📅 Publicado em 14/10/2025 09h30✏️ Atualizado em 14/10/2025 16h29
Eu não sabia o que é o cooperativismo de crédito até ser convidada pelo Sicredi para uma imersão nesse modelo econômico. Até poucos dias atrás, eu acreditava que era uma maneira diferente de nomear bancos que não são privados. Eu não sabia que cooperativas de crédito não buscam enriquecer o associado, mas deixá-lo mais próspero. Tanto ele quanto a sua comunidade.
E sim, existe diferença entre enriquecer e prosperar. Ainda que pareçam sinônimos, as palavras possuem peso e significados diferentes. Enriquecer é tornar-se ou fazer alguém rico (adquirir fortuna) ou, em um sentido figurado, melhorar, aumentar ou engrandecer algo. Já prosperar é desenvolver-se de forma favorável e bem-sucedida, o que pode incluir tanto o sucesso financeiro quanto o progresso pessoal em diversas áreas da vida.
E foi assim que, durante três dias (7, 8 e 9 de outubro), o Sicredi provocou um pensamento latente em mim: quantas histórias de negócios que prosperaram com o cooperativismo de crédito posso encontrar em Marabá? Eu ainda não sei, mas estou louca para descobrir.
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Essa curiosidade vem, principalmente, dos negócios e histórias que eu conheci nessa viagem a Porto Alegre (RS) e pela Serra Gaúcha. Ouvir César Bochi, diretor-presidente do Sicredi, falar com orgulho que o propósito da cooperativa é construir uma sociedade mais próspera fez o meu lado cético erguer uma sobrancelha. Mas foi conversando cara a cara com ele que eu entendi que não existe cooperativa de crédito rica e associado pobre.
“É o cooperativismo que nos guia. Saber que a gente é meio, ferramenta, instrumento, não um fim em si mesmo. Não temos um acionista a quem precisamos remunerar a qualquer custo. Há consistência no crescimento do associado junto com a cooperativa”, me garantiu ele.
Essa imersão no conceito de cooperativismo de crédito aconteceu no primeiro dia do 10º Encontro Nacional de Jornalistas e Formadores de Opinião. Sendo eu apenas um peixinho em um mar de 60 profissionais de imprensa de todo o Brasil, senti que não era a única a descobrir um novo universo. Como todo bom jornalista, minha cabeça começou a fervilhar de ideias para novas pautas e a querer descobrir novas histórias para contar.

Logo eu, que tenho real afeição por reportagens especiais que falem de empreendedorismo e sobre como negócios – grandes ou pequenos – têm o poder de transformar quem os lidera e também o seu entorno. Não à toa, fui vencedora do Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2024, contando a história da Larissa Ribeiro e sua fantástica fábrica de chocolates.
Inclusive, a Lari conseguiu um novo crédito com o Sicredi, para poder expandir ainda mais sua marca, Aoro, fazendo com que ela busque o mercado internacional. Costurar essas histórias é o que faz meu coração bater mais forte.
Tanto que, no Rio Grande do Sul, eu conheci o Lucas Kehl Bauer, ex-jogador de vôlei profissional e campeão mundial, que se tornou produtor de cogumelos em Nova Petrópolis e, com a parceria do Sicredi, agora expande seu negócio. Não satisfeito em vender o produto natural, agora ele o beneficia e o vende como mistura semipronta de risoto. São 20 quilos de cogumelos produzidos por dia, e o risoto é vendido para todo o país.
Assim como o Lucas, os hotéis Laghetto e Sky e os restaurantes Don Aurélio, 20/9, Jardim dos Moinhos, Colina Verde e Gatzz são exemplos de empreendimentos associados ao Sicredi. Durante as experiências que vivi nesses lugares, me chamou a atenção como eles são, de fato, prósperos. Movimentados, fervilhando de clientes e com atendimento e serviços impecáveis.
E quando eu achei que o cooperativismo de crédito não poderia me surpreender mais, conhecemos a história do padre suíço Theodor Amstad, patrono do cooperativismo brasileiro, na sede da primeira cooperativa da América Latina, localizada em Nova Petrópolis. Paulo Soares, educador, foi quem nos contou, de forma lúdica e imersiva, a verdadeira epopeia vivida por Amstad e sua mula Diana para trazer desenvolvimento financeiro e prosperidade para os moradores daquela região.

Em 1900, ele fundou a primeira associação de agricultores do estado do Rio Grande do Sul, dando o primeiro passo para o seu principal legado: a criação da primeira cooperativa de crédito rural, em 1902. Após este feito, o sacerdote ampliou sua área de atuação e fundou outras 37 cooperativas pelo estado, sendo uma delas em Santa Catarina.
Muitas histórias e informações foram absorvidas nesses dias de imersão, mas uma delas, talvez a mais importante para mim, não poderia deixar de ser citada: a Fundação Sicredi. Focada em levar educação financeira para pessoas de todas as idades, a fundação também tem o propósito de manter viva a essência do cooperativismo, usando estratégias de sustentabilidade sistêmica e programas e iniciativas sociais, culturais, ambientais e de governança para a ampliação do impacto positivo nas comunidades.
E se é isso que o cooperativismo de crédito faz, eu acho que está passando da hora de Marabá se apropriar desse conceito.