Com o desemprego e a queda do poder aquisitivo de muitas famílias no País, realidade que piora a cada dia, muitas pessoas madrugam em busca da subsistência. No meio desse exército, que vive com poucos reais diariamente, estão os ‘caçadores’ de sucatas.
São pessoas que nos primeiros raios de sol saem às ruas minerando materiais que contenham ferro, alumínio e cobre. Material que é descartado em terrenos baldios e pelas ruas da cidade.
Em Parauapebas, no sudeste do Pará, o material coletado é vendido em depósitos de sucatas, espalhados nos bairros da cidade. A média do preço do quilo desse material é de R$ 0,30. Para conseguir comprar ao menos um prato de comida, os catadores se esforçam para conseguir o máximo de material possível, transportado em carroças ou carrinhos de mão.
Leia mais:Esse cenário triste do País tem na linha de frente boa parte de idosos, que após uma vida toda de trabalho, não consegue viver com a aposentadoria que recebe. Para completar a renda, os idosos buscam trabalhos autônomos, como vender frutas e verduras pelas ruas da cidade e catar sucata.
Essa realidade árdua é enfrentada diariamente por Ireno Gomes Pereira, de 71 anos. Ele acorda cedo todos os dias e sai pelas ruas de Parauapebas catando ferro velho, latinhas e outros materiais que tenham ferro, cobre e alumínio.
Ireno é aposentado, recebe um salário mínimo por mês, valor que não supre a despesa que tem, como a compra de remédios e alimentação dele e dos netos que moram com ele. Sem outra alternativa, ele tira das sucatas que coleta o complemento da renda.
“Eu vasculho terrenos baldios e o lixo descartado pelas ruas. Sempre há material para aproveitar. O que é lixo para uns é fonte de renda para outros”, diz ele.
Ireno conta que consegue faturar uma média de R$ 30,00 por dia, sendo que R$ 10,00 é para o combustível da moto que usa, com uma carrocinha, para carregar o material, e outros R$ 20,00 s para comprar comida para ele e os netos.
“A aposentadoria é pouca e não dá para viver. Por isso, tenho que me virar para comer e alimentar meus netos”, ressalta o ancião, que afirma vender o material que coleta para uma sucataria que leva esse material para uma guseira de Marabá.
“Até o ano passado o valor do quilo da sucata era maior, mas este ano as coisas estão piores e o valor é de R$ 0,30. Não é uma vida fácil. A gente labuta de sol a sol, mas precisamos sobreviver”, declara o aposentado, que observa que o trabalho dele e de outros que vivem de sucata ajuda a limpar a cidade.
“A gente colabora com a limpeza porque esse material, que geralmente não é coletado pelo serviço de limpeza da cidade, principalmente o jogado em terrenos baldios, a gente retira. É um trabalho sofrido, mas é o que nos resta, nessa fase da vida, para ganhar uns trocados para sobreviver”, finaliza Ireno. (Tina Santos – com a colaboração de Ronaldo Modesto)