Correio de Carajás

Servidores do Detran são presos acusados de envolvimento em organização criminosa

A Polícia Civil do Pará prendeu, nesta terça-feira (12), durante a operação Loki, nove pessoas acusadas de envolvimento em uma organização criminosa responsável por furtos de veículos alugados, na capital paraense, e que tinham os documentos montados para serem revendidos como carros legalizados em outros Estados brasileiros.

Entre os presos, três são servidores do Departamento Estadual de Trânsito do Pará (Detran) e um é ex-servidor do órgão.

A operação foi deflagrada, no começo da manhã, nos Estados do Pará, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Leia mais:

Em entrevista coletiva a jornalistas, concedida na Delegacia-Geral, em Belém, o delegado Washington Santos, diretor da DRFVA, informou que a operação foi deflagrada após nove meses de investigações iniciadas com o registro de ocorrência feita por duas empresas de locação de carros.

O inquérito resultou na decretação de mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos nas cidades de Almeirim, Bragança e Abaetetuba, no Pará; Arapiraca (AL), Riachão do Jacuípe (BA) e Aracaju (SE). Todo trabalho investigativo contou com a parceria da Direção Geral do Detran do Pará.

As ordens judiciais foram expedidas pela Vara de Combate ao Crime Organizado de Belém.

OS PRESOS

Na operação, foram presos os servidores do Detran, Elizabeth Maria Campos Reça, Wolney Daniel Araújo Cabral e Silvio Vidal Campos Junior. Foi preso ainda o ex-servidor Angelo Shigemi Yamada, demitido do órgão no mês passado.

Foram presos também Luiz Nazareno da Silva Santos, Samue Vieira de Aguiar, Angelo Ricardo Reis de Matos, Márcio Henrique Santos Fontes e Robervan Cruz dos Santos.

O ESQUEMA

Segundo o delegado, os locatários dos carros eram recrutados em Estados distintos daquele onde assinaram os contratos de locação e onde os documentos de identidade eram falsificados, como forma de dificultar as investigações. “Após a locação, os carros – quase sempre veículos de alto padrão fabricados entre os anos de 2017 e 2018 – eram transferidos para nomes de outras pessoas, com auxílio de servidores do Detran do Pará.

Dessa forma, pontua o delegado, alguns veículos ainda passavam por uma segunda transferência para outras pessoas antes de serem colocados à venda, com objetivo de terem os dados falsos inseridos no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV), fazendo com que as pessoas passasse, dessa maneira, à condição de proprietários anteriores dos carros.

“Com isso, o carro locado passava a ficar em nome de uma pessoa física em vez da locadora, dificultando, desse modo, a detecção da fraude”, detalha o delegado. A partir disso, os estelionatários do grupo – responsáveis pela revenda dos carros – passavam a oferecê-los a outras pessoas que, de boa-fé, acabavam comprando os carros a valores próximos aos preços de mercado.

O esquema criminosa, destaca Washington Santos, resultou em prejuízo de aproximadamente R$ 5,3 milhões referentes a 67 veículos furtados pela organização criminosa.

 Em geral, os carros furtados são veículos de alto padrão, com valores que variam de R$ 70 mil a R$ 120 mil, de modelos como Jeep Renegade e Honda HR-V.

A operação foi coordenada pela equipe de policiais civis da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DRFVA), da DRCO (Divisão de Repressão ao Crime Organizado), sob supervisão da Diretoria de Polícia Especializada da Polícia Civil.

OS CRIMES

Os presos irão responder pelos crimes de furto qualificado, estelionato, receptação, uso indevido de selo público, falsificação de documento público, falsificação de documento particular, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistema informatizado, corrupção ativa e corrupção passiva, praticados no período de março a julho do ano de 2018.

De acordo com o diretor-geral do Detran/Pará, João Guilherme Macedo, os servidores envolvidos serão afastados das funções e um Processo Administrativo será aberto pela Corregedoria do órgão para apurar os crimes. Apesar de os crimes terem sido cometidos na gestão passada do Detran, em 2018, a atual gestão do órgão estadual de trânsito está atenta sobre esses casos.

(DOL com informações da Polícia Civil)