A rotina dos moradores do Bairro Belo Horizonte, núcleo Cidade Nova, em Marabá, foi interrompida pelo barulho de tiros e de gente correndo pela rua e por cima de telhados das casas, derrubando portões e quebrando janelas. Era uma perseguição policial a uma quadrilha de assaltantes que estava escondida numa casa da Rua Cuiabá. O saldo da operação policial foi um bandido morto e dois presos. Mas pelo menos quatro ainda conseguiram fugir.
O assaltante que morreu no confronto com os policiais foi identificado como Saulo Frederico Alves Freire, o “Ninho”, de 36 anos, enquanto dois comparsas dele que foram presos são Josiel Oliveira Costa, 35, natural de Macapá (AM), e Alexsandro Leal Coelho, 30 anos, natural de Marabá.
Armado de fuzil, Saulo atirou na direção dos policiais e tentou fugir pelo telhado da casa, mas acabou abatido com pelo menos dois tiros. Já Josiel Costa, chamado de “Índio”, que também portava uma arma longa, pulou o muro, passou por um terreno baldio e foi se esconder dentro da caixa d’água de uma casa, já na rua Brasília, onde permaneceu por cerca de uma hora, até que os moradores perceberam que havia algo estranho e informaram aos policiais que prenderam o assaltante.
Leia mais:Quando os policiais dominaram “Índio” e o colocaram dentro da viatura policial, a população ficou em volta dele. Alguns poucos chegaram a ensaiar um pedido de linchamento, mas a maioria aplaudiu a ação dos homens da lei.
O outro preso, Alexsandro Coelho, não estava na casa onde os suspeitos foram encontrados. Ele foi capturado no mesmo bairro, mas em via pública, pois saiu da casa momentos antes da chegada dos policiais. Inicialmente, pessoas próximas ao acusado chegaram a pensar que ele havia sido sequestrado e postaram pedidos de ajuda em grupos de WhatsApp.
Os três acusados identificados e os quatro foragidos estavam sendo monitorados pela Delegacia de Roubo a Banco sob acusação de terem participado do ataque a um carro-forte da empresa Prosegur no dia 30 de novembro, na Rodovia BR-155, nas entre Marabá e Eldorado do Carajás, nas proximidades da sede da fazenda Cedro.
Há indícios de que eles podem estar envolvidos ainda no ataque a outro carro-forte, também da Prosegur, na última quarta-feira (17), na PA-279. Os dois casos foram semelhantes: os veículos transportadores de valores foram explodidos com uso de dinamite e os criminosos usavam armas longas.
De acordo com informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP), fizeram parte da operação policiais lotados na Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) e Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), de Belém, que localizaram a residência que era usada como base para o grupo criminoso.
Ainda segundo a SEGUP, os policiais civis foram recebidos a tiros de fuzil pelo assaltante Saulo, que já estava em cima do telhado. No local, os policiais civis apreenderam dezenas de munições para calibres 7,62mm e ponto50. A equipe policial também apreendeu o fuzil ponto50 usado para atirar nos policiais. A operação policial é coordenada pelos delegados Evandro Araújo, diretor da DRCO, e Ricardo do Rosário, titular da DRFR. Segundo o delegado Evandro, o fuzil ponto50 é utilizado para perfurar a blindagem de carro-forte.
Conforme o delegado Ricardo, após a troca de tiros, os quatro suspeitos que estavam na casa saíram em fuga a pé e chegaram a pular o muro de um quintal, invadindo uma casa, onde renderam os moradores que estavam no local. Depois, pegaram duas pessoas – mãe e filha – e as levaram como reféns no carro da família para fugir. Durante a fuga, os bandidos liberaram os reféns e seguiram no carro até próximo ao rio Itacaiúnas e depois tomaram rumo pela mata. A operação continua, já que os quatro suspeitos estão escondidos na mata.
“Que chore a mãe dele não a nossa”, diz policial
Natural de Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco, o assaltante Saulo, que morreu no confronto com os policiais, já cumpriu pena pelo crime de tráfico de drogas e respondia por roubo majorado (assalto a mão armada) também em Pernambuco. Na visão de um dos policiais que participou da operação, a morte do criminoso foi fruto da escolha dele.
