Deflagrada esta semana pela Polícia Federal, a Operação Looters colocou atrás das grades seis acusados de assalto a caminhões dos Correios e apreendeu ainda duas armas (uma espingarda e uma pistola), desarticulando uma quadrilha responsável por nada menos de seis assaltos na Rodovia PA-263, entre as cidades de Goianésia do Pará e Tucuruí. O último dos assaltos ocorreu na sexta-feira da semana passada, dia 2 deste mês, causando um prejuízo não menor do que R$ 100 mil. A Polícia Federal não divulgou os nomes dos presos.
Na manhã de ontem, terça-feira (6), o delegado Ricardo Viana, da Polícia Federal em Marabá, reuniu a Imprensa local para falar sobre a operação. Na ocasião, ele informou que a quadrilha alvo da operação é especializada em assalto a cargas transportadas por caminhões dos correios e agia sempre do mesmo modo.
Ao todo, foram cumpridos 10 mandados judiciais, todos na cidade de Tailândia (PA), sendo quatro Mandados de Prisão Temporária, dois de Prisão Preventiva e quatro Mandados de Busca e Apreensão. As ordens judicias foram expedidas pela Justiça Federal do Pará.
Leia mais:A expectativa é de que no decorrer dos próximos quatro dias, a Justiça transforme as prisões temporárias em preventivas, dando mais tranquilidade para que a polícia continue a colheita de provas contra os acusados. Mas isso vai depender do que ficar comprovado durante os cinco dias de vigência das prisões temporárias.
O delegado explicou que as investigações tiveram início em fevereiro do ano passado e avançaram bastante durante todo ano de 2017, quando a quadrilha praticou uma série de roubos, os quais permitiram concluir que se tratava do mesmo bando de criminosos.
Segundo ele, os crimes eram praticados quase sempre a luz do dia e no mesmo local da PA-263, na localidade conhecida como “Igrejinha”. No último assalto, um dos bandidos chegou a ser filmado por uma câmera no veículo atacado e acabou sendo identificado, dando suporte suficiente para que ele pudesse ser colocado atrás das grades.
Ainda segundo o policial, os caminhões eram interceptados, os motoristas rendidos com o uso de armas de fogo e os veículos eram levados para uma vicinal onde as cargas eram saqueadas. “Os assaltantes selecionavam os objetos que iriam subtrair e geralmente levavam bens de valor agregado como telefones celulares, máquinas fotográficas e outros itens que podem ser revendidos facilmente no mercado paralelo”, explicou Ricardo Viana.
Ele disse também que o grupo responderá pelos crimes de associação criminosa e roubo majorado pelo uso de arma de fogo e pela restrição de liberdade dos motoristas dos caminhões. Ao todo as penas pelos crimes investigados podem alcançar mais de 30 anos.
Ainda de acordo com Ricardo Viana, a operação não acaba aqui, pois a Polícia Federal ainda tenta encontrar os receptadores dos produtos roubados. “É importante que quem adquiriu esse material saiba que está incorrendo em crimes de receptação e muito provavelmente seguirão o mesmo caminho destes presos agora”, alertou.
Muitos crimes e pouco efetivo policial
Durante a coletiva desta terça, o delegado se mostrou preocupado com a recorrência desse tipo de ação criminosa na região, pois já é o terceiro ano que operações desta natureza são realizadas. Em 2015 foi desencadeada a Operação Rastreio, já em 2016 foi colocada em prática a Operação Corujão, todas elas com o mesmo objetivo. “Na nossa região, infelizmente isso (assaltos a cargas) está se tornando um câncer”, desabafou o policial federal.
Desta vez, ao todo, segundo ele, foram mobilizados para participar da operação nada menos de 40 policiais da delegacia de Marabá e da Superintendência em Belém, já que os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Federal de Belém e de Tucuruí, município que está na área de jurisdição da Delegacia da Polícia Federal de Marabá.
