Há mais de 40 dias, a família de Fabrício Torres, 16 anos, se reveza para acompanhar de perto a recuperação dele na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá (PA). A expectativa é que estejam próximos quando o jovem despertar do coma sofrido após um acidente automobilístico.
A presença dos familiares à beira do leito é uma estratégia adotada pela Unidade para humanizar ainda mais o atendimento e ampliar a qualidade da assistência à saúde. Além disso, é um dos resultados do projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, promovido pelo Ministério da Saúde com o apoio técnico do Institute for Healthcare Improvement.
Junto com o Hospital Regional de Marabá, outros 119 hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil participam da iniciativa, cujo objetivo é aperfeiçoar o atendimento ao paciente e reduzir os desperdícios e os custos hospitalares, a partir da diminuição de três Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (Iras) em UTIs: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), Infecção Primária da Corrente Sanguínea (ICVC) e Infecção do Trato Urinário (ITU).
Leia mais:De acordo com a diretora Assistencial do HRSP, Maria do Carmo Freitas, ao envolver a família no tratamento do paciente, é possível prepará-la para os cuidados que serão necessários após a alta hospitalar ou, no caso de usuários com poucas chances de sobrevivência e que acabam falecendo durante a internação, proporcionar um momento de despedida. “Quando a família está mais próxima, ela acaba ajudando a equipe e se torna parceira no tratamento. É um braço a mais para cuidar daquele paciente, não que ela vai fazer a função da Enfermagem, mas o paciente ficará mais tranquilo e aceitará melhor os cuidados recebidos”, explicou a gestora.
A supervisora da UTI Adulto do Hospital Regional de Marabá, América Brasilina, afirma que esse atendimento diferenciado também reflete na equipe. “A gente percebe um olhar diferenciado para o paciente e a certeza de que ele não é um número de leito da Unidade, mas sim o amor de alguém, um pai ou uma mãe, um filho, ou seja, ele é especial para muitas pessoas e precisamos cuidar dele de forma humanizada”, disse a colaboradora.
Quem também está sendo beneficiada pela estratégia é Patrícia Zuqueto da Silva, que foi internada na UTI devido a complicações no parto. Como a filha também está sendo atendida na Unidade, mas na UTI Neonatal, o marido dela, Edson, consegue ficar um bom tempo com as duas graças à visita estendida. “Das 7h às 16h ele fica com a nossa filha e, das 16h às 7h, fica comigo. Eu me sinto bem porque ele pode dar carinho a ela por nós dois e, à noite, que é quando me sinto mais solitária, ele fica comigo”, contou a paciente.
Além da visita estendida, o Hospital Regional de Marabá incentiva que os familiares escrevam cartas e tragam fotos de momentos especiais para serem expostas próximo ao paciente. Nesta semana, dona Joana Matos, 80 anos, recebeu uma carta do neto. Mas não foi somente ela que ficou feliz com as palavras dele. A equipe também se emocionou ao ler o texto para a paciente.
“Receber a carta do neto, que não pode visitá-la na UTI, é muito importante, porque faz com que ele esteja perto dela mesmo de longe. Então isso emociona a gente também, porque temos um carinho enorme por ela. Apesar de estar há mais de um mês internada e passando por uma situação difícil, a dona Joana sempre está com um sorriso no rosto e interage muito com a equipe”, explicou a técnica de Enfermagem, Nilcilene Santos.
Higiene bucal
Outra ação adotada pelo HRSP como parte do projeto colaborativo do Ministério da Saúde foi a implantação do Protocolo de Descontaminação da Cavidade Bucal. A iniciativa atende a pacientes da UTI submetidos a intubação orotraqueal, com o objetivo de reduzir os riscos de PAV.
Segundo o odontólogo da Unidade, Thiago Marques, nesses pacientes, a higiene bucal é feita, no mínimo, três vezes ao dia. “A intubação orotraqueal diminui a salivação do paciente e incapacita a mastigação, podendo produzir o acúmulo de biofilmes, importante reservatório de patógenos. Se broncoaspirados, eles podem levar à Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica”, afirmou o colaborador.
Sobre a Unidade
Referência em atendimento de média e alta complexidades, o Hospital Regional do Sudeste do Pará possui 115 leitos, sendo 77 de Unidades de Internação e 38 de Unidades de Terapia Intensiva. Abrange uma população superior a 1 milhão de habitantes em 22 municípios paraenses.
Com perfil cirúrgico e habilitação em Traumato-ortopedia pelo Ministério da Saúde, a Instituição oferece atendimento gratuito nas especialidades de Cardiologia, Cirurgia Buco-maxilo-facial, Cirurgia Plástica Reparadora, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Fisioterapia, Infectologia, Medicina Intensiva adulto, pediátrica e neonatal, Nutrição, Obstetrícia de Alto Risco, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Urologia, Neurocirurgia, Terapia Ocupacional, Traumato-ortopedia, Nefrologia e Anestesiologia.
De janeiro a novembro de 2018, a Unidade realizou mais de 160 mil atendimentos, entre internações, consultas especializadas, exames, cirurgias e atendimentos multiprofissionais. A média de satisfação dos usuários nesse período é de 97,4%. (Divulgação/Ascom HRSP)