Responsável pela gestão de 11 hospitais no Estado do Pará, incluindo o Hospital Regional Público do Sudeste, em Marabá, além de estar presente na administração hospitalar de outros 10 estados brasileiros, a Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar – foi jogada ontem, terça-feira (27), no olho do furacão pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (MDB).
Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o ex-governador afirmou que o esquema de desvio de recursos na Saúde Pública do estado envolvia inclusive religiosos, citando contratos firmados entre o Estado e a Pró-Saúde, uma Organização Social de Saúde (OSS) administrada por padres católicos. Nem o cardeal D. Orani João Tempesta, arcebispo da Arquidiocese do Rio, foi poupado.
“Não tenho dúvida de que deve ter havido esquema de propina com a OS da Igreja Católica, da Pró-Saúde. Eu não tenho dúvida. O dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao dom Orani, mas ele tinha interesse nisso. Tinha o dom Paulo, que era padre, e tinha interesse nisso. E o Sérgio Côrtes nomeou a pessoa que era o gestor do Hospital São Francisco. Essa Pró Saúde certamente tinha esquema de recursos que envolvia religiosos. Não tenho a menor dúvida”, declarou.
Leia mais:No Pará, a organização é a responsável pela gestão dos hospitais Regional do Baixo Amazonas do Pará – Dr. Waldemar (Santarém); Metropolitano de Urgência e Emergência (Ananindeua); Regional Público da Transamazônica (Altamira); Público Estadual Galileu (Belém); Yutaka Takeda (Parauapebas); 5 de Outubro (Canaã dos Carajás); Porto Trombetas (Oriximiná); Oncológico Infantil Octávio Lobo (Belém); Materno Infantil de Barcarena (Barcarena); Regional Abelardo Santos (Belém); e Regional Público do Sudeste (Marabá).
Em nota divulgada pela Igreja Católica, esta afirma que a instituição no Rio de Janeiro e o arcebispo têm “o único interesse que organizações sociais cumpram seus objetivos, na forma da lei, em vista do bem comum”.
Já a Pró-Saúde afirma que vem colaborando com as investigações: “A Pró-Saúde tem colaborado com as investigações e, em virtude do sigilo do processo, não se manifestará sobre os fatos. A entidade filantrópica reafirma neste momento o seu compromisso com ações de fortalecimento de sua integridade institucional, bem como com a prestação de um importante serviço à saúde do Brasil”, afirma nota.
No Pará, o Portal Correio de Carajás apurou que antes do depoimento prestado ontem pelo ex-governador do Rio de Janeiro, a atual gestão já tinha a intenção de reavaliar os contratos firmados com a organização social. (Luciana Marschall)