcio da Amazônia Legal um fundo que também pudesse ajudar nesse processo de preservação”, disse o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).

Segundo Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, o novo fundo conviveria com o Fundo Amazônia.

“Pode manter o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, com a interveniência do governo federal, financiando projetos para ONGs, para os estados na Amazônia. Mas também apresentamos essa alternativa do consórcio”, afirmou Góes, que preside o consórcio.

Quando a Alemanha anunciou suspensão dos repasses, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil não precisava do dinheiro daquele país para preservar a Amazônia.

Questionado sobre o corte do investimento alemão, Bolsonaro afirmou que a Alemanha estava tentando “comprar” a Amazônia.

“Investir? Ela não vai comprar a Amazônia. Vai deixar de comprar a prestação a Amazônia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso”, disse o presidente na ocasião.

Créditos de carbono

Barbalho também afirmou que há interesse internacional em alugar crédito de carbono de propriedades privadas na região Amazônica. Segundo o governador, a proposta é que empresas internacionais paguem para que as áreas sejam preservadas.

O mercado de crédito de carbono funciona a partir de acordos entre empresas e governos de países. Em vez de tomar medidas para efetivamente diminuir as emissões de carbono, empresas podem compensar o que têm emitido comprando créditos dos países que reduziram emissões.

“Esses países estão dispostos a construir com as unidades particulares na Amazônia a possibilidade de aluguel internacional, no sentido de empresas particulares estarem dispostas a alugarem áreas que possam servir de crédito de carbono”, disse o governador.

Segundo Barbalho, há atualmente 23 mil hectares de propriedade privada preservados na Amazônia. Segundo ele, os proprietários precisam ser remunerados para manter a floresta.

“Só vamos conseguir fazer esse estoque de floresta não ser desmatado se nós efetivamente transformarmos isso em uma alternativa econômica. Precisa do interesse de uma parte para financiar o proprietário rural na nossa região”, concluiu Barbalho. (Fonte:G1)