Lembra dos brinquedos Lego, feitos com blocos para montar e construir uma estrutura? Pois é, a nova Ponte Rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá, terá uma tecnologia parecida, só que utilizando estrutura metálica. Foi o que detalharam técnicos da Vale durante reunião realizada nesta quinta-feira, 13, na Câmara Municipal de Marabá. Eles foram explicar aos vereadores o projeto que já foi concebido (ainda precisa de alguns ajustes) e a expectativa do início das obras.
A reunião aconteceu na Sala de Comissões da Câmara e pela Vale participaram Paulo Carreira, gerente de Engenharia da Vale; Jefferson Alvarenga, engenheiro da obra; Luiz Veloso, gerente de relacionamento institucional da Vale na região; e Saulo Lobo, analista de relacionamento institucional. Entre os vereadores, participaram Vereadores presentes: Ilker Moraes, Irismar Melo, Márcio do São Félix, Ray Athiê, Beto Miranda, Pastor Ronisteu, Priscila Veloso, Gilson Dias, Cristina Mutran, Nonato Dourado e Cabo Rodrigo.
Coube ao engenheiro Paulo Carreira fazer o detalhamento do projeto aos vereadores. Mesmo reticente em falar do assunto, ao ser indagado sobre o valor da obra, ele explicou que os valores não estão fechados porque alguns serviços ainda estão sendo dimensionados, mas que deve girar em torno de R$ 1,8 bilhão.
Leia mais:A solicitação de licenças ambientais, segundo ele, já foram protocoladas junto ao Ibama, que tem prazo para chancelar ou fazer considerações. Se tudo correr dentro do cronograma, a previsão é de que as obras iniciem em maio de 2020, com prazo de conclusão em 60 meses (cinco anos). Ou seja, a nova ponte poderá ficar pronta em 2024.
Com 2.365 metros de extensão, a nova ponte será toda metálica, com a parte rodoviária separada da ferroviária. As faixas de veículos terão 3,60 metros de comprimento, acostamento de 2,50 metros, 60 centímetros de faixa de segurança, passeio de 1,5 metro e plataforma total de 17,80 metros de largura. As duas pontes (rodoviária e ferroviária) serão iluminadas, haverá sistema de monitoramento por câmera durante 24 horas e será construída uma barreira entre a rodoviária e ferroviária.
A nova ponte ficará localizada a 300 metros a montante (acima) da ponte atual, e 250 metros a jusante (abaixo) do linhão de energia. Paulo Carreira garantiu que existem modelos de pontes metálicas semelhantes ao que será construído em Marabá em vários estados, entre os quais o Rio Grande do Sul.
CAMINHÃO SÓ EM UMA PONTE
Uma das novidades sugeridas pelos engenheiros da Vale e que foi elogiada pelos vereadores, é de que os caminhões sejam impedidos de passar pela ponte atual, tendo acesso apenas pela nova. Com isso, carros e ônibus continuariam seguindo pela estrutura já existente, o que ajudaria a evitar os enormes engarrafamentos que existem atualmente quando um caminhão quebra sobre a ponte, atualmente. “Toda a ponte será como brinquedos Lego (premoldada) e haverá um grande canteiro de pré-moldado na região. Esse trabalho de engenharia retira os trabalhadores da área da ponte, evitando a construção de blocos de concretos, como ocorreu na estrutura existente”, explica.
Ele garantiu que as duas pontes serão construídas ao mesmo tempo, conforme o compromisso da Vale com a comunidade marabaense, para evitar especulação de que a mineradora está preocupada apenas com a parte ferroviária.
Dentro do escopo do projeto, a construção para os acessos à nova ponte vai demandar uma logística que necessitará indenização de alguns imóveis, principalmente do lado do São Félix, mas os engenheiros da Vale não detalharam quantos, observando que o estudo de impacto social ainda está sendo realizado.
Os engenheiros da Vale garantiram que antes de iniciarem as obras, o órgão licenciador, que é o Ibama, deverá realizar audiências públicas para ouvir a comunidade e que a própria empresa pretende promover reuniões antecipadamente para apresentar o projeto à sociedade local.
TRÁFEGO DE EMBARCAÇÕES
Paulo relatou também a preocupação com o tráfego de veículos no Rio Tocantins, tanto com a demanda atual quanto com a futura, quando barcaças começarem a subir e descer o rio com a viabilidade da Hidrovia do Tocantins. “Contratamos uma empresa para realizar estudo e identificação que há muitos barcos na região. Eles entrevistaram barqueiros para descobrir por onde mais eles trafegam. Os chamados “Dolphins” serão construídos para garantir a segurança da ponte, principalmente a colisão de embarcações com carga pesada.
Saulo disse aos vereadores que a mesma apresentação do projeto foi feita ao prefeito Tião Miranda, depois para o DNIT, à Secretaria de Planejamento do Município, com a equipe do Plano Diretor e ao secretário de Urbanismo, além dos empresários ligados à ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá).
A nova ponte deverá consumir cerca de 25 mil toneladas de aço, no total, sendo 6 mil apenas para construção da parte do concreto e 18 mil para as vigas. Dois canteiros serão erguidos, um de cada lado do rio, sendo que um vai atender as embarcações na obra. A estrutura metálica será montada no canteiro e empurrada para cima dos pilares.
SEGURANÇA
Paulo Carreira garantiu que os usuários da parte rodoviária, ferroviária e fluvial estarão seguros, com instalação de dispositivos de segurança disponíveis. Haverá velocidade limite, faixas de segurança amplas, new jerseys para proteger pedestres e para pessoas não caírem no rio.
Ao final da apresentação, os engenheiros da Vale tiraram várias dúvidas dos vereadores, mas não responderam com precisão em relação à contratação de mão de obra, observando que em cada fase haverá quantidade diferente de pessoas trabalhando no empreendimento.
Pastor Ronisteu Araújo, por exemplo, questionou se o projeto da duplicação da rodovia BR-155, do governo federal, está alinhado com o da duplicação da ponte. Os engenheiros da Vale garantiram que um não atrapalhará o outro. (Ulisses Pompeu)