Correio de Carajás

Em dois meses, 5 pessoas tentam suicídio na ponte do Itacaiunas

A jovem Tainara Santos aumentou as estatísticas sobre pessoas que tentaram tirar a vida pulando da ponte sobre o Rio Itacaiunas, em Marabá, em apenas dois meses. Assim como ela, outras quatro pessoas – a maioria com menos de 20 anos – fizeram o mesmo desde o dia 9 de março. Mas nenhum morreu (graças a Deus).

O servidor público Antônio Carlos Martins resolveu pescar com seu sobrinho, Danrlei Gonçalves, às proximidades da ponte sobre o Rio Itacaiunas. Eles foram remando do Bairro Amapá e quando chegaram embaixo da ponte, por volta das 20 horas, ouviram  gemidos e Antônio Carlos acendeu a lanterna para ver do que se tratava. Pediu para o sobrinho, que remava, para encostar rapidamente.

Eles encontraram a jovem Tainara, de 20 anos, deitada no chão e gemendo sem parar. “Ela sentia muito frio. Me disse que estava ali desde as 15 horas, quando se jogou da ponte, mas não detalhou a motivação. Tentou pedir socorro para alguns pescadores que passaram de rabeta, mas o barulho do motor não deixou eles ouvirem, eu acredito”, conta Antônio Carlos.

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Ele diz que um ciclista que passava em cima da ponte ouviu a movimentação embaixo e perguntou se precisavam de ajuda. De lá, ele ligou para o SAMU, mas foram tantas perguntas que estavam fazendo que o rapaz resolveu ir à sede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, que fica a menos de 300 metros dali. Mas voltou revoltado, quando disseram para ele que todas as ambulâncias estavam danificadas. “É um absurdo um serviço tão importante como o SAMU ficar sem nenhuma ambulância para atender a comunidade”, criticou o servidor público.

Por conta disso, Antônio Carlos ligou para o Corpo de Bombeiros, que enviou uma equipe em uma ambulância. O sargento Nazildo conversou com a Reportagem do CORREIO momentos depois do atendimento. Confirmou que a jovem estava muito cansada e apresentava suspeita de fratura no fêmur e o queixo estava muito machucado. Tainara não caiu no rio, mas em um lamaçal bem próximo da água. De lá, conseguiu se arrastar até um pouco mais em cima, ficando esperando socorro, que parecia não chegar nunca.

Solange, a mãe de Tainara, que mora no Bairro Amapá, foi avisada onde a filha estava e correu para socorrê-la. Entrou na ambulância e seguiu com ela para o Hospital Municipal, onde a jovem foi medicada e passou por exames. Ela também será atendida pela equipe especializada da ala psiquiátrica do HMM tão logo o atendimento físico seja concluído.

Um morador do Bairro Amapá, que conhece Tainara, conta que ela teria passado por uma grande desilusão amorosa nos últimos dias. Pessoas que sofrem esse tipo de dilema podem procurar ajuda gratuita no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), localizado na Folha 31, Nova Marabá, ao lado da Funai. Ali, psicólogos e até psiquiatra têm ajudado centenas de pessoas no tratamento de depressão e outras doenças.

PLANTÃO NA PONTE

Um grupo de evangélicos montou um tipo de “acampamento” em uma ponte e já evitou pelo menos 16 suicídios, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. O plantão teve início na Ponte Newton Navarro no último dia 20 de abril, quando um rapaz que tentou pular para tirar a própria vida foi removido do parapeito por policiais militares.

Os voluntários se dividem em turnos e usam rádio comunicadores, se revezando para fazer plantão sobre a ponte e impedir que mais pessoas tentem tirar a própria vida. O grupo contou que a abordagem é cautelosa. Não estaria na hora de a mesma estratégia ser utilizada em Marabá? (Josseli Carvalho e Ulisses Pompeu)