Devidamente encapuzado e ainda ofegante, o policial civil explicou que “lugar de vagabundo é na cadeia e não morto”, mas ponderou que num momento extremo de confronto como foi este, o policial não tem outra opção senão defender sua integridade física. Segundo ele, é um momento em que não se pode titubear, pois isso pode significar a diferença entre viver e morrer. “Que chore a mãe dele e não a nossa”, declarou o investigador.
Ainda segundo ele, tudo leva a crer que o bando estava reunido com intuito de tramar outra ação criminosa na região.
Delegada confisca drone de profissional de Imprensa
Durante a operação policial, um fato inusitado se registrou: a delegada Raíssa Beleboni confiscou o drone de um profissional de Imprensa do Grupo Correio, alegando que o jornalista teria desobedecido uma ordem dela, de se manter distante do corpo do assaltante baleado. O repórter explicou que controlava o equipamento remotamente, estando cerca de 60 metros distante do corpo, de modo que não desobedeceu a orientação da policial. Mesmo assim o drone foi levado pela equipe policial.
Estranha na ação o fato de que o drone foi o único aparelho fotográfico recolhido pela delegada Beleboni, as centenas de celulares e dezenas de máquinas fotográficas usadas para fazer imagens da operação policial não foram alvo do mesmo rigor por parte da autoridade policial. Inclusive, crianças chegaram a subir no muro para fotografar o cadáver, ficando a menos de cinco metros do defunto.
Estranha mais ainda o fato de que um dos policiais, inexplicavelmente, atirou na direção do drone do repórter, o que gerou certa insegurança nos populares, pois muitos acharam que se tratava de novo confronto com algum assaltante que poderia ainda estar na área. Além disso, poderia ter causado um prejuízo financeiro sem a menor necessidade, já que a presença do equipamento no espaço aéreo em nada atrapalhava o trabalho de perícia.
No início da noite a delegada Simone Felinto, diretora da Seccional de Polícia, gentilmente, mandou devolver o drone, inclusive o cartão com as imagens.
(Chagas Filho)
Fotos: Evangelista Rocha
A rotina dos moradores do Bairro Belo Horizonte, núcleo Cidade Nova, em Marabá, foi interrompida pelo barulho de tiros e de gente correndo pela rua e por cima de telhados das casas, derrubando portões e quebrando janelas. Era uma perseguição policial a uma quadrilha de assaltantes que estava escondida numa casa da Rua Cuiabá. O saldo da operação policial foi um bandido morto e dois presos. Mas pelo menos quatro ainda conseguiram fugir.
O assaltante que morreu no confronto com os policiais foi identificado como Saulo Frederico Alves Freire, o “Ninho”, de 36 anos, enquanto dois comparsas dele que foram presos são Josiel Oliveira Costa, 35, natural de Macapá (AM), e Alexsandro Leal Coelho, 30 anos, natural de Marabá.
Armado de fuzil, Saulo atirou na direção dos policiais e tentou fugir pelo telhado da casa, mas acabou abatido com pelo menos dois tiros. Já Josiel Costa, chamado de “Índio”, que também portava uma arma longa, pulou o muro, passou por um terreno baldio e foi se esconder dentro da caixa d’água de uma casa, já na rua Brasília, onde permaneceu por cerca de uma hora, até que os moradores perceberam que havia algo estranho e informaram aos policiais que prenderam o assaltante.
Quando os policiais dominaram “Índio” e o colocaram dentro da viatura policial, a população ficou em volta dele. Alguns poucos chegaram a ensaiar um pedido de linchamento, mas a maioria aplaudiu a ação dos homens da lei.
O outro preso, Alexsandro Coelho, não estava na casa onde os suspeitos foram encontrados. Ele foi capturado no mesmo bairro, mas em via pública, pois saiu da casa momentos antes da chegada dos policiais. Inicialmente, pessoas próximas ao acusado chegaram a pensar que ele havia sido sequestrado e postaram pedidos de ajuda em grupos de WhatsApp.
Os três acusados identificados e os quatro foragidos estavam sendo monitorados pela Delegacia de Roubo a Banco sob acusação de terem participado do ataque a um carro-forte da empresa Prosegur no dia 30 de novembro, na Rodovia BR-155, nas entre Marabá e Eldorado do Carajás, nas proximidades da sede da fazenda Cedro.
