O artista visual e muralista Bino Sousa, de Marabá, é um dos selecionados para a Jaguar Parade Belém 2025, uma das maiores exposições de arte a céu aberto do mundo. O evento transforma esculturas de onças em verdadeiras obras de arte, com o objetivo de sensibilizar o público sobre a importância da conservação da onça-pintada e da Amazônia.
A obra assinada por Bino, intitulada “Morubixaba”, nasce do encontro entre a ancestralidade amazônica, os grafismos indígenas e o pôr do sol que banha os rios Tocantins e Itacaiunas, símbolos profundos de sua terra natal.
Conceito
Leia mais:“Morubixaba” é uma palavra de origem tupi que significa “chefe”, “líder”, “guia espiritual” — aquele que conduz com sabedoria, coragem e espírito coletivo.
Inspirado nesse significado, Bino criou uma onça que representa não apenas a força da floresta, mas também o espírito de liderança e proteção que emana dos povos originários da Amazônia.
A escultura retrata o pôr do sol amazônico refletido nas águas, em tons quentes que evocam energia, vida e esperança. Sobre a pelagem, grafismos indígenas pertencentes à comunidade Gavião Parkatêjê se expandem em linhas orgânicas, revelando o símbolo do peixe tamuatá, chamado “kêre” na língua tradicional do povo.
Esse grafismo, que nasce da arte e da sabedoria do povo Gavião Parkatêjê, é um tributo à sua identidade e resistência. O kêre simboliza a adaptabilidade e a força silenciosa da natureza — um ser que resiste mesmo nas águas turvas, lembrando que a beleza da floresta está também na capacidade de continuar viva.

A visão do artista
“Pintar uma onça é dar forma ao espírito da floresta. Ela representa coragem, silêncio e poder. A minha onça traz em si o reflexo de Marabá — o encontro dos rios, o calor do entardecer e a voz das raízes que ainda resistem. O grafismo Gavião Parkatêjê foi o elo que faltava: a presença do povo que conhece a floresta não só por olhar, mas por pertencer a ela”, contemporiza Bino Sousa.
Com uma trajetória marcada por murais que exaltam a cultura amazônica e o sentimento de pertencimento, Bino acredita que a arte é um instrumento de educação ambiental e de resistência cultural. Suas obras despertam o olhar para o valor da floresta e das comunidades que a habitam, reforçando que preservar a Amazônia é preservar a própria história.
“A arte tem o poder de emocionar antes de convencer. Quando ela toca o coração, nasce o desejo de proteger. E é isso que eu quero plantar com a Morubixaba, uma semente de respeito pela nossa terra e pelas próximas gerações.”
Jaguar Parade Belém
A Jaguar Parade é uma exposição internacional que reúne artistas de diferentes partes do mundo em torno da conservação da onça-pintada e da biodiversidade amazônica.
Em Belém, as esculturas ocupam espaços públicos e turísticos, aproximando o público da arte e da mensagem da preservação. Cada onça é uma embaixadora da floresta, rugindo por atenção e esperança.
Para Bino, a Jaguar Parade Belém representa o renascimento da arte amazônica em diálogo com o mundo, um rugido de esperança que nasce das margens dos rios e ecoa pelas cidades.
Sobre o artista
Bino Sousa é artista visual, muralista e ilustrador marabaense, conhecido por suas obras que unem arte urbana, identidade amazônica e expressões da cultura regional.
Suas criações dialogam com a espiritualidade da floresta, a força dos povos ribeirinhos e o colorido da natureza. Entre seus projetos estão murais no Santuário Nossa Senhora de Nazaré, o Projeto Reciclos e diversas coleções autorais que retratam a vida amazônica com sensibilidade e autenticidade.
