Fotógrafo com oito anos de profissão, além de produtor cultural, Felipe Borges era um dos vários profissionais que cobriam o 37º Círio de Marabá. A diferença é que ele estava no evento com uma missão própria: a ideia de captar a emoção dos romeiros, a expressão mais aguda da fé para uma mostra de imagens do Círio. O resultado final vai reunir registros de Marabá e de outras romarias em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré no interior do Pará. Entrevistado pelo CORREIO após divulgar algumas das imagens, Felipe revela ter perdido a que seria mais expressiva, na sua opinião. “Me emocionei na hora e isso me desconcentrou”, assume.
Atuante na área de fotojornalismo e foto documental, Felipe Borges tem larga experiência na cobertura de grandes eventos na região. Círio, como o de Parauapebas, onde ele residia até bem pouco tempo, foram vários anos cobrindo, porém o de Marabá foi a primeira oportunidade em 2017. Ele diz que já sabia que a procissão reunia uma multidão, mas que nada se compara a ver de perto essa manifestação religiosa.
“É uma outra visão (o Círio de Marabá). A emoção é diferente, a grandiosidade também. O fato de serem praticamente 40 anos de Círio, confere uma identidade maior, uma tradição. As pessoas saem das cidades vizinhas e vêm para cá. Isso agrega muito, cada romeiro tem a sua particularidade, seu momento de fé. São pessoas que vêm agradecer uma dádiva, mas ao mesmo tempo já estão fazendo um novo pedido para a santa. Transmitir isso para uma fotografia é que é o desafio”.
Leia mais:Também chama a atenção do profissional a extensão do trajeto da caminhada, de mais de sete quilômetros desde a Catedral na Marabá Pioneira até o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, na Folha 16. “Sem falar da emoção que é para as pessoas puxarem a corda”, destaca.
Com sua técnica de trabalho, Felipe tinha um planejamento da atividade naquele domingo, com início, meio e fim, mas reconhece na entrevista que o desenrolar dos acontecimentos mudou tudo, e o colocou frente a frente com detalhes que não tinha imaginado e que eram ainda mais significativos do que previa. “Comecei a enxergar a grandiosidade, vi que não dava para sair na frente e ficar postado em tal rua para aguardar, pois eu ia perder muitos momentos”, narra sobre o fato de ter transitado entre os fieis e conversado com eles para entender suas histórias.
Outro fator que o fotógrafo considera fundamental para o resultado que alcançou diz respeito a não ser de Marabá e ter participado pela primeira vez da romaria. Com isso, teve oportunidade de lançar um olhar diferente sobre o evento. “Eu fiquei maravilhado, como com certeza muitos outros que participam pela primeira vez ficam”, destaca e complementa: “De todos os círios que já participei, nenhum supera o de Marabá em devoção de fato. Os romeiros daqui têm uma emoção muito forte e que não podemos dimensionar”.
INDIVIDUALIZAR
Felipe Borges, ao ir para o meio dos fieis, quis encontrar histórias de devoção. Sua foto preferida ilustra um romeiro agarrado à corda. A imagem de um homem maduro, rosto sofrido, pessoa do povo. “O personagem é o senhor Kim. Ele é da comunidade Jesus Misericordioso, da Paróquia São José Operário, em Marabá. Todos os anos ele vai na corda. Ele me conta que ao puxar a corda está representando a sua família, agradecendo. Você vê que por trás daquele romeiro tem uma história, desde a mais simples à da pessoa que foi curada de um câncer. Cabe a cada um interpretar esse momento”.
Também chamou atenção uma senhora de 70 anos que sempre participou do Círio e tinha o sonho de fazer a caminhada agarrada à corda o que ela só fez de fato este ano. Segundo o fotógrafo, ela disse que pensava na corda como algo muito disputado, como realmente é, mas que as demais pessoas respeitaram o fato dela ser idosa e a ajudaram.
Outra passagem que chamou a atenção do profissional foi o envolvimento de quem se dedica aos cuidados com os romeiros, como as pessoas que distribuem água, suco e lanches ao longo do trajeto. “É fantástico ver essa ajuda que vem de outros fieis, de grupos como os meninos da Ordem Demolay distribuindo água, com uma alegria contagiante, o trabalho dos policiais. É muito gratificante de ver”.
A imagem que poderia ter sido a mais simbólica de todas, no entanto, Felipe Borges considera ter perdido. Aconteceu no altar que é montado pelas pessoas da comunidade Sagrado Coração de Jesus, na VP-7 da Nova Marabá. Ali, a berlinda passou sob chuva de papel picado e cânticos de homenagem. O fotógrafo disse que por um instante se emocionou a ponto de se desconcentrar. Com isso acabou não se movimentando para o ângulo que tecnicamente seria o mais favorável para o registro.
“Eu estou no chão, com a berlinda ao lado. E eu estava muito emocionado. Eu deveria estar do outro lado da multidão. Foi um dos momentos mais emocionantes para mim aquela homenagem, pois eu também sou católico. Ali estava o Felipe ser humano também, não apenas o profissional”, reconhece.
Entenda
O registro de Marabá, junto a outros captados este ano, em procissões do Círio, será reunido em uma mostra fotográfica. Não há uma data limite para ter o material pronto.
