A tarde de ontem (26) foi movimentada na Vila Canaã, mais conhecida como “Vila do Rato”, periferia na Marabá Pioneira, onde a Policia Civil, com apoio da Militar, do canil da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), deflagrou a “Operação Redimo”.
Durante a operação foram apreendidos dois quilos de maconha, que estava escondida em área de mata, nas margens do rio Itacaiúnas. Um homem chegou a ser detido, mas acabou liberado logo em seguida.
Participaram da ação 40 policiais civis, 50 militares, três agentes do canil da Guarda Municipal com cão farejador, três bombeiros com uma unidade de resgate, um helicóptero tripulado por três policiais do Graesp.
Leia mais:Segundo o delegado Thiago Carneiro, superintendente regional de Polícia Civil, que chefiou as ações, o objetivo da operação era cumprir sete mandados de busca e apreensão em supostos pontos de venda de substância entorpecente. “Os agentes de segurança realizaram um verdadeiro cerco no mencionado local, que sofre severos problemas relacionados ao tráfico de drogas na região”, declarou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, as ações da Polícia naquela área, considerada conflituosa, não vão acabar por aqui, outras incursões mais repressivas ainda serão realizadas. “Queremos trazer paz para cá”, resume o delegado, ao orientar os moradores do bairro a denunciar a ação dos criminosos, por meio do Disque Denúncia, onde o anonimato é garantido.
Também ouvido pelo jornal CORREIO, o coronel Dayvid Sarah Lima, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), confirmou que sua corporação envidou todos os esforços para fazer o cerco da área, sobretudo com o Grupamento Aéreo e também as motocicletas, que garantem maior mobilidade pelas vielas que existem entre a rua principal do bairro e a beira do rio.
“É muito importante esse tipo de ação planejada”, enaltece o oficial da PM, ressaltando que a data de ontem foi simbólica para a operação, pois o dia 26 de junho é lembrado como “Dia Internacional de Combate às Drogas”, definida em Assembleia Geral da ONU através da Resolução 42/112 de 7 de dezembro de 1987.
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“Redimo” significa “adquirir de novo, conseguir a libertação de si, tirar do perigo”, sendo essa a ideia central da operação: proteger os cidadãos de bem que vivem naquela região carente, que sofre com a violenta e as adversidades que circundam o tráfico de drogas.
Opinião: A Vila do Rato pede socorro
Para quem não conhece, a Vila Canaã, popular Vila do Rato, é uma extensão da Avenida Getúlio Vargas, segunda rua mais importante do coração da Marabá Pioneira, que tem nos seus extremos os rios Tocantins e Itacaiúnas. Esse bairro é uma espécie de apêndice da ilha chamada Velha Marabá, que destoa da visão romântica que se tem daquele núcleo habitacional.
Ali, grassa a violência, geralmente ligada ao tráfico de drogas, problema que não ocorre apenas ali, mas também noutras bordas da Marabá Pioneira, como a Casas Populares, Cabelo Seco, Santa Rosa, Canela Fina. São locais onde a população se vê obrigada a conviver com o tráfico, os assaltos e a morte.
Mas, voltando à Vila do Rato, bairro que simboliza todo esse cenário distópico, é preciso dizer que a Polícia está corretíssima em promover ações como a de ontem. Mas, por mais que ações como estas sejam importantes, porque dão sossego momentâneo à população de bem que vive no bairro, os governos precisam avançar mais e em frentes diferentes.
Dificilmente as autoridades públicas aparecem naquele bairro sem ser pelo viés da segurança pública. São escassas – para não dizer inexistentes – as ações em áreas como saúde, lazer e educação. Nesse quesito, governo federal, Estado e município estão devendo por não serem capazes de decifrar a linguagem da violência na Vila do Rato. O tráfico, o roubo, os assassinatos não são uma mera demonstração de afronta ao poder público; são, na verdade, um grito de socorro. (Chagas Filho com informações de Evangelista Rocha)