Aumenta o índice de denúncias de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes no município de Itupiranga, a 50 km de Marabá. Maioria dos casos ocorrem dentro da própria casa das vítimas. É o que revelou o conselheiro tutelar, Samuel de Melo Tavares, esta semana ao CORREIO. De acordo com o conselheiro, por dia, o Conselho Tutelar chega a receber de três a quatro denúncias.
Apesar de ainda estar totalizando os números, Samuel afirmou que, na comparação com o ano passado, o aumento é perceptível para quem trabalha na rede de proteção. “Infelizmente, é triste, mas a maioria desses abusos estão acontecendo dentro da própria casa dessas crianças. Em maior número, geralmente são praticados pelos padrastos, pais biológicos, tios e até avós”, explicou Samuel.
Questionado pela equipe de Reportagem, o conselheiro respondeu que a denúncia deve ser um ato de cidadania e que devem partir das escolas, comunidades e de qualquer pessoa que perceba um sinal de abuso. “As pessoas não devem esperar que algo ocorra. Geralmente, quando uma pessoa percebe algo de diferente, como um ciúme exagerado ou atitudes estranhas, a possibilidade de que esteja ocorrendo um abusivo é alta”, esclareceu.
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De acordo com Samuel, uma arma importante na luta contra a violência a crianças e adolescentes é quebrar o silêncio. O Disque 100 é a principal fonte de denúncia da Delegacia Especializada, mas os casos também podem ser denunciados por meio do Conselho Tutelar, Defensoria Pública, Ministério Público e Vara da Infância e Juventude.
Como identificar
Mudanças de comportamento: O primeiro sinal é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança. Essa alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada. Em algumas situações a mudança de comportamento é em relação a uma pessoa ou a uma atividade em específico.
Proximidades excessivas: A violência costuma ser praticada por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança fazendo com que ela se cale.
Comportamentos infantis repentinos: Se o jovem voltar a ter comportamentos infantis, os quais já abandonou anteriormente, é um indicativo de que algo esteja errado.
Silêncio predominante: Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e mental, além de chantagens. É normal também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma boa relação com a vítima. É essencial explicar à criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas de confiança, como o pai e a mãe, por exemplo.
Comportamentos sexuais: Crianças que apresentam um interesse por questões sexuais ou que façam brincadeiras de cunho sexual e usam palavras ou desenhos que se referem às partes íntimas podem estar indicando uma situação de abuso.
Traumatismos físicos: Os vestígios mais óbvios de violência sexual em menores de idade são questões físicas como marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Essas são as principais manifestações que podem ser usadas como provas à Justiça.
Negligência: Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Uma criança que passa horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família estará em situação de maior vulnerabilidade.
Frequência escolar: Observar queda injustificada na frequência escolar ou baixo rendimento causado por dificuldade de concentração e aprendizagem. Outro ponto a estar atento é a pouca participação em atividades escolares e a tendência de isolamento social. (Karine Sued, com informações de Josseli Carvalho)