Correio de Carajás

Expectativa pelo 1º dia de atendimento de João de Deus após denúncias de abuso sexual leva turistas a Abadiânia

Excursões de vários estados brasileiros e até do exterior chegaram nesta quarta-feira (12) a Abadiânia, em Goiás, em busca de atendimento do médium João de Deus. Há a expectativa pelo 1º dia de trabalho após as denúncias de abuso sexual contra ele, as quais o médium nega. Os atendimentos dele acontecem somente às quartas, quintas e sextas.

“A gente acredita no poder de cura deste lugar. E a casa acaba sendo maior do que estas coisas que vão surgindo, então eu me sinto segura e tenho fé de que aqui encontro auxílio e suporte para os problemas que enfrento”, disse uma mulher do interior de São Paulo, que não quis se identificar.

Os portões da Casa Dom Inácio de Loyola se abriram às 5h15. No entanto, a movimentação de visitantes só se intensificou por volta de 7h, quando vans e ônibus começaram a chegar com excursões. Os trabalhos se iniciaram às 9h. Ele chegou meia-hora depois, se declarou inocente e saiu.

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Atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás, começam sem João de Deus nesta quarta-feira (12) — Foto: Murillo Velasco/G1

Atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás, começam sem João de Deus nesta quarta-feira (12) — Foto: Murillo Velasco/G1

G1 apurou que, entre os frequentadores da casa nesta manhã, havia a presença, além de brasileiros de diferentes estados, holandeses e norte-americanos.

Por volta de 7h30, um ônibus de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, havia desembarcado cerca de 40 pessoas. A maioria delas relatou informalmente ao G1 que veio em busca de tratamentos para problemas de saúde, como câncer, doenças respiratórias e outras enfermidades.

MP de Goiás já recebeu 206 denúncias contra médium João de Deus, acusado de abuso sexualBom Dia Brasil–:–/–:–

MP de Goiás já recebeu 206 denúncias contra o médium João de Deus, acusado de abuso sexual

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A instituição foi fundada pelo médium em 1976. Ele realiza atendimentos espirituais às quartas, quintas e sextas-feiras, recebendo pessoas de todo o país do mundo em busca de amparo para problemas de saúde de diversos tipos.

O local ficou mundialmente conhecido depois que artistas de Hollywood foram ao local em busca de atendimento. Além disso, ex-presidentes da República, governadores, políticos e atores brasileiros também frequentam a casa em busca de cura para enfermidades.

Denúncias

Forças-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) começaram na segunda-feira (10) a investigar as denúncias contra João de Deus, depois que o programa Conversa com Bial divulgou o relato de 10 mulheres que disseram ter sido abusadas sexualmente pelo médium. Em um período de 30 horas, mais de 200 pessoas denunciaram o médium.

O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.

Funcionários chegam para trabalhar na Casa Dom Inácio de Loyola em Abadiânia, Goiás — Foto: Murillo Velasco/ G1

Funcionários chegam para trabalhar na Casa Dom Inácio de Loyola em Abadiânia, Goiás — Foto: Murillo Velasco/ G1

João de Deus nega acusações

O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos.

“Muito enfaticamente ele nega. Ele recebe com indignação a existência dessas declarações, mas o que eu quero esclarecer, que me parece importante, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse.

Além disso, o advogado esclareceu que o padrão de João de Deus era atender a todos em grupo. “Eventualmente atendeu alguma pessoa, alguma autoridade sozinho, isso é um episódio localizado. Mas pessoas, mulheres, crianças em geral, eram atendidas coletivamente diante de um grande número de pessoas”, continuou.

Por fim, disse que o cliente vai colaborar com as investigações. “Achamos que tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade e nós esperamos que isso aconteça para que a verdade venha à tona”, concluiu Toron.

G1