📅 Publicado em 27/09/2025 07h31✏️ Atualizado em 27/09/2025 08h06
Após mais de um ano de paralisação, as obras para a construção das cabeceiras da aguardada ponte sobre o Rio Araguaia foram finalmente retomadas. Na última quinta-feira (25), máquinas começaram a preparar o terreno para erguer os 150 metros da rampa de acesso do lado paraense, em São Geraldo do Araguaia. A estrutura, que ligará o Pará ao Tocantins pela BR-153, é um marco esperado há décadas, mas o avanço das obras contrasta com a angústia de moradores que ainda aguardam o pagamento das desapropriações.
Com um investimento de aproximadamente R$ 28 milhões, a construção das rampas de acesso é a etapa final para a liberação da ponte. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela obra, mobilizou cerca de 30 homens e promete entregar a primeira fase dos acessos ainda este ano, permitindo o tráfego de veículos. A notícia renova a esperança de muitos, como um motorista que aguardava na fila da balsa.
“Uma das maiores felicidades da minha vida será atravessar esse rio sobre essa ponte. Atualmente, utilizo essa balsa duas vezes na semana e demoro cerca de 30 minutos nesse trajeto. Com a ponte, devo demorar no máximo cinco minutos. Isso vai otimizar demais o tempo de todos”, comemorou.
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Enquanto a obra simboliza progresso para a região, para as famílias que vivem na área diretamente afetada, o sentimento é de desespero. Elas afirmam que, apesar de um acordo firmado em audiência na Justiça Federal em 7 de agosto, o DNIT iniciou os trabalhos antes de pagar as indenizações prometidas. É o caso de Valdir Tavares do Amaral, de 72 anos, dono de uma mercearia em frente à obra.

“Além do barulho ensurdecedor, ainda tenho prejuízo no meu comércio. Desde que começou a obra, não vendo mais nada, pois a rua está interditada. Ficou acertado que a obra começaria após o pagamento, mas isso não aconteceu. Se eu permanecer aqui por mais uma semana, vou passar fome”, lamentou o idoso.
O drama é compartilhado por Iraides Nunes da Silva, 53 anos, proprietária de um restaurante. Ela relata que a trepidação das máquinas causou múltiplas rachaduras nas paredes de sua casa. “Já tive de mudar de quarto para dormir, com medo de as paredes caírem sobre mim. Meu restaurante não recebe mais clientes. Alguém do DNIT precisa resolver nossa situação ou parar essa obra até pagar nossa indenização”, reclamou.

O que diz o DNIT
Acionado pela reportagem, o DNIT esclareceu que os processos de avaliação e negociação dos imóveis foram conduzidos em um mutirão de conciliação com a Justiça Federal e o Ministério Público. A autarquia informou que todos os valores de indenização foram depositados em contas judiciais abertas em nome dos proprietários, aguardando apenas os trâmites finais da Justiça para a transferência dos recursos.
O órgão também detalhou o cronograma, prevendo a entrega de uma “primeira subetapa dos acessos” ainda em 2025, com um aterro asfaltado e sinalizado para permitir a funcionalidade imediata da ponte. Obras complementares, como ruas marginais e um contorno viário em Xambioá (TO), estão planejadas para o próximo ano.
Atualmente, a travessia pelo Rio Araguaia depende de balsas, um serviço oneroso que aumenta o tempo de viagem. Com a conclusão da ponte, a expectativa é que o trajeto de 30 minutos seja reduzido para apenas dois, barateando o frete e tornando os produtos da região Norte mais competitivos nos mercados nacional e internacional.