Correio de Carajás

Acusação afirma que Sara agiu com intenção de matar e pede condenação

Promotora Cristine Magella aponta premeditação e frieza de Sara durante o ataque a Ana Beatriz / Foto: Reprodução
Por: Luciana Araújo

Na reta final do julgamento de Sara Nunes, ré pelo assassinato de Ana Beatriz Machado, ocorrido em 2024, a promotora Cristine Magella, representante do Ministério Público, iniciou sua sustentação oral rejeitando a tese de que a acusada não teve a intenção de matar. O Tribunal do Júri ocorre nesta quinta-feira (4), no Fórum Municipal.

Em sua fala, a promotora argumentou que Sara saiu de casa armada com uma faca para resolver uma desavença iniciada nas redes sociais, e não apenas para conversar ou assustar a vítima, como a ré havia afirmado em depoimento.

Magella ressaltou que conflitos cotidianos não devem ser resolvidos com violência e lembrou que o crime deixou não apenas uma vítima fatal e um ferido, mas também uma terceira pessoa impactada: o dono do bar, que, ao tentar intervir, teve seu estabelecimento marcado pela tragédia.

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Durante a argumentação, a promotora contestou as novas versões apresentadas pela ré durante o julgamento, como a alegação de que estaria sob efeito de cocaína — um ponto que jamais havia sido mencionado no processo ou comprovado por laudos. Magella exibiu um vídeo do ataque, afirmando que as imagens demonstram a frieza da acusada. Na gravação, Sara chega de forma tranquila, arruma o cabelo e inicia as agressões sem dar qualquer chance de defesa à vítima. A promotora destacou ainda o número e a intensidade dos golpes, reforçando a tese de que a ação foi intencional.

No aspecto jurídico, Magella afirmou não haver elementos que sustentem as teses de legítima defesa, homicídio privilegiado ou lesão corporal seguida de morte. Segundo ela, Sara foi ao encontro da vítima, percorreu um longo trajeto até o bar e teve tempo suficiente para refletir sobre seus atos. A promotora também retomou as acusações de lesão corporal e fraude processual, apontando a exclusão de mensagens e o uso de aplicativos de limpeza no celular para eliminar provas.

Após a promotora, o assistente de acusação, advogado Diego Adriano Freires, tomou a palavra. Ele afirmou que a imagem de fragilidade apresentada por Sara no tribunal não corresponde ao comportamento que ela exibia em vídeos antigos, publicados em suas redes sociais. Nas gravações, a ré aparece fazendo ameaças, mencionando armas e usando expressões que, segundo ele, reforçam uma postura agressiva.

Freires também argumentou que o trajeto percorrido por Sara até o local do crime comprova a premeditação. Ele exibiu aos jurados o caminho entre a casa da ré, próxima à Unidade I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e o bar onde Ana Beatriz estava. Para o advogado, o tempo de deslocamento enfraquece a tese de “violenta emoção”, indicando que a ré teve a oportunidade de desistir, mas escolheu prosseguir com o ataque. O assistente apresentou, ainda, um laudo neuropsicológico que descreve Sara como uma pessoa com “agressividade direcionada e frieza”, além de fotos da necropsia que evidenciam lesões em órgãos vitais.

A fala da acusação terminou com um apelo emocional. Freires leu um poema escrito pela mãe de Ana Beatriz, intitulado “Sonhos”, que relata a dor da família diante da perda. O advogado antecipou que a defesa pediria clemência, mas contrapôs que a ré não demonstrou misericórdia no momento do crime. Ao encerrar sua sustentação, pediu aos jurados a condenação de Sara por todos os crimes apontados pelo Ministério Público.