A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu, nesta segunda-feira (15/7), que os alimentos industrializados para bebês contêm, com frequência, excesso de açúcar e rótulos que geram confusão. “Em quase metade dos produtos examinados mais de 30% das calorias eram de açúcares totais e um terço dos produtos continham açúcar adicionado ou outros agentes adoçantes”, destacou o departamento europeu da OMS.
O estudo examinou quase 8.000 produtos de mais de 500 lojas de Viena (Áustria), Sofia (Bulgária), Haifa (Israel) e Budapeste (Hungria) de novembro de 2017 a janeiro de 2018. Um consumo elevado de açúcar pode aumentar o risco de sobrepeso e de cáries, assim como uma exposição precoce aos produtos açucarados pode criar uma preferência nociva por estes alimentos para o resto da vida, alerta a OMS.
“Uma boa nutrição durante o período neonatal e a infância é essencial para assegurar ótimos crescimento e desenvolvimento da criança, e uma saúde melhor mais tarde em sua vida”, recorda a diretora regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab, citada em um comunicado.
Em 2018, a instituição fez um alerta contra o avanço da obesidade e do sobrepeso entre os europeus, que ameaça inverter a tendência do aumento da expectativa de vida. Consumir bebidas açucaradas, incluindo sucos de frutas, provoca uma tendência a abandonar os alimentos mais ricos em nutrientes.
Um terço dos produtos examinados continham açúcar, suco de frutas concentrados ou outros adoçantes em sua composição, ingredientes que não deveriam ser adicionados aos alimentos para crianças. Entre 18% e 57% dos produtos continham mais de 30% de calorias procedentes de açúcares, lamenta a OMS.
O departamento europeu da organização, que vai do Atlântico até o Pacífico, inclui 53 países tão heterogêneos como Rússia e Andorra, Alemanha e Tadjiquistão.
Até 60% de rótulos enganosos
O estudo mostra ainda que entre 28% e 60% dos alimentos considerados inapropriados pela OMS tinham rótulos como aptos para bebês de menos de seis meses. “A OMS recomenda que os lactantes se alimentem exclusivamente com leite materno durante os seis primeiros meses de vida e, portanto, nenhum alimento deve ser comercializado como adequado para crianças com menos de seis meses”, destaca o informe.
Para estimular os países membros a adotar novas diretrizes, a OMS atualizou suas recomendações. A organização deseja acabar com a promoção de substitutos do leite materno e recomenda que a alimentação de crianças entre seis meses e dois anos tenham como base os alimentos ricos em nutrientes, preparados em casa.
Todos os açúcares adicionados e adoçantes também devem ser eliminados dos alimentos para bebês. Os rótulos das bebidas açucaradas, em particular os sucos de frutas e o leite concentrado, e de produtos de confeitaria deveriam indicar que estes alimentos não são adequados para crianças com menos de três anos. (Correio Brasiliense)