Neste sábado, 22 de junho, milhares de pessoas devem ir à arena montada pela Prefeitura de Marabá no Largo da Santa Rosa, em frete à Orla do Rio Tocantins, para acompanhar o desfile “relâmpago” de apresentação e abertura do 34º Festejo Junino de Marabá. O palco será de despedida da quadrilha que mais vezes foi campeã do evento e que sempre esteve na vanguarda dessa festa, que é a mais longa e que mais reúne público em um só lugar.
Em entrevista ao CORREIO, Cláudio Roberto, coordenador e um dos fundadores da quadrilha Explode Coração, conta que a despedida foi planejada ano passado, e que os membros mais tradicionais sugeriram que deixassem para encerrar as atividades em 2019, quando a junina completa 20 anos de atuação.
“Decidimos que chega. Os membros mais antigos chegaram a essa conclusão e eu também, como coordenador, estou colocando um ponto final aqui. Todo o esforço que fiz em 20 anos teve uma recompensa. Mas a gente sabe que não é fácil fazer cultura, não apenas em Marabá, mas no Brasil de uma forma geral. Isso começou a pesar na minha vida pessoal. Passei a adquirir dívidas e embora a gente tenha crédito na praça, isso não é saudável. O custo ficou muito alto”, desabafa Cláudio Roberto.
Leia mais:Cláudio também é presidente da Liga Cultural de Marabá, que coordena o Festejo Junino, diz que um dos grandes avanços do evento este ano é que o número de quadrilhas mirins aumentou surpreendentemente, passando de duas em 2018 para sete este ano.
Na categoria A Adulto competirão dez grupos, seis na Categoria B e ainda cinco bois-bumbás. “Crescemos na quantidade de quadrilhas, mas lamentamos a perda este ano do boi-bumbá Senador, que não vai se apresentar por falta de recursos. Ele era um importante representante dos Bairros Araguaia e Coca-Cola”.
Ele lamenta a demora da Secretaria de Cultura em começar a discutir o apoio ao Festejo Junino, abrindo o diálogo somente depois das celebrações do aniversário de Marabá, no final de abril. “Estamos falando do maior festejo junino do Estado do Pará e o maior evento cultural de Marabá. Evoluímos bastante nos últimos anos, mas temos certeza que podemos crescer muito mais”, avalia.
DÍVIDAS AO FINAL DA FESTA
Questionado se seria preciso a Prefeitura aumentar a cota de ajuda de custo para os grupos juninos, a fim de evitar que eles se acabem e a festa fique esvaziada, Cláudio Roberto diz que seria necessário e “possível”. Sugere que a Prefeitura use estratégias de marketing com patrocinadores para colocar placas em locais estratégicos na arena e ainda no telão e no serviço de sonorização. Os recursos arrecadados seriam divididos entre as quadrilhas e bois-bumbás. “Temos uma arena bonita e que atrai cerca de 5 mil pessoas por noite. Vamos usar o marketing visual e audiovisual para fortalecer ainda mais esse evento. Falta esse trabalho de captação de recursos, para não ficarmos dependentes dos recursos da Prefeitura”, opina.
Cláudio observa que em 2019, a Prefeitura está injetando um pouco mais de R$ 270 mil no festejo, mas cerca de 50% apenas são repassados para os grupos, porque o restante é investido em decoração, premiação, pagamento do corpo de jurados, alimentação dos que trabalham no evento, entre outras pequenas despesas. “A Liga recebe o total, mas fica responsável por pagar essas outras despesas também”, esclarece.
Se o “bolo” dos R$ 270 mil fossem todos para os grupos, ainda assim só daria para bancar as despesas de seis dos dezenove que participam da festa popular. Ou seja, esse valor ainda é pequeno, segundo Cláudio Roberto.
Ele revela que no caso da Explode Coração, o custo geral fica em torno de R$ 70.000,00 e que o grupo recebe apenas R$ 8.000,00 da Liga Cultural. Para pagar o restante dos custos, a coordenação promove festas para arrecadar dinheiro, mas mesmo assim sempre ficam dívidas que vão sendo pagas ao longo do ano. E é exatamente isso que tem deixado os organizadores desmotivados. “A gente resolveu até mesmo mandar produzir as vestes em Fortaleza, porque sai mais barato. Temos crédito nas lojas de nossa cidade, que têm certeza que vamos pagar, mesmo parcelado”, revela, em tom de melancolia.
O tema da despedida da Explode Coração é “Vermelhou – na batida do meu coração”. E Cláudio observa que, diferentemente de Belém, as quadrilhas em Marabá utilizam música própria, como acontece nas melhores festas do gênero no País. “O Anderson Souza, nosso produtor, caprichou na música que vamos levar à arena esta semana”, diz.
Quem quiser acompanhar o desfile da Explode Coração deve ir à arena junina no dia 24, segunda-feira. Se passar para a final, volta a se apresentar no sábado seguinte. (Ulisses Pompeu)