O Policial Militar Heleno Arnaud Carmo de Lima, o Cabo Leno, começou a ser julgado na manhã desta quinta-feira (29) na sede da Justiça Militar, em Belém. De acordo com a Justiça, ele é acusado de chefiar uma milícia no bairro da Pedreira e de participar da chacina que matou 27 pessoas na região metropolitana de Belém. Ainda não há previsão para o término do julgamento.
A chacina ocorreu 11 bairros de Belém, Icoaraci, Marituba e Ananindeua. O Ministério Público do Pará, por meio da 2ª promotoria de Justiça Militar, denunciou seis policiais militares, entre eles, um subtenente, dois soldados e três cabos da PM.
De acordo com a Promotoria Militar, em caso de condenação, o réu poderá ser preso e expulso da corporação. Porém, a retirada do Cabo do quadro de agentes da polícia militar ainda depende de um processo instaurado na corregedoria da instituição.
Leia mais:“Segundo as investigações, o Cabo Leno era o líder de um grupo de milicianos. Eles praticavam vários crimes, como homicídio e extorsão. Diante disso a Promotoria Militar e a Policia Civil passaram a investigar as denúncias”, explicou o promotor militar Armando Brasil.
O militar chegou a ser preso em uma operação, junto com outras 14 pessoas, entre elas sete policiais, e estava em liberdade condicionada ao uso de tornozeleira, que foi revogada a pedido da Corregedoria de Polícia Militar.
Cabo Leno foi preso novamente em janeiro deste ano. A Justiça Militar identificou novas evidências de que ele teria voltado às práticas criminosas, em grupos de extermínio, além de ameaças indiretas a agentes públicos. De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), um vídeo do preso afirmando que iria aterrorizar Belém circula nas redes sociais.
Grupo criminoso
De acordo com a denúncia do promotor Armando Brasil, os seis policiais, liderados pelo Cabo PM Heleno Arnaud Carmo de Lima, eram parte de uma organização que orquestrava e executava crimes, “em total afronta ao Estado Constitucional e Democrático de Direito”.
A investigação aponta a participação dos denunciados em milícia e homicídio. Além do Cabo Leno, foram denunciados os cabos Romero Guedes Lima e Wesley Favacho Chagas, o subtenente Marcos Antônio dos Santos Cardoso, e os soldados Reutman Coelho Spindola e Michel Megaron Nascimento.
Foram 30 dias de monitoramento das conversas telefônicas e de aplicativos em cumprimento a mandados de quebra de sigilo e interceptação telefônica. As provas materiais e testemunhos que indicam que o grupo colaborava com criminosos para a prática de arrombamentos, faziam ameaças de mortes e intimidações em troca de vantagem econômica, e praticavam furtos a residências. Além disso, nos áudio, eles falavam claramente sobre “matanças” e, por isso, a Justiça militar pediu a prisão preventiva deles.
(Fonte:G1)