É perceptível a redução dos coletivos nas ruas de Marabá no decorrer dos dias. Na última terça-feira (22), o CORREIO revelou em primeira mão sobre a diminuição da frota das empresas TCA e Nasson, atém então não assumida pelas duas concessionárias. Dos 44 ônibus que circulam pelo município, apenas 30 estavam em plena atividade.
Na manhã de ontem (23), nossa a equipe de reportagem visitou alguns pontos de ônibus da cidade para ver de perto a realidade vivida dos usuários que dependem diariamente dos ônibus. Ao chegar nas paradas, as reações das pessoas eram as mesmas: irritação, frustração e muita indignação com a maior demora para conseguir uma condução.
Permanecemos cerca de 40 minutos em um ponto de ônibus localizado na Avenida VP-8 e, somente no momento em que a equipe do jornal se retirava, foi possível acompanhar um coletivo passando pelo local.
Leia mais:De acordo com a aposentada Antônia Costa de Souza (62), além de terem que esperar muitas vezes mais de uma hora por um ônibus, os usuários ainda precisam contar com a sorte quando um decide parar. “A gente está tendo que esperar mais de uma hora na parada. As vezes eles nem param. Outro dia precisei pegar um moto táxi para poder ir para minha casa”, desabafou.
Durante todo o momento que a equipe do CORREIO esteve presente no ponto de ônibus, as reclamações vinham de diversos usuários. Como foi o caso da auxiliar de farmácia, Roseane Lima, moradora do bairro Araguaia, que já aguardava há mais de 40 minutos pelo coletivo.
“O empresário não tem responsabilidade com a população. Isso é uma grande falta de respeito. Os ônibus são todos sucateados. Não culpo os funcionários porque eles apenas fazem o trabalho deles. Com certeza estão reduzindo a frota para diminuir os custos. Eles não estão pagando as pessoas”, declarou.
“Eles ainda querem aumentar o preço da passagem para R$ 3,60, sendo que não temos conforto, não temos a responsabilidade do empresário com a gente. Vai ficar mais caro que a passagem de Belém. A gente fica revoltado, indignado”, protestou.
Durante todo o dia de ontem, a reportagem tentou contato por telefone com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sul e Sudeste do Pará (Sintrarsul), Geraldo Dean Silva, sobre alguma atualização da redução da frota dos ônibus, mas não fomos atendidos.
Finais de semana
Segundo Roseane, a situação de espera pelos ônibus nos finais de semana consegue ser ainda pior. “Para vir trabalhar a gente conta com o ônibus, mas para voltar para casa, ele não passa. A gente chega a esperar duas horas no ponto. Já aconteceu de eu ter ficado das 11 horas da manhã até uma hora da tarde”, criticou.
Outra reclamação dos usuários de transporte público de Marabá são os pontos de ônibus sem acessibilidade para deficientes e idosos. “Na folha 8, as paradas não possuem lugar para a gente sentar. Já não bastasse a demora dos ônibus, ainda temos que aguentar os pontos sem assento. A gente fica com os pés doendo, a coluna, só faltamos morrer”, disse a aposentada Ester Barbosa (65).
“Para eu descer a calçada e pegar o ônibus, muitas vezes preciso da ajuda das pessoas. Os degraus são altos. A gente sofre desse jeito. O povo não dá valor para os aposentados, deficientes”, finalizou.
A reportagem do CORREIO enviou um e-mail para a Ascom da Prefeitura de Marabá para informações sobre a existência de algum projeto de acessibilidade para ser implantado nos pontos de ônibus, mas até o fechamento desta edição não obtivemos resposta. (Karine Sued)
Presidente do Sintrarsul cobra atitude da Prefeitura Municipal
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sul e Sudeste do Pará (Sintrarsul), Geraldo Dean Silva, cobrou posicionamento do prefeito municipal, Sebastião Miranda, e do Conselho Municipal de Transportes de Marabá, presidido pelo secretário municipal de Segurança Institucional, Jair Guimarães.
Em entrevista ao Portal Correio de Carajás e TV Correio (SBT) ele reiterou que as empresas TCA e Nasson, que operam o transporte público, reduziram desde a última segunda-feira (21) o número de carros nas ruas da cidade, o que foi negado ontem pela assessoria jurídica das empresas, mas confirmado por vários funcionários.
“Recentemente a empresa decidiu reduzir a frota de ônibus no município de 44 para 30 veículos. Se 44 já não estava suprindo o transporte público da cidade, imagine 30. Foi iniciativa da empresa, não entendemos isso. Alegam que há prejuízo, despesa muito grande”, diz.
Ele afirma que a situação tem sido constantemente repassada para o Poder Público e para o Conselho Municipal de Transporte. “O gestor público, o prefeito municipal, tem que tomar uma posição a respeito disso. O transporte está um caos, já não tem ônibus de qualidade, ainda mais com a redução da frota”.
Para ele, a Câmara Municipal de Marabá deveria convocar uma Assembleia Extraordinária para aprovar o projeto relacionado ao terminal integrado, uma forma de monetizar a empresa responsável pelo transporte. Além disso, acredita que seria obrigação da Prefeitura Municipal seja voltar a comprar vale-transporte dos servidores, o que foi retirado na gestão anterior. “Já que ele não quer abrir outro processo de licitação, o prefeito precisa dar estrutura financeira para as empresas”.
Questionado sobre como está a situação dos trabalhadores, Geraldo Dean afirma que há funcionários até com energia cortada por atrasados salariais. “A estrutura financeira da empresa está um caos, o trabalhador depende dessa renda e, com a redução dos ônibus, também não se consegue pagar os salários em dia”. Ao todo, 367 trabalhadores estão vinculados às empresas.
O Portal Correio de Carajás procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal para comentar as declarações e foi orientada a procurar diretamente o presidente do Conselho Municipal de Transportes, um dos representantes do município. O telefone de Jair Guimarães, no entanto, estava na caixa postal. (Luciana Marschall – com informações de Weliton Moreira)