Correio de Carajás

Jovem de Marabá é agredida em São Luís e atropelada após ataque

Thays está internada em estado grave em um hospital de São Luís
Por: Ulisses Pompeu com informação do Meio Norte

Um grave caso de violência contra a jovem Thays Rodrigues, de Marabá, chocou São Luís na noite de 29 de novembro, após a final da Copa Libertadores. Ela teria sido brutalmente agredida pelo ex-companheiro, Juarez Victor, também de Marabá, e acabou atropelada ao tentar escapar da violência, no bairro Angelim, em São Luís, no Maranhão.

A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS conversou nesta quarta-feira (17) com uma amiga íntima e confidente de Thays Rodrigues, que contou detalhes do relacionamento marcado por violência psicológica no período de dois anos em que eles moravam juntos aqui. Sentindo-se ameaçada, ela decidiu ir embora para São Luís-MA, onde já havia residido anteriormente.

A jovem saiu de Marabá no início de novembro e tentava uma nova vida sem o ex-companheiro em São Luís

Na capital maranhense, a jovem conseguiu um emprego como gerente de uma loja e estava animada com o trabalho. Todavia, a amiga lamenta que fora a própria Thays quem convidou Juarez para ir passar uns dias em São Luís. Ele chegou à capital maranhense na quinta-feira, dia 27 de novembro. “Eles ficaram por lá só como flashback. No sábado, foram assistir ao jogo da final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras em um bar. Lá, ele fez uma foto com ela, postou em seu Instagram, mas Thays não quis repostar. Foi aí que começou toda a briga.

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Eles discutiram ainda no bar, ela voltou para a casa da amiga dela e proibiu a entrada dele no apartamento. Ele foi para lá, ligou, pediu pra ela descer, e quando Thays chegou, ele a agrediu, e uns rapazes vieram em cima e o Victor jogou o celular dela no meio da pista. Atordoada, depois dos murros, ela levantou, foi atrás do celular, e aí o carro a atropelou”, conta a amiga de Thays.

Thays e Victor moraram juntos por cerca de dois anos e uma briga acabou em uma tragédia; ele nega a agressão

A mesma jovem entrevistada pelo CORREIO diz que diz que Juarez Victor “morre alegando que não bateu nela, mas o vídeo que o próprio postou entrega ele. Se não estava batendo nela, por que os guris correram pra cima dele, como mostra um dos vídeos?”, questiona.

Segundo divulgado pelo portal Meio Norte, grande referência da comunicação em São Luís, em frente ao prédio em que Thays estava, Juarez Victor passou a insultar e agredir Thays fisicamente. Durante o ataque, o agressor teria tomado o celular da vítima e arremessado o aparelho para longe. Ao tentar se afastar e recuperar o telefone, Thays correu em direção à Avenida Jerônimo de Albuquerque, onde acabou sendo atropelada por um veículo conduzido por um motorista até então não identificado.

A Reportagem do Correio teve acesso, também, aos áudios de um rapaz chamado André Ribeiro, que mora no mesmo prédio em que Thays estava e onde teriam ocorrido os espancamentos. Ele conta, inclusive em seu Instagram, que presenciou o espancamento e que ajudou evitar que eles continuassem. “Eu tava presente no momento em que os meninos correram porque ele estava dando murros nela. Fui o último a correr porque a porta trancou. Inclusive, tinha um homem se identificando como policial, tentando dar fuga a ele, mas eu não deixei. Eu fiz o boletim de ocorrência e fiquei assustado ao saber que ele foi liberado no dia seguinte, sendo que Maria da Penha é crime inafiançável”.

Foto: Reprodução

Outra testemunha que presenciou toda a ação, e que pediu para não ser identificada, relatou que o atropelamento ocorreu logo após uma sequência de agressões. “Ela foi atacada, teve o celular jogado na rua e, ao tentar fugir do agressor, correu pela via e foi atingida por um carro. O que aconteceu não pode ser tratado como um acidente, mas como consequência direta da agressão”, afirmou.

Estado de saúde é grave

Thays Rodrigues foi socorrida em estado gravíssimo e encaminhada ao Hospital Socorrão I, no Centro de São Luís. De acordo com informações médicas, ela sofreu hemorragia intracraniana, fratura exposta na perna, passou por cirurgia de emergência e permanece em coma, tendo sido submetida a uma traqueostomia. O estado de saúde é considerado grave.

Agressor segue em liberdade

Juarez Victor segue em liberdade, o que tem causado indignação – tanto em São Luís quanto em Marabá. A revolta aumentou após um tio do suspeito, empresário do setor hoteleiro em Marabá, publicar um vídeo nas redes sociais, dizendo que o sobrinho sofrera um acidente anos atrás, em que um amigo morreu. Victor teve traumatismo craniano e, desde então, não pode mais tomar bebida alcóolica. Quando acaba bebendo, surta e fica agressivo.

Esta semana, o próprio Juarez Victor gravou vídeo para apresentar sua versão sobre o acidente de sua ex-companheira. De acordo com Victor, que mora na Cidade Nova, em Marabá, ele não agrediu a ex-mulher, mas contraditoriamente, alega que arremessou o aparelho celular dela em meio à Avenida Jerônimo de Albuquerque, no bairro do Angelim, em São Luís. “Foram criadas muitas narrativas, muitas versões, mas não toquei nela, não agredi ela. Ela vai até o celular numa boa. Ela teve uma melhora hoje, graças a Deus. Respondeu algumas coisas, teve alguns movimentos. Ela vai melhorar. A gente começou a discutir, peguei o celular e joguei para longe, para ela sair de cima de mim. Chegou um pessoal e ela segue andando, não tem trânsito, mas vem um cara bêbado e atropela ela, porque estava alcoolizado”, encerra Juarez Victor.

Embora ele negue, uma funcionária do condomínio onde ocorreu o acidente diz que Thays Rodrigues foi agredida fisicamente e, também, verbalmente por Victor. A Reportagem do CORREIO também recebeu vários áudios de uma funcionária do prédio em que Thays morava, pedindo pra ela não ir ao encontro de Juarez Victor. A mulher confirma que, ao tentar fugir da situação de violência, Thays correu sentido Avenida Jerônimo de Albuquerque, ocasião que foi atropelada por um carro Fiat Uno Vivace, conduzido por um desconhecido, placa NWS 5867.
Quem está em São Luís para acompanhar a jovem são a mãe e um irmão de Thays. A família mora na região das Quatro Bocas, zona rural entre Marabá e Itupiranga. A moça veio para Marabá em busca de trabalho. Aqui, seu último emprego foi na loja Crosby, que fechou pouco antes de ela seguir para São Luís.

Segundo a amiga íntima de Thays, ainda em Marabá, ela também cursava técnico de enfermagem e trabalhava como maquiadora e produzia doces para vender. “Antes de ser vítima desse crime, ela estava só há duas semanas em São Luís, onde trabalhava como gerente de uma loja. Havia alugado um apartamento e estava organizando para vir buscar as coisas dela em Marabá”, detalha a amiga.