Delegado Ricardo Viana também falou que o volume de ações da Polícia Federal em Marabá é gigantesco. São nada menos de 800 inquéritos conduzidos por cinco delegados numa área que compreende 24 municípios. Mas, para ele, isso não pode ser empecilho para fazer a lei ser cumprida. “Dentro das nossas possibilidades estamos fazendo nosso trabalho de forma incansável”, afirmou.
Segundo o delegado, existe uma necessidade muito grande de concurso para aumentar o efetivo policial, mas não há notícia de previsão de realização de concurso para a Polícia Federal ou para qualquer outro órgão da União tão cedo, graças à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos por duas décadas, a chamada “PEC dos 20 anos”.
Relatos de drama e investigação minuciosa
O delegado federal disse que no decorrer das investigações, muitos caminhoneiros assaltados pelos criminosos foram ouvidos pela Polícia Federal. Os profissionais relataram o pavor de ficar horas nas mãos dos criminosos e, embora nenhum deles tenha denunciado violência física (fora a privação do direito de ir e vir), a violência psicológica, materializada pelas ameaças de morte, é algo que deixou muitos desses trabalhadores traumatizados. Houve até quem desistisse da atividade.
Para Ricardo Viana, trata-se de um crime covarde porque agride não diretamente a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ou os donos dos objetos roubados, mas sim os profissionais que estão trabalhando duro nas estradas para garantir seu sustento e o sustento de sua família.
Mesmo diante dos relatos dos motoristas e da ocorrência cada vez mais constante de assaltos (pelo menos um a cada dois meses), a Polícia Federal não teve pressa, pois os delegados sabiam que só poderiam agir se tivessem em mãos provas capazes de deixar os acusados atrás das grades por um bom tempo, conforme explicou Ricardo Viana.
Saiba Mais
A palavra “Looters” vem do Inglês, que significa “Saqueadores”. Por isso, o nome da operação é uma alusão aos saqueadores do passado que aterrorizavam pequenas cidades e vilas isoladas da Europa, aproveitando-se de locais ermos, desprotegidos e com dificuldade de comunicação, como é o caso daquela área da PA-263.
(Chagas Filho)
Deflagrada esta semana pela Polícia Federal, a Operação Looters colocou atrás das grades seis acusados de assalto a caminhões dos Correios e apreendeu ainda duas armas (uma espingarda e uma pistola), desarticulando uma quadrilha responsável por nada menos de seis assaltos na Rodovia PA-263, entre as cidades de Goianésia do Pará e Tucuruí. O último dos assaltos ocorreu na sexta-feira da semana passada, dia 2 deste mês, causando um prejuízo não menor do que R$ 100 mil. A Polícia Federal não divulgou os nomes dos presos.
Na manhã de ontem, terça-feira (6), o delegado Ricardo Viana, da Polícia Federal em Marabá, reuniu a Imprensa local para falar sobre a operação. Na ocasião, ele informou que a quadrilha alvo da operação é especializada em assalto a cargas transportadas por caminhões dos correios e agia sempre do mesmo modo.
Ao todo, foram cumpridos 10 mandados judiciais, todos na cidade de Tailândia (PA), sendo quatro Mandados de Prisão Temporária, dois de Prisão Preventiva e quatro Mandados de Busca e Apreensão. As ordens judicias foram expedidas pela Justiça Federal do Pará.
A expectativa é de que no decorrer dos próximos quatro dias, a Justiça transforme as prisões temporárias em preventivas, dando mais tranquilidade para que a polícia continue a colheita de provas contra os acusados. Mas isso vai depender do que ficar comprovado durante os cinco dias de vigência das prisões temporárias.
O delegado explicou que as investigações tiveram início em fevereiro do ano passado e avançaram bastante durante todo ano de 2017, quando a quadrilha praticou uma série de roubos, os quais permitiram concluir que se tratava do mesmo bando de criminosos.
Segundo ele, os crimes eram praticados quase sempre a luz do dia e no mesmo local da PA-263, na localidade conhecida como “Igrejinha”. No último assalto, um dos bandidos chegou a ser filmado por uma câmera no veículo atacado e acabou sendo identificado, dando suporte suficiente para que ele pudesse ser colocado atrás das grades.
