Correio de Carajás

Julgamento do tatuador Will Sousa será na próxima segunda e a portas fechadas, em Marabá

A decisão do TJPA é uma resposta ao pedido de desaforamento feito pela defesa do réu

Willian Sousa é réu pelo assassinato da tatuadora Flávia Alves, ocorrido em abril de 2024
Por: Luciana Araújo

Na manhã desta sexta-feira (14), a Justiça paraense decidiu que o julgamento de Willian Araújo Sousa, conhecido como “Will Sousa”, acusado do assassinato da tatuadora Flávia Alves, será a portas fechadas. O júri deve acontecer já na segunda-feira (17), em Marabá, e não será aberto para a imprensa nem ao grande público, a transmissão online na plataforma do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) também foi vetada.

O Correio de Carajás recebeu informações de que o Tribunal de Justiça não acatou o pedido de desaforamento e alegou que Cristina Longo, advogada de Will, foi a responsável pela repercussão do júri nas redes sociais. Por isso, o caso não justificou a alegação de insegurança jurídica.

Em resposta ao pedido de pronunciamento feito pela reportagem, Cristina Longo disse que a liminar para o desaforamento foi negada. “Mas isso não significa que o pedido principal tenha sido decidido. O mérito ainda não foi analisado pelo Tribunal de Justiça”, afirma. Segundo ela, o processo segue suspenso por causa da COP30, que impactou o funcionamento regular do tribunal.

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PORTAS FECHADAS

No dia do julgamento o Fórum de Marabá será limitado ao acesso de servidores, advogados de defesa, assistente de acusação, promotores e juíza.

A decisão é resultado da repercussão negativa causada pelo primeiro julgamento, que aconteceria em agosto de 2025, mas foi cancelado.

RELEMBRE

O julgamento de Will Sousa, réu pela morte de Flávia Alves, foi interrompido após a advogada Cristina Longo abandonar a defesa durante a sessão. A juíza Alessandra Rocha cancelou o júri e encaminhou o caso à Defensoria Pública, além de comunicar a OAB sobre a postura da advogada.

A postura da advogada Cristina Longo no julgamento de agosto rendeu polêmica nas redes sociais – Foto: Evangelista Rocha

A sessão já havia começado sob tensão: Longo tentou suspender o julgamento com um mandado de segurança, alegou irregularidades na apresentação de provas e protagonizou discussões acaloradas com a juíza, a promotora Cristine Magella e o delegado ouvido no plenário, Walter Ruíz, até retirar a beca e deixar o tribunal.

O CRIME

Flávia desapareceu na madrugada de 15 de abril de 2024, após sair de um bar no Núcleo Nova Marabá, em Marabá. Ela foi vista pela última vez entrando no carro de Will, seu colega de profissão. Familiares da vítima afirmam que o tatuador mantinha uma obsessão não correspondida pela jovem.

O desaparecimento foi registrado dois dias depois, em 17 de abril, e a Polícia Civil iniciou as investigações. Em 25 de abril, foi deflagrada a Operação Anástasis, com apoio dos núcleos de investigação de Marabá e Tucuruí. No mesmo dia, Willian e sua esposa, Deidyelle de Oliveira Alves, foram presos. Ela é acusada de participar da ocultação do corpo. A identificação dos suspeitos foi possível graças à análise de imagens de câmeras de segurança, perícias no veículo utilizado por Will e outros recursos técnicos.

Ainda na noite de 25 de abril, o corpo de Flávia foi localizado em uma cova rasa, na zona rural entre Jacundá e Nova Ipixuna, a cerca de 100 km de Marabá. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a jovem foi morta por estrangulamento. Também foi realizada busca e apreensão no SUV T Cross, veículo supostamente usado no crime. A perícia indica que o assassinato ocorreu dentro do carro.

O inquérito foi concluído em agosto de 2024 e encaminhado ao Ministério Público. Willian foi denunciado por homicídio qualificado, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Já Deidyelle responde por ocultação de cadáver e fraude, mas está em liberdade desde 25 de maio de 2024.