Completando 10 anos de existência no próximo dia 30 de maio, a Chácara Emaús coleciona histórias de superação de jovens e adultos, com idades entre 22 e 45 anos. O espaço acolhe homens que desejam livremente se recuperar de drogas, álcool e outros tipos de vícios. Coordenador do espaço, o padre Mário José Maestri conta que o centro de recuperação atualmente possui 18 pessoas em tratamento. Segundo ele, a concepção desse trabalho começou há anos, quando não aguentava mais ver as pessoas amanhecerem dormindo no vão sob a torre da Igreja de São Francisco de Assis, onde era pároco na época, em 2009.
Após visualizar cotidianamente a mesma cena, padre Mário decidiu então que era a hora de ajudá-las, mas havia um problema. Ele não sabia nem por onde começar, pois precisava de um local que pudesse abrigar todas aquelas pessoas, que, em sua maioria, possuíam baixa escolaridade. O sacerdote mal sabia que o sonho de abrigar essas pessoas com dignidade estava próximo.
Foi então que, conversando e externando sua vontade de possuir um espaço que pudesse receber os dependentes, o assunto chegou aos ouvidos do empresário Leonildo Rocha (in memoriam), então presidente do Grupo Leolar. Sabendo do sonho do padre, Léo, como era carinhosamente chamado pelo sacerdote, abraçou a ideia e comprou uma área que se encaixava no perfil desejado. O local até hoje é o mesmo: uma chácara, no Bairro Amapá, Núcleo Cidade Nova.
Leia mais:O início
Padre Mário conta que no início receberam a doação de 10 mil camisetas da Nokia, que foi a primeira ação que deu um retorno de custos para serem investidos na obra das instalações da chácara. Com o tempo, ele ampliou o espaço, construiu mais dois prédios e uma capela. Tudo com a ajuda de pessoas e doações.
Ainda hoje, o sacerdote afirma contar com a ajuda de pessoas que ele chama de “benfeitores”. Segundo ele, são pessoas que procuram o espaço espontaneamente para efetuarem as doações.
A chácara iniciou com 12 dependentes químicos e hoje possui 18. Segundo padre Mário, o local pode receber até 24 internos. Um número pequeno, mas o suficiente para que a instituição, dentro de suas possibilidades, possa oferecer conforto, boa alimentação e qualidade de vida, a fim de ajudar a livrá-los das drogas e do álcool.
O sacerdote explica que o trabalho feito com os dependentes consiste em evangelização, mas não só no catolicismo, sacerdotes de outras religiões também participam, reafirmando a liberdade religiosa; laborterapia, o tratamento pelo trabalho; e a integração da convivência social.
“Já chegamos a recebemos pessoas que se diziam ser ateias, mas com o passar dos tempos, se tornaram católicas e, mesmo já estando curadas do vício, todos os domingos participam da missa que é realizada na nossa capela. A obra quem faz é Deus”, conta sorridente o padre.
Celebração de 10 anos
Ao CORREIO, padre Mário informou que ocorrerá uma Missa em Ação de Graças aos 10 anos de existência da Chácara Emaús. A solenidade ocorrerá no dia 30 de maio, às 19h30, na Capela que existe lá dentro do projeto. (Karine Sued)