O custo financeiro ainda é um dos principais motivos de restrição para a busca da psicoterapia, além dos “tabus” com relação à saúde mental e a falta de incentivo e esclarecimento sobre o tema. Em alusão ao dia do psicólogo, comemorado na última segunda-feira (27), uma equipe de profissionais e estudantes voluntários da área decidiram criar um “consultório” a céu aberto na Praça São Félix de Valois, na Velha Marabá.
Dessa forma, foram oferecidas escutas terapêuticas e aconselhamentos à população, que iniciaram às 16 horas e seguiram até as 18h30. Os atendimentos ocorreram por ordem de chegada, a partir de senhas distribuídas pelos próprios profissionais. Quinze psicólogos realizaram os acolhimentos, além dos estudantes de Psicologia da Faculdade Pitágoras, que acompanhavam atentamente as assistências.
De acordo com a psicóloga, professora e uma das organizadoras da ação, Tábata Veloso, o evento foi uma iniciativa dos profissionais de Marabá que perceberam a demanda dos moradores da região e a necessidade de se falar sobre saúde mental. “Vimos o quanto essas pessoas estão precisando desse acolhimento, atendimento especializado e não possuem esse encontro nos órgãos públicos”, explicou ao CORREIO.
Leia mais:Segundo Tábata, iniciativas realizadas em outras cidades do Brasil, como em São Paulo, inspiraram o projeto de Marabá. “Colocamos essa ideia para o grupo e eles acataram prontamente. Então, foi crescendo essa demanda, a vontade fazer e a gente tá aqui hoje”, replicou.
Suicídios em Marabá
Questionada pela Reportagem a respeito dos muitos casos de tentativas de suicídios em Marabá, a psicóloga afirmou que o assunto gerou preocupação nos profissionais e somou para a realização da ação. “Isso inclusive foi uma demanda que inspirou também o nosso trabalho. Participei de uma reunião do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), do pessoal da saúde mental da cidade, que teve a iniciativa de chamar todos os líderes religiosos para falar sobre suicídio, achei muito interessante”, respondeu.
O estudante do 2º período de Psicologia da Faculdade Pitágoras, Francisco Olten Gouveia Porto Neto, afirma que oferecer esse tipo de assistência para a comunidade faz parte do dever do psicólogo. “Estamos prestando um trabalho comunitário, esse serviço que é nosso papel. Acalentar, receber as pessoas, ouvi-las, esse é nosso trabalho. Não de forma hipócrita, mas sim para fazer com que a comunidade enxergue a necessidade do papel do papel do psicólogo na sociedade”, afirmou o estudante.
(Karine Sued)