Há indícios de que eles podem estar envolvidos ainda no ataque a outro carro-forte, também da Prosegur, na última quarta-feira (17), na PA-279. Os dois casos foram semelhantes: os veículos transportadores de valores foram explodidos com uso de dinamite e os criminosos usavam armas longas.
De acordo com informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP), fizeram parte da operação policiais lotados na Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) e Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), de Belém, que localizaram a residência que era usada como base para o grupo criminoso.
Ainda segundo a SEGUP, os policiais civis foram recebidos a tiros de fuzil pelo assaltante Saulo, que já estava em cima do telhado. No local, os policiais civis apreenderam dezenas de munições para calibres 7,62mm e ponto50. A equipe policial também apreendeu o fuzil ponto50 usado para atirar nos policiais. A operação policial é coordenada pelos delegados Evandro Araújo, diretor da DRCO, e Ricardo do Rosário, titular da DRFR. Segundo o delegado Evandro, o fuzil ponto50 é utilizado para perfurar a blindagem de carro-forte.
Conforme o delegado Ricardo, após a troca de tiros, os quatro suspeitos que estavam na casa saíram em fuga a pé e chegaram a pular o muro de um quintal, invadindo uma casa, onde renderam os moradores que estavam no local. Depois, pegaram duas pessoas – mãe e filha – e as levaram como reféns no carro da família para fugir. Durante a fuga, os bandidos liberaram os reféns e seguiram no carro até próximo ao rio Itacaiúnas e depois tomaram rumo pela mata. A operação continua, já que os quatro suspeitos estão escondidos na mata.
“Que chore a mãe dele não a nossa”, diz policial
Natural de Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco, o assaltante Saulo, que morreu no confronto com os policiais, já cumpriu pena pelo crime de tráfico de drogas e respondia por roubo majorado (assalto a mão armada) também em Pernambuco. Na visão de um dos policiais que participou da operação, a morte do criminoso foi fruto da escolha dele.
Devidamente encapuzado e ainda ofegante, o policial civil explicou que “lugar de vagabundo é na cadeia e não morto”, mas ponderou que num momento extremo de confronto como foi este, o policial não tem outra opção senão defender sua integridade física. Segundo ele, é um momento em que não se pode titubear, pois isso pode significar a diferença entre viver e morrer. “Que chore a mãe dele e não a nossa”, declarou o investigador.
Ainda segundo ele, tudo leva a crer que o bando estava reunido com intuito de tramar outra ação criminosa na região.
Delegada confisca drone de profissional de Imprensa
Durante a operação policial, um fato inusitado se registrou: a delegada Raíssa Beleboni confiscou o drone de um profissional de Imprensa do Grupo Correio, alegando que o jornalista teria desobedecido uma ordem dela, de se manter distante do corpo do assaltante baleado. O repórter explicou que controlava o equipamento remotamente, estando cerca de 60 metros distante do corpo, de modo que não desobedeceu a orientação da policial. Mesmo assim o drone foi levado pela equipe policial.
Estranha na ação o fato de que o drone foi o único aparelho fotográfico recolhido pela delegada Beleboni, as centenas de celulares e dezenas de máquinas fotográficas usadas para fazer imagens da operação policial não foram alvo do mesmo rigor por parte da autoridade policial. Inclusive, crianças chegaram a subir no muro para fotografar o cadáver, ficando a menos de cinco metros do defunto.
Estranha mais ainda o fato de que um dos policiais, inexplicavelmente, atirou na direção do drone do repórter, o que gerou certa insegurança nos populares, pois muitos acharam que se tratava de novo confronto com algum assaltante que poderia ainda estar na área. Além disso, poderia ter causado um prejuízo financeiro sem a menor necessidade, já que a presença do equipamento no espaço aéreo em nada atrapalhava o trabalho de perícia.
No início da noite a delegada Simone Felinto, diretora da Seccional de Polícia, gentilmente, mandou devolver o drone, inclusive o cartão com as imagens.
(Chagas Filho)
Fotos: Evangelista Rocha