Correio de Carajás

Real Madrid e Al Ain disputam hoje a final do Mundial de Clubes

Criado no início dos anos 60 e repaginado pela Fifa na década passada, o Mundial de Clubes pode estar com os dias contados. Ou, ao menos, no formato que adotou a partir de 2005. O fato é que a edição de 2018 termina com algumas dúvidas e uma certeza: o campeão deste ano realizará um feito inédito.

O Real Madrid vai a campo neste sábado em busca de um inédito tricampeonato em sequência, enquanto o Al Ain espera se tornar o primeiro vencedor de fora da Europa e da América do Sul.

Esta final é, muito possivelmente, a mais contrastante da história do torneio. Com elenco avaliado em € 971 milhões (R$ 4,315 bilhões), o Real Madrid não apenas busca se tornar o primeiro tricampeão em sequência como também tenta conquistar o sétimo título mundial na história, algo que nenhum outro clube conseguiu.

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Times que disputaram três finais seguidas

  • Estudiantes: 1968 (venceu o Manchester United), 1969 (perdeu para o Milan) e 1970 (perdeu para o Feyenoord)
  • Independiente*: 1972 (perdeu para o Ajax), 1973 (venceu a Juve) e 1975 (não acertou uma data com o Bayern)
  • Real Madrid: 2016 (venceu o Kashima) , 2017 (venceu o Grêmio) e 2018 (encara o Al Ain)

* Não houve uma edição em 1974

Já todo o elenco do Al Ain, mesmo com o dinheiro investido pelos xeiques, vale € 15,5 milhões (R$ 69 milhões). Na frieza dos números, o time merengue vale 62,65 vezes a mais que seu adversário. O jogador mais valioso do elenco anfitrião é o experiente atacante Marcus Berg, jogador de 32 anos que defendeu a Suécia na última Copa, avaliado em € 4,5 milhões (R$ 20 milhões).

Só o elenco merengue tem 20 atletas que valem mais de € 10 milhões (R$ 44,5 milhões), entre eles Bale, o autor do hat-trick diante do Kashima que levou o Real à decisão. Ele, Asensio, Kroos e Varane valem, cada um, € 80 milhões (R$ 355,5 milhões).

“Eu sempre quero ganhar. Em todos os jogos e por todas as equipes. Mas eu tenho que estar ciente de que a diferença entre os dois times é como um carro Smart para um Mercedes”, disse o técnico do Al Ain, o croata Zoran Mamic.

Tal discrepância é apontada como um dos fatores que levaram a Fifa a considerar um novo formato para o Mundial. Outros questionam a relevância do torneio. O “New York Times”, por exemplo, escreveu uma matéria na qual questiona a relevância do campeonato e critica a disparidade técnica entre os dois finalistas.

Questionado sobre o assunto, o capitão do Real Madrid, Sergio Ramos falou que o simples fato de ter uma taça em jogo tira qualquer caráter amistoso da partida. Mas o ineditismo da possível conquista dá um peso ainda maior.

– O currículo de qualquer um de nós está aí e continuará de pé até que nos aposentemos. Temos uma nova oportunidade de ser campeões. E nós podemos fazer isso pela terceira vez consecutiva. Nós já demos um grande passo e enfrentamos a final empolgados e ansiosos para voltar para casa com essa recompensa depois de uma longa viagem. Antes das férias, seria bom voltar para casa com esse título – disse o capitão, lembrando que o Real só volta a jogar no ano que vem.

Enquanto Sergio Ramos e os jogadores merengues garantem que estão motivados com a chance de fazer história com a conquista de um inédito tricampeonato, o técnico do Real Madrid, o argentino Santiago Solari, recorda de jogos que marcaram sua juventude para destacar a importância do torneio.


Jornais espanhóis destacam final do Mundial — Foto: Reprodução / Marca / AS

Futuro incerto

A Fifa ainda não sabe qual será o novo formato do torneio ou tampouco bateu o martelo se realmente fará mudanças significativas (apesar de ser essa a tendência, já que ele sequer está previsto no calendário de 2019, assim como não há qualquer sede definida). O contrato atual está em fase final, e foi criado um grupo de estudos para apresentar uma nova proposta no próximo encontro da entidade, em 14 de março de 2019, em Miami.

Na sua derradeira reunião, em outubro na Ruanda, a Fifa incluiu na pauta duas novas propostas para o Mundial de Clubes: todo ano ou a cada quatro. Em abril, numa reunião do conselho em Bogotá, a ideia era de um torneio com 24 clubes, sempre no ano anterior à Copa do Mundo, com 18 dias de duração. As mudanças voltaram a ser discutidas em junho, durante a Copa da Rússia, mas sem avanços.

Algumas confederações como a Conmebol pediram mais vagas. Outras, como a Uefa e as ligas europeias, também se manifestaram contra, mas motivos distintos. Diferentemente da Fifa, cujo faturamento vem quase todo da Copa do Mundo, a entidade que controla o futebol no Velho Continente lucra mais com seus torneios de clubes – especialmente a Liga dos Campeões. As mudanças seriam uma ameaça a sua principal atração.

Três séculos de busca por um campeão mundial

O fato é que um torneio para decidir o campeão mundial de clubes vem de longa data e, bem antes dos anos 60, já buscava um formato adequado. O site “Impedimento”, que tem uma conta no Twitter especializada em futebol sul-americano, fez um levantamento aprofundado de algumas tentativas, a primeira delas em 1887 com a Football World Championship – numa busca frustrada de confrontar os vencedores da Copa da Inglaterra e da Escócia.

A Fifa foi criada quase 20 anos depois, em 1904, e apenas em 1909 fez um esboço de uma competição internacional (ou, ao menos, europeia) com italianos, suíços, alemães e ingleses, que se consideravam muito superiores aos demais. Apenas na década de 50 os clubes sul-americanos entrariam na jogada com a Copa Rio, no Brasil, e a Pequeña Copa del Mundo, na Venezuela. Poucos anos depois, com torneios continentais na Europa e na América do Sul, a Copa Intercontinental deu início em 1960. Abaixo um pequeno recorte do belo levantamento.

As prováveis escalações na decisão

  • Real Madrid: Courtois; Carvajal, Varane, Sergio Ramos e Marcelo; M. Llorente, Kroos e Modric; Lucas Vázquez, Bale e Benzema.
  • Al Ain: Eisa; Ahmad, Ahmed, Fayez e Shiotani; Doumbia, Barman e M. Abdulrahman; El Shahat, Caio Lucas e Berg.
  • Juiz: Jair Marrufo (Estados Unidos)
  • (Fonte:G1)