Foi transferido para Belém por via aérea o fazendeiro José Edmundo Ortiz Vergolino, de 82 anos, condenado a 152 anos de prisão pela morte de oito pessoas na Fazenda Ubá, em São João do Araguaia, em 1.985. Com mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário, ele estava em sua residência, na Marabá Pioneira, quando foi preso pela Polícia Civil nesta quinta-feira (24).
Ele foi condenado com mandante do crime e o caso chegou a ser levado para a Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH), que condenou o Brasil e o Estado do Pará pelo episódio. A transferência para Belém foi feita pelo Grupamento Aéreo de Segurança (Graesp) com escolta de policiais civis do Grupo de Pronto-Emprego (GPE), unidade tática da Polícia Civil.
A defesa do condenado pretende ingressar o mais breve possível com pedido de prisão domiciliar ou hospitalar alegando problemas de saúde do condenado, já idoso. O crime, ocorrido há mais de 30 anos, se deu quando as vítimas ocupavam um lote de terra da família Vergolino. O grupo foi atacado por pistoleiros armados, que mataram oito pessoas, inclusive um adolescente e uma mulher grávida.
Leia mais:A condenação de José Edmundo Ortiz Vergolino foi considerada um marco pelos movimentos sociais, já que antes somente pistoleiros eram levados a julgamento. O caso foi levado à Corte Internacional de Direitos Humanos pelo Centro Pela Justiça e o Direito Internacional e pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.
José Edmundo chegou a cumprir pena em 2006, no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), mas em seguida recebeu direito à prisão domiciliar. No ano seguinte as Câmaras Criminais Reunidas concederam alvará de liberdade provisória a ele. Há dois anos, em 2017, foi expedido um novo mandado de prisão definitivo, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.
Um acordo firmado em 2010 entre familiares das vítimas, o Estado Brasileiro e Estado do Pará obriga que o país reconheça a responsabilidade internacional por violação de direitos humanos e prenda os acusados.
Outro condenado foi Sebastião Pereira Dias, conhecido como “Sebastião da Terezona”, acusado de liderar as mortes. Ele chegou a ser preso, mas foi assassinado dentro da cadeia, em 2001, durante uma rebelião.
Também participaram do crime Raimundo Barros e Valdir Araújo, julgados à revelia porque estavam foragidos. A dupla foi apontada como assassina dos agricultores. As vítimas são João Evangelista Vilarina, Francisca Pereira Alves, Januário Ferreira Lima, Luiz Carlos Pereira de Souza e Francisca (que estava grávida) Souza, José Pereira da Silva (o Zé Pretinho), Valdemar Alves de Almeida e Nelson Ribeiro. (Luciana Marschall)