Matéria publicada ontem (8) pelo Jornal Folha de S. Paulo revela que o Estado do Pará atingiu este ano a média de um policial assassinado por semana. São 13 mortes violentas de agentes de segurança. O número é o mesmo do Rio de Janeiro, Estado que tem se notabilizado pelo grande número tanto de pessoas mortas pela PM quanto de policiais assassinados. O que se vê é algo semelhante a uma guerra civil.
O balanço foi feito justamente pela Folha de S. Paulo, mesmo dia em que o cabo da reserva Silvio Nazareno Farias Pinto, 54, estava sentado perto de sua casa, em Belém, quando foi baleado. Mesmo socorrido, ele morreu, deixou uma viúva, dois órfãos de pai e entrou para uma alarmante estatística.
O Rio de Janeiro é o Estado onde a polícia mais matou e morreu em 2017 em números absolutos, registrando neste ano 13 mortes de agentes de segurança. Do total, 12 eram PMs (7 mortos em ações violentas) e um era policial civil, por suicídio.
Leia mais:O alarmante é que o Pará tem a metade da população do estado do Rio. E aqui, ao contrário do Rio de Janeiro, todas as mortes violentas de policiais em 2019 não ocorreram em serviço. Segundo o governo estadual, as vítimas estavam de folga ou faziam bicos como segurança.
Prova disso é que dois dias antes da morte do cabo Farias Pinto, o sargento Valdenilson Silva, que era lotado em Marabá, morreu em Anapu, na região da Transamazônica, numa troca de tiros em área de conflito fundiário, onde ocorria uma ação ilegal de despejo, segundo informou o próprio chefe do Estado Maior da PM no Estado.
O que se apurou até agora é que o sargento e outros quatro indivíduos estavam encapuzados e tentavam retirar ilegalmente famílias de terras na Vila de Itatá. “Ele foi fazer um serviço ilegal, por conta, para reintegrar área a um pedido particular, encapuzado, completamente ilegal”, afirmou o secretário de Segurança do Pará, Ualame Machado.
ZONA VERMELHA
Outro ponto comum, conforme destaca a matéria da Folha, é que as mortes, em geral, ocorreram em bairros alvo de disputa de facções pelo controle do tráfico de drogas ou com atuação de milícias, grupos armados que podem ou não envolver agentes de segurança.
O estado vive uma escalada de violência, com casos de múltiplos assassinatos em um curto espaço de tempo, dias depois da morte de policiais. Num intervalo de dois dias em abril do ano passado, 18 pessoas foram mortas na Grande Belém após a morte da PM Maria de Fátima dos Santos, em casa, de folga. Três semanas antes, outras 12 foram assassinadas depois de dois PMs serem mortos.
Em um dos casos mais graves, no início de 2017, 30 pessoas foram assassinadas em dois dias na capital paraense, também na sequência da morte de um soldado da PM. Apesar do grande número de morte de policiais, as estatísticas do Pará apontam para redução de 24,6% dos homicídios e de 32% nos latrocínios no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2018.
Para Ualame Machado, as mortes de policiais estão ligadas a problemas como conflitos agrários ou de grupos de policiais, da ativa e da reserva, com facções criminosas. “Ou mesmo entre grupos de policiais rivais na região metropolitana. Nossa situação é diferente da do Rio. Não tivemos mortes de policiais em combate ao crime”, destaca o delegado.
Balanço do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra queda nos números de policiais mortos em serviço em todo o País (de 160, em 2012, para 77 em 2017), enquanto os que morreram em confrontos ou por lesões não naturais durante folgas crescem. Passaram de 287 (em 2012) para 336 (em 2014) e chegaram a 290 (em 2017). (Da redação)
SAIBA MAIS
No ranking de Estados com mais policiais assassinados, o Pará fica em terceiro lugar, com 37 registros em 2017 (só 35% estavam em serviço). Apenas o Rio de Janeiro (104) e São Paulo (60) naquele ano ficaram à frente.