Correio de Carajás

Escola de Marabá vence Prêmio de Empreendedorismo do Sebrae

A Escola de Ensino Fundamental Martinho Motta da Silveira, localizada na Folha 27, Nova Marabá, é a campeã da etapa estadual do 1º Prêmio de Educação Empreendedora, promovido pelo Sebrae. A diretora da escola, Cristina do Socorro Arcanjo da Silva, receberá a premiação nesta quarta-feira (19), em Belém.

A Martinho Motta venceu com o projeto “Escola Protagonista e Sustentável”, com um relato sobre o Plano de Ação Estratégica da instituição, que é uma das pioneiras no Núcleo Nova Marabá, com 42 anos de fundação. Atualmente, atende a modalidade de Ensino Fundamental de 6º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos.

Cristina Arcanjo foi a idealizadora do projeto. Ela revela que estava incomodada com a má fama que repercutia na comunidade a respeito do índice de indisciplina e insucesso dos estudantes nesta escola, bem como a possibilidade dela fechar em decorrência da redução gradativa do número de alunos, dada à rejeição da comunidade. “Foi nesta escola que cursei todo o Ensino Fundamental e manifestei, junto à Semed, o desejo de contribuir para a melhoria dos processos de gestão na Martinho Motta e tentar resgatar a credibilidade do trabalho dos educadores, além de propor ações que pudessem alicerçar os sonhos de vida dos estudantes”, explica ela, que assumiu o cargo de diretora em 2018.

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Para o projeto do Sebrae, a educadora fez um diagnóstico da real situação da instituição, com levantamento das causas de declínio, mostrando as problemáticas detectadas e o direcionamento de um Plano de Ação estratégica que visa resgatar sua credibilidade, a fim de evitar que tenha de fechar as portas e propor um diferencial aos estudantes. “Eles precisavam se reconhecer como protagonistas de seu processo de escolarização e projeto de vida, bem como se direcionarem para uma filosofia que vise à sustentabilidade planetária”, ressalta a diretora.

Segundo Cristina Arcanjo, a duração do plano é de três anos, tendo iniciado em 2018, trabalhando com os fatores que estavam afetando direta ou indiretamente o sucesso escolar e gerando a má fama da escola pela comunidade. No segundo ano (2019) está ocorrendo a implementação de medidas para o fortalecimento do currículo e consolidação das diretrizes apresentadas no primeiro ano. “Para 2020, o desafio é alcançar a plena fruição das diretrizes com vistas na concretização de uma realidade saudável e com identidade forte no processo educacional”.

Dentre as ações principais, foi iniciado o processo de resgate da participação da família na vida escolar dos filhos. “Os jovens estudantes, sem a intervenção dos responsáveis, sentiam-se livres, leves e soltos para aprontar, por julgarem que não tinham que prestar contas a ninguém. Uma das dificuldades iniciais para trazer a família para perto foi obter o contato deles, pois os jovens não transmitiam as convocatórias e a escola não dispunha de ficha funcional dos estudantes atualizada. A medida tomada foi condicionar a entrega do livro didático somente aos responsáveis, o que forçou este contato dos mesmos com a escola e permitiu, além da atualização dos dados, o diálogo sobre a reestruturação do Projeto Político Pedagógico e a proposta de trabalho da nova direção da escola”, recorda Cristina.

TRÁFICO DE DROGAS

A diretora revela que o maior desafio até agora foi intervir diante da suspeita de tráfico de drogas, extorsão e pequenos furtos. Os jovens envolvidos no primeiro e no segundo caso, aparentemente mantinham práticas escusas em suas vivências fora da escola, o que mobilizou desconhecidos a ficarem perambulando na porta da instituição, na tentativa de intimidar a nova gestão.

Quanto aos pequenos furtos, a direção observou que a situação cultivada era movida por suposta brincadeira e virou “cultura” na escola, tomando proporção tão séria que os estudantes precisavam andar com as mochilas para onde iam, para não serem alvo da “brincadeirinha”. A medida adotada, além do combate ostensivo, requer um trabalho de conscientização permanente e prolongada na tentativa de superar esta cultura danosa.

“O prêmio não para mim, mas para toda a comunidade escolar, envolvendo os colegas gestores, professores, pessoal de apoio e até os alunos, que estão caminhando conosco nessa transformação. Por hora, vencemos a etapa estadual, mas ainda faltam os resultados das etapas regional e nacional, que ocorrerão em julho e agosto respectivamente”, encerra a diretora Cristina Arcanjo. (Ulisses Pompeu)