Jovens e coordenadores que participam do Projeto Rios de Encontro, no Bairro Cabelo Seco, em Marabá, celebraram nesta terça-feira, 30 de abril, a aprovação da Lei “Semana de Bem Viver no Estado do Pará” pela Assembleia Legislativa do Pará.
No mesmo dia, eles celebraram a conclusão de dois meses de oficinas de dança, percussão, audiovisual, flauta e jardins medicinais, com a primeira de quatro apresentações afro-brasileiras. Além da 3ª Residência de Bem Viver AfroRaiz, com a volta da Cia de Dança Abayomi, de Florianópolis, rumo a uma turnê europeia em setembro deste ano.
“Estamos nos sentindo realizados com as apresentações na 1ª Gincana da Escola Irmã Theodora”, diz Katrine Alves, co-coordenadora do Jardim Bem Viver e colaboradora com Camylla Alves na oficina de dança da segunda turma do projeto Conexão Afro, lá mesmo na Escola Irmã Theodora. “Nosso orgulho vem do fato, também, que esta apresentação é fruto de nossa primeira gestão, produção e coordenação autônomas de um projeto em três escolas”, conta.
Leia mais:Para Manoela Souza, gestora cultural e formadora do Coletivo AfroRaiz, este é um fruto que simboliza muito para todos do grupo. “Coincide com a aprovação da Lei Semana de Bem Viver do Estado do Pará. Depois de tantos fóruns e festivais no Cabelo Seco, dedicados ao resgate e reinvenção da visão indígena, a Amazônia vem apontando um projeto alternativo ao maior desmatamento da historia. Isso acontece bem no momento em que Cabelo Seco vem sofrendo disputas armadas entre traficantes, causadas pelo aumento de pobreza. Nosso projeto sofreu um assalto que levou violões, máquinas fotográficas e uma caixa de som. Os jovens vêm celebrando seu primeiro projeto escolar independente”, conta Manoela.
Para Dan Baron, coordenador geral do Rios de Encontro, é significativo que a nova Lei da Semana Bem Viver esteja enraizada numa década de ação comunitária no Cabelo Seco e com séculos de sabedoria indígena da América Latina. Ela foi elaborada pelo deputado estadual Dirceu ten Caten e aprovada pelo Plenário da Alepa.
Dan Baron acaba de retornar de uma viagem para elaborar uma turnê de arte-educação na Europa. “No dia 15 de março, mais de um milhão de crianças e jovens de 120 países realizaram uma greve escolar contra o colapso climático, inspirada pela jovem sueca Greta Thunberg. Isso gerou o movimento ‘Rebelião Extinção’, que está mudando o imaginário do mundo. Mas acusar governantes de cumplicidade na violação da natureza, de ter roubado gerações de seu futuro, e de não ter feito seu dever científico, é insuficiente. O protesto chama a atenção. Bem viver é um projeto de envolvimento comunitário sustentável. Integra cultura, educação, saúde, segurança e produção de alimentos ecológicos”, pondera.
Na segunda-feira passada, Rios de Encontro realizou uma roda com jovens em alto risco na chamada “Casa dos Rios”, lá mesmo no Cabelo Seco, para pensarem juntos como recuperar os violões e câmeras levado no roubo. “Não chamamos a polícia. “Praticamos segurança comunitária. Explicamos que a violência econômica e repressora que geram pobreza, desespero e isolamento, causou o furto. O mal viver mundial. Sem violência predatória, a Amazônia renovará o futuro”, prega Dan.
O projeto oferece um minicurso de dança bem viver afro-brasileiro nos dias 7 e 8 deste mês de maio, de 18h30 às 20h, na Casa dos Rios, com o Coletivo Abayomi, de Santa Catarina. Mais Informações podem ser obtidas pelo número 91-8847-8107 (Whatsapp). As vagas são limitadas. (Divulgação)