Correio de Carajás

Dnit falha com três pórticos e desvio na ponte registra acidente fatal em Marabá

Ainda não há previsão para liberação e definição sobre o que será feito na ponte inaugurada em 2011 Fotos: Evangelista Rocha
Por: Ulisses Pompeu

A intervenção emergencial do DNIT na ponte sobre o Rio Itacaiunas completa duas semanas sem previsão de encerramento e já mergulhou Marabá em um cenário de insegurança e caos no trânsito. A interdição parcial de uma das duas pontes, somada à destruição de três pórticos instalados para impedir o acesso de veículos pesados, resultou em congestionamentos diários, descumprimento sistemático das regras e, neste domingo (30 de novembro), culminou em uma tragédia. Um motociclista morreu após colidir frontalmente com um veículo no trecho que opera em mão invertida, evidenciando o nível de risco ao qual condutores estão expostos enquanto o órgão federal prolonga as análises estruturais da via.
Já se passaram 14 dias de intervenção para averiguação estrutural, e ainda não há definição sobre o que será feito para recuperar a ponte.
Como divulgado por este CORREIO, na última sexta-feira (28) o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) recolocou um terceiro pórtico que limitava o acesso de caminhões e veículos longos na pista. A medida foi adotada após motoristas descumprirem a sinalização que liberava a ponte nova apenas para carros de passeio e motocicletas.

A nova estruturação feita pelo DNIT criou um desvio para caminhões e veículos longos à esquerda, na ponte velha

Durante os trabalhos, o tráfego na ponte nova estava restrito a veículos leves. Caminhões e carretas eram desviados para a ponte antiga, que operava em sistema de ida e vinda. Em comunicado, o DNIT já havia informado que, caso houvesse novo descumprimento da sinalização reforçada no local, a ponte seria totalmente bloqueada, o que provocaria impacto ainda maior no trânsito.
Com a violação da medida, a via foi bloqueada no domingo (30), mas voltou a ser liberada para veículos leves na manhã desta segunda-feira (1º).

DA INTERVENÇÃO

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O Correio de Carajás acompanha de perto o trabalho de análise realizado na ponte da Cidade Nova. Inaugurada em 2011, na gestão de Maurino Magalhães, a interferência é preventiva e ocorre após a verificação de uma flexão, espécie de curvatura ou afundamento na estrutura.
A ponte é monitorada pelo DNIT desde 2017, ano em que o Correio de Carajás publicou uma reportagem alertando para um afundamento perceptível no trecho central, que apresentava leve depressão na pista de rolamento. Na ocasião, também foi registrada na parte inferior uma rachadura que atravessava toda a largura da estrutura.A trinca foi descartada por especialistas de Brasília e identificada apenas como junta de concretagem, mas a flexão permaneceu em vigilância. Após análises, o órgão optou por uma interdição parcial da via, como medida de precaução, retirando o peso da ponte nova e realocando caminhões para a ponte velha. No entanto, o caso se transformou em uma novela.
Três pórticos foram instalados na mesma semana e as estruturas, fixadas em concreto, foram quebradas por caminhoneiros que ignoraram a sinalização. Embora o trecho estivesse reservado a veículos de até quatro toneladas, a determinação não foi respeitada.

Três pórticos foram instalados na via e quebrados na mesma semana

A medida adotada consiste em transferir a carga excessiva da ponte nova para a ponte velha, que passou a operar em mão dupla. Após a conclusão da investigação, o DNIT decidirá se manterá a nova configuração com adaptações e reforço estrutural.
Após quase 15 dias, o foco é definir um plano de intervenção, o que depende da conclusão da avaliação técnica realizada por profissionais de Brasília. O prazo deverá ser estendido para continuidade da análise estrutural.

ACIDENTE FATAL

Após 14 dias de interdição, vários acidentes já foram registrados sobre a ponte, mas na tarde deste domingo uma pessoa morreu. Marcelo de Oliveira Costa, de 43 anos, faleceu após colidir de frente com um Jeep Willis que trafegava no sentido contrário, na ponte sobre o Rio Itacaiunas, na Transamazônica.

Marcelo era servidor público e atuava como agente patrimonial no Departamento de Segurança Patrimonial (DMSP) desde abril de 2006.

O acidente foi registrado no domingo (30) e vitimou o motociclista Marcelo de Oliveira Costa

O acidente foi registrado por uma câmera de monitoramento. Nas imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver o momento em que a vítima trafegava pela faixa da esquerda, que atualmente funciona como mão contrária na ponte. Embora a rodovia seja duplicada, a ponte nova sobre o Rio Itacaiunas está parcialmente interditada pelo DNIT. Por esse motivo, o tráfego é desviado para a ponte velha, que opera temporariamente com apenas uma faixa para cada sentido, em sistema de vai e vem.

O condutor Luiz Henrique Costa reclama que o Dnit deveria manter agentes de trânsito 24 horas na cabeceira da ponte para orientar os condutores, principalmente quem não é daqui e está apenas passando pela cidade, como ocorre com muitos caminhões. “Sem contar que a sinalização não orienta tão bem como deveria e isso tem causado os acidentes já registrados”, disse ele.

O Correio de Carajás solicitou ao setor de comunicação do DNIT atualizações sobre a vistoria, a prorrogação da análise e o relatório final destinado à população, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.