Ainda segundo o policial, os caminhões eram interceptados, os motoristas rendidos com o uso de armas de fogo e os veículos eram levados para uma vicinal onde as cargas eram saqueadas. “Os assaltantes selecionavam os objetos que iriam subtrair e geralmente levavam bens de valor agregado como telefones celulares, máquinas fotográficas e outros itens que podem ser revendidos facilmente no mercado paralelo”, explicou Ricardo Viana.
Ele disse também que o grupo responderá pelos crimes de associação criminosa e roubo majorado pelo uso de arma de fogo e pela restrição de liberdade dos motoristas dos caminhões. Ao todo as penas pelos crimes investigados podem alcançar mais de 30 anos.
Ainda de acordo com Ricardo Viana, a operação não acaba aqui, pois a Polícia Federal ainda tenta encontrar os receptadores dos produtos roubados. “É importante que quem adquiriu esse material saiba que está incorrendo em crimes de receptação e muito provavelmente seguirão o mesmo caminho destes presos agora”, alertou.
Muitos crimes e pouco efetivo policial
Durante a coletiva desta terça, o delegado se mostrou preocupado com a recorrência desse tipo de ação criminosa na região, pois já é o terceiro ano que operações desta natureza são realizadas. Em 2015 foi desencadeada a Operação Rastreio, já em 2016 foi colocada em prática a Operação Corujão, todas elas com o mesmo objetivo. “Na nossa região, infelizmente isso (assaltos a cargas) está se tornando um câncer”, desabafou o policial federal.
Desta vez, ao todo, segundo ele, foram mobilizados para participar da operação nada menos de 40 policiais da delegacia de Marabá e da Superintendência em Belém, já que os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Federal de Belém e de Tucuruí, município que está na área de jurisdição da Delegacia da Polícia Federal de Marabá.
Delegado Ricardo Viana também falou que o volume de ações da Polícia Federal em Marabá é gigantesco. São nada menos de 800 inquéritos conduzidos por cinco delegados numa área que compreende 24 municípios. Mas, para ele, isso não pode ser empecilho para fazer a lei ser cumprida. “Dentro das nossas possibilidades estamos fazendo nosso trabalho de forma incansável”, afirmou.
Segundo o delegado, existe uma necessidade muito grande de concurso para aumentar o efetivo policial, mas não há notícia de previsão de realização de concurso para a Polícia Federal ou para qualquer outro órgão da União tão cedo, graças à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos por duas décadas, a chamada “PEC dos 20 anos”.
Relatos de drama e investigação minuciosa
O delegado federal disse que no decorrer das investigações, muitos caminhoneiros assaltados pelos criminosos foram ouvidos pela Polícia Federal. Os profissionais relataram o pavor de ficar horas nas mãos dos criminosos e, embora nenhum deles tenha denunciado violência física (fora a privação do direito de ir e vir), a violência psicológica, materializada pelas ameaças de morte, é algo que deixou muitos desses trabalhadores traumatizados. Houve até quem desistisse da atividade.
Para Ricardo Viana, trata-se de um crime covarde porque agride não diretamente a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ou os donos dos objetos roubados, mas sim os profissionais que estão trabalhando duro nas estradas para garantir seu sustento e o sustento de sua família.
Mesmo diante dos relatos dos motoristas e da ocorrência cada vez mais constante de assaltos (pelo menos um a cada dois meses), a Polícia Federal não teve pressa, pois os delegados sabiam que só poderiam agir se tivessem em mãos provas capazes de deixar os acusados atrás das grades por um bom tempo, conforme explicou Ricardo Viana.
Saiba Mais
A palavra “Looters” vem do Inglês, que significa “Saqueadores”. Por isso, o nome da operação é uma alusão aos saqueadores do passado que aterrorizavam pequenas cidades e vilas isoladas da Europa, aproveitando-se de locais ermos, desprotegidos e com dificuldade de comunicação, como é o caso daquela área da PA-263.
(Chagas Filho)