A Polícia Civil do município de Jacundá prendeu Diérico Cardoso de Sousa na manhã da última quinta-feira (20). Ele é o principal suspeito pela morte da professora Lucinéia Alves dos Santos, 46 anos, morta com requintes de crueldade na tarde do dia 16 de outubro no estabelecimento comercial da vítima. O crime repercutiu na cidade.
A Polícia chegou ao acusado através de uma investigação do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil (NIP) e ganhou o nome de “Operação Desafio” devido a complexidade para identificar o autor do crime. Durante a investigação sigilosa, duas pessoas registraram boletim de ocorrência na Depol de Jacundá contra um homem que se identificava como “Luciano”, que se dizia familiar de Néia e realizava cobranças supostamente de compras efetuadas na loja da comerciante.
Com o número do aparelho que originou as ligações, o NIP cruzou com o IMEI do aparelho da vítima, que havia sido roubado no dia do crime. “E mostrou-se que as ligações foram feitas do aparelho da dona Néia”, explica o delegado Sérgio Máximo. Segundo ele, a Justiça de Jacundá autorizou a intercepção das ligações após pedido de quebra de sigilo telefônico do suspeito.
Leia mais:Na quarta-feira, 19, a Justiça decretou a prisão do suspeito, que procurado em sua residência no Bairro Aparecida, não foi encontrado. “Os investigadores deixaram uma intimação para que ele se apresentasse na Delegacia para esclarecer o roubo de um cachorro”, diz o delegado.
Diérico compareceu na Depol na manhã de quinta-feira, às 9h, e recebeu voz de prisão pelo assassinato da professora. Inicialmente negou com veemência a autoria do crime. “Quando mostramos as provas contra ele, o suspeito confessou e detalhou o crime”. A prisão foi efetuada pela equipe plantonista composta pelos investigadores Israel e Raphael.
CONFISSÃO
Diérico contou que antes de cometer o crime, a comerciante foi ao endereço do suspeito fazer uma cobrança de uma dívida contraída por sua esposa, que estava ausente. E o teria flagrado com uma amante. “Eu tava com outra moça, ela viu e deu uma risada irônica. Dias depois a vi na rua e ela me viu. Ela falou que não ia comentar, mas era pra eu tomar cuidado”.
O homem detalhou que no dia do crime bebeu algumas doses de cachaça e se dirigiu ao estabelecimento da vítima para pedir que Néia não comentasse com ninguém a infidelidade conjugal. “Não vou falar nada, mas toma muito cuidado”, teria dito a mulher minutos antes de ser morta. Foi quando ele a ameaçou: “Se tu falar alguma coisa pra ela (esposa) e ela me largar, a gente se acerta”. Depois disso, ele teria dado um soco na mulher, que caiu no piso.
Diérico relata que houve poucas palavras entre os dois, e quando decidiu sair da loja e ao passar pelo balcão de atendimento constatou que havia um canivete (punhal) em cima da mesa. “Voltei e atingi ela”. Na cena do crime a perícia cientifica recolheu material biológico para análise.
MORTE
A professora Lucinéia Alves dos Santos foi encontrada morta no estabelecimento comercial de sua propriedade, localizado na Avenida Cristo Rei, centro da cidade, no dia 16 de outubro. Na cena do crime havia diversos documentos espalhados no piso, uma vitrine de vidro estilhaçada, gavetas reviradas. Um punhal, que é uma pequena arma branca, de lâmina curta, estreita, penetrante e cortante, e cabo em forma de cruz, estava debaixo de uma bolsa de acessórios de uso pessoal da mulher, e possivelmente utilizada para lhe tirar a vida com diversos golpes pelo corpo.
A vítima havia ingressado na rede municipal de ensino através de concurso público. Sua nomeação para lecionar na escola Arco-Íris foi publicada em agosto. “Era o maior sonho de Néia ensinar as crianças. Ela até pretendia adotar uma criança já que estava empregada”, contou uma amiga da vítima. (Antônio Barroso/Freelacer)
SAIBA MAIS
No dia 25 de outubro Diérico foi preso acusado de roubar um cão da raça Chow chow, que chega a custar R$ 2 mil. O animal foi furtado um dia antes da morte de Néia. Mas a Polícia Militar o recuperou e entregou ao verdadeiro dono. No entanto, o acusado contou uma história emocionante e demonstrando arrependimento, Diérico afirma que uma filha aniversariou no dia 24 de outubro e para presenteá-la resolveu comprar o animal de um amigo que havia lhe oferecido.