(Patrick Roberto)
Fotógrafo com oito anos de profissão, além de produtor cultural, Felipe Borges era um dos vários profissionais que cobriam o 37º Círio de Marabá. A diferença é que ele estava no evento com uma missão própria: a ideia de captar a emoção dos romeiros, a expressão mais aguda da fé para uma mostra de imagens do Círio. O resultado final vai reunir registros de Marabá e de outras romarias em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré no interior do Pará. Entrevistado pelo CORREIO após divulgar algumas das imagens, Felipe revela ter perdido a que seria mais expressiva, na sua opinião. “Me emocionei na hora e isso me desconcentrou”, assume.
Atuante na área de fotojornalismo e foto documental, Felipe Borges tem larga experiência na cobertura de grandes eventos na região. Círio, como o de Parauapebas, onde ele residia até bem pouco tempo, foram vários anos cobrindo, porém o de Marabá foi a primeira oportunidade em 2017. Ele diz que já sabia que a procissão reunia uma multidão, mas que nada se compara a ver de perto essa manifestação religiosa.
“É uma outra visão (o Círio de Marabá). A emoção é diferente, a grandiosidade também. O fato de serem praticamente 40 anos de Círio, confere uma identidade maior, uma tradição. As pessoas saem das cidades vizinhas e vêm para cá. Isso agrega muito, cada romeiro tem a sua particularidade, seu momento de fé. São pessoas que vêm agradecer uma dádiva, mas ao mesmo tempo já estão fazendo um novo pedido para a santa. Transmitir isso para uma fotografia é que é o desafio”.
Também chama a atenção do profissional a extensão do trajeto da caminhada, de mais de sete quilômetros desde a Catedral na Marabá Pioneira até o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, na Folha 16. “Sem falar da emoção que é para as pessoas puxarem a corda”, destaca.
Com sua técnica de trabalho, Felipe tinha um planejamento da atividade naquele domingo, com início, meio e fim, mas reconhece na entrevista que o desenrolar dos acontecimentos mudou tudo, e o colocou frente a frente com detalhes que não tinha imaginado e que eram ainda mais significativos do que previa. “Comecei a enxergar a grandiosidade, vi que não dava para sair na frente e ficar postado em tal rua para aguardar, pois eu ia perder muitos momentos”, narra sobre o fato de ter transitado entre os fieis e conversado com eles para entender suas histórias.
Outro fator que o fotógrafo considera fundamental para o resultado que alcançou diz respeito a não ser de Marabá e ter participado pela primeira vez da romaria. Com isso, teve oportunidade de lançar um olhar diferente sobre o evento. “Eu fiquei maravilhado, como com certeza muitos outros que participam pela primeira vez ficam”, destaca e complementa: “De todos os círios que já participei, nenhum supera o de Marabá em devoção de fato. Os romeiros daqui têm uma emoção muito forte e que não podemos dimensionar”.
INDIVIDUALIZAR
Felipe Borges, ao ir para o meio dos fieis, quis encontrar histórias de devoção. Sua foto preferida ilustra um romeiro agarrado à corda. A imagem de um homem maduro, rosto sofrido, pessoa do povo. “O personagem é o senhor Kim. Ele é da comunidade Jesus Misericordioso, da Paróquia São José Operário, em Marabá. Todos os anos ele vai na corda. Ele me conta que ao puxar a corda está representando a sua família, agradecendo. Você vê que por trás daquele romeiro tem uma história, desde a mais simples à da pessoa que foi curada de um câncer. Cabe a cada um interpretar esse momento”.
Também chamou atenção uma senhora de 70 anos que sempre participou do Círio e tinha o sonho de fazer a caminhada agarrada à corda o que ela só fez de fato este ano. Segundo o fotógrafo, ela disse que pensava na corda como algo muito disputado, como realmente é, mas que as demais pessoas respeitaram o fato dela ser idosa e a ajudaram.
Outra passagem que chamou a atenção do profissional foi o envolvimento de quem se dedica aos cuidados com os romeiros, como as pessoas que distribuem água, suco e lanches ao longo do trajeto. “É fantástico ver essa ajuda que vem de outros fieis, de grupos como os meninos da Ordem Demolay distribuindo água, com uma alegria contagiante, o trabalho dos policiais. É muito gratificante de ver”.
A imagem que poderia ter sido a mais simbólica de todas, no entanto, Felipe Borges considera ter perdido. Aconteceu no altar que é montado pelas pessoas da comunidade Sagrado Coração de Jesus, na VP-7 da Nova Marabá. Ali, a berlinda passou sob chuva de papel picado e cânticos de homenagem. O fotógrafo disse que por um instante se emocionou a ponto de se desconcentrar. Com isso acabou não se movimentando para o ângulo que tecnicamente seria o mais favorável para o registro.
“Eu estou no chão, com a berlinda ao lado. E eu estava muito emocionado. Eu deveria estar do outro lado da multidão. Foi um dos momentos mais emocionantes para mim aquela homenagem, pois eu também sou católico. Ali estava o Felipe ser humano também, não apenas o profissional”, reconhece.
Entenda
O registro de Marabá, junto a outros captados este ano, em procissões do Círio, será reunido em uma mostra fotográfica. Não há uma data limite para ter o material pronto.
(Patrick Roberto)