📅 Publicado em 06/11/2025 09h38✏️ Atualizado em 06/11/2025 11h33
A Mídia Gavião, da Terra Indígena Mãe Maria, localizada em Bom Jesus do Tocantins, é amplamente reconhecida por difundir as práticas, expressões culturais e tradições do povo Gavião. São pouco mais de 1.300 indígenas, divididos em quatro povos e mais de 30 aldeias. No Instagram da equipe, são publicados com frequência registros de cerimônias, rituais, maratonas e outros eventos organizados pelos próprios indígenas.
Entre os dias 26 e 29 de novembro, a aldeia Krījõhêré sediou a quarta edição dos Jogos Estudantis Culturais entre as aldeias e o Correio de Carajás acompanhou de perto o penúltimo dia das competições, que reúnem práticas tradicionais e esportes também conhecidos entre os não-indígenas. Arco e flecha, corrida de tora, varinha, cabo de guerra, futebol e vôlei estiveram entre as atividades que celebram o espírito competitivo, fortalecem os laços comunitários e reúnem aldeias de toda a região em um espaço de convivência e prestígio esportivo.
Kaiti Topramre, da aldeia Mêpotoprinakatêjê, fotógrafo e um dos idealizadores da Mídia Gavião, afirma que registrar esses momentos é parte fundamental do fortalecimento cultural e da resistência indígena. “A gente fica muito feliz e orgulhoso, porque a gente sabe que essa caminhada na comunicação não é fácil. A gente tem crescido constantemente, graças a cada integrante de cada aldeia que vem agregando cada vez mais o nosso progresso”, destaca.
Leia mais:O cacique Joprykatire, da aldeia Krijohere, reforça a importância de eventos como os jogos para promover integração, socialização e diversão entre as aldeias, para além das competições. Ele ressalta também o papel dos jovens comunicadores em levar o nome da TI Mãe Maria para além de seus limites. Para ele, a comunicação fortalece a identidade cultural e amplia o reconhecimento do povo Gavião.

Sobre a atuação da Mídia Gavião, o cacique Joprykatire pontua que o trabalho de comunicação tem sido essencial para divulgar a cultura e aproximar quem deseja conhecer mais sobre o povo Gavião. “É importante a mídia para nós, para divulgar e levar para fora, porque tem muito branco que quer conhecer a nossa cultura, e isso é importante para nós. Cada vez mais fortalece a nossa Mídia Gavião. Manter a mídia ativa acaba sendo uma forma de manter a cultura viva e atual, com certeza. É um incentivo que elas transmitem para fora, e isso é mais fortalecimento para nós”. Ele afirma que a criação do coletivo marcou uma mudança significativa na forma como o povo é visto e lembrado atualmente.
Segundo Kaiti, a cobertura dos Jogos exige organização e trabalho coletivo. Durante as competições, a equipe se divide entre as atividades, já que muitas acontecem ao mesmo tempo: futebol, vôlei, corrida de tora e outras modalidades tradicionais. Cada área recebe um fotógrafo e alguém responsável por gravar vídeos e registrar momentos para as redes sociais, garantindo que todas as ações sejam acompanhadas.
A abertura do evento é destacada como um dos momentos mais importantes, reunindo aldeias e povos que desfilam, dançam e celebram. A equipe busca captar diversos ângulos, desde a entrada das delegações até as reações do público, e ao longo dos dias, acompanha cada lance, narrações, comemorações e desafios, sempre tentando mostrar a essência e a energia dos jogos.

Já o último dia, marcado pelas finais, é o mais intenso para os comunicadores. Com cansaço acumulado e múltiplas disputas acontecendo simultaneamente, eles se dividem ao máximo para registrar tudo em tempo real, produzindo fotos e vídeos e postando nas redes sociais e no canal do Telegram criado especialmente para o evento. Todas as fotos ficam disponíveis gratuitamente para as aldeias, que podem utilizar o material em suas páginas, desde que os créditos sejam atribuídos aos fotógrafos da Mídia Gavião.
Esse trabalho, segundo os membros da Mídia, fortalece a identidade coletiva, impulsiona o esporte indígena e valoriza cada atleta participante dos jogos. Mais do que documentar resultados, a missão é manter viva a cultura e o espírito de união entre os povos Gavião, celebrando cada emoção e cada história contada a partir das lentes indígenas.
