Correio de Carajás

Black Friday em Marabá: Procon intensifica caça à “metade do dobro”

Zélia: “É uma pena ver um consumidor que economizou o ano inteiro cair em golpe”/Foto: Evangelista Rocha
Por: Kauã Fhillipe

A temporada de promoções da Black Friday já movimenta o comércio em Marabá. Nas vitrines, frases como “Liquida Black” e “Black November” se espalham em banners chamativos, anunciando descontos tentadores. Porém, junto das ofertas reais, ainda há práticas enganosas de comerciantes que tentam aplicar a conhecida tática da “metade do dobro”: elevar preços semanas antes e reduzi-los no período da promoção, simulando descontos inexistentes.

Para orientar os consumidores e mitigar fraudes, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Marabá intensificou as ações de monitoramento. Zélia Souza, coordenadora do órgão, reforça, em entrevista ao Correio de Carajás, que o marabaense está cada vez mais atento às armadilhas do mercado.

“Já tem um bom tempo que a gente vem orientando o consumidor. Hoje, o consumidor marabaense pesquisa preços antes, ele já está vacinado”, afirma Zélia. Segundo ela, a educação contínua promovida pelo órgão contribuiu para mudanças no comportamento de compra. Muitos consumidores começam a acompanhar preços meses antes da Black Friday, geralmente a partir de agosto, criando seu próprio histórico para identificar possíveis fraudes.

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Monitoramento e práticas enganosas

O Procon também realiza acompanhamento prévio de preços. “Identificamos estabelecimentos locais que elevam o valor do produto 45 dias antes, depois reduzem na semana da promoção e voltam ao preço original, sem desconto real”, denuncia a coordenadora. Em 2023, uma loja chegou a ser autuada pela prática, e continuará sob vigilância neste ano.

Durante toda a Black Friday, equipes do Procon estarão em campo para fiscalizar, verificar denúncias e confirmar se as ofertas correspondem à realidade. “Esse é o papel do Procon: fazer respeitar o consumidor”, reforça.

Compras online: atenção redobrada

O número de consumidores que compra pela internet cresce a cada ano e, junto disso, aumentam os golpes. “Desconto milagroso costuma ser golpe”, alerta Zélia. Entre os casos recorrentes, estão compras pagas para pessoas físicas, sites desconhecidos com ofertas irreais e falta de verificação prévia da reputação da loja

Ela recomenda que o consumidor sempre consulte plataformas como Reclame Aqui antes de efetuar a compra. “Se tem reclamação dessa empresa, fuja dela. Ela não vai ser diferente com você”, destaca. O Procon também reforça que pagamentos nunca devem ser feitos a pessoas físicas quando a compra é informada como sendo de uma empresa.

Quando o golpe é comprovado, o órgão realiza autos de infração de ofício, principalmente quando o consumidor apresenta prints e registros da negociação.

Direito de arrependimento e cuidados na compra física

Outro ponto que causa dúvidas é o famoso prazo de sete dias para devolução. Zélia reforça que o direito de arrependimento só vale para compras fora do estabelecimento físico (internet, telefone ou catálogo).

No comércio presencial, a troca só é obrigatória se o produto tiver defeito. Caso a loja ofereça troca por cortesia, o consumidor deve exigir que isso seja registrado na nota fiscal. “Peça o carimbo. Se a loja diz que troca em sete dias, ela precisa formalizar isso”, explica.

O consumidor também deve verificar o produto ainda na loja. Muitos problemas, como amassados e riscos, só são notados em casa e, nesse caso, a troca pode não ser garantida.

Fiscalizações, penalidades e funcionamento do Procon

As multas aplicadas pelo Procon variam de 500 a 5.000 UFMs, e cada UFM equivale a R$25,85. A Unidade Fiscal do Município (UFM) é um valor definido pela prefeitura e utilizado como base para calcular multas e taxas. “Eu sou taxativa na lei. Se a infração prevê 500 UFMs, vamos aplicar 500 UFMs”, afirma Zélia.

No dia da Black Friday, o órgão contará com duas equipes nas ruas e outra de plantão, das 8h às 18h, disponível para atender denúncias. O telefone para contato é (94) 98137-5603 e para denúncias presenciais é necessário ter em mãos documentos pessoais, comprovante de endereço e o documento que gerou o vínculo como nota fiscal, contrato, boleto, etc.

Os segmentos que mais registram problemas são, segundo a coordenadora, as lojas de eletrodomésticos. “O consumidor passa o ano inteiro planejando e não podemos tolerar comportamentos indignos ou publicidade enganosa no nosso município”, destaca.

O atendimento do Procon é imediato. Assim que a denúncia chega, a equipe vai ao local para apurar e conduzir a solução. “Nós estamos aqui para dar cobertura ao consumidor. O Procon Marabá funciona”, afirma Zélia Souza.

Ao final, Zélia lembra que todos são consumidores, inclusive ela. Por isso, manter a política pública de defesa do consumidor é também um compromisso com toda a cidade.