Correio de Carajás

“Tecer Mulher” promove inclusão digital para idosas

Projeto abre caminhos para que mulheres idosas se conectem com suas famílias

O Tecer Mulher é um projeto de extensão universitária da Faculdade de Sistemas de Informação (FACSI/Unifesspa) que tem transformado a vida de mulheres idosas em Marabá. Criado em 2024 pela professora Leia Sousa de Sousa, o projeto atua na alfabetização e no letramento digital de mulheres acima de 60 anos, em situação de vulnerabilidade social, muitas delas com pouca ou nenhuma escolarização formal.

Mais do que ensinar a usar o celular, o projeto busca enfrentar a exclusão digital que atinge de forma mais acentuada as mulheres idosas — fenômeno intensificado pela chamada “feminilização do envelhecimento”. Ao ampliar a autonomia, a autoestima e a participação social dessas mulheres, o Tecer Mulher fortalece também o exercício da cidadania, sobretudo em um cenário em que as pessoas idosas se tornam alvo frequente de golpes virtuais.

As atividades são realizadas em bairros de Marabá (PA), em parceria com associações locais, centros comunitários e instituições sociais. O método combina oficinas práticas, rodas de conversa e acompanhamento personalizado, sempre utilizando o celular como ferramenta principal. Os conteúdos partem da realidade cotidiana das participantes: aprender a falar com a família pelo WhatsApp, pedir transporte por aplicativo, realizar pagamentos, acessar serviços públicos digitais e até identificar tentativas de fraude na internet.

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O projeto acontece nos dois semestres do ano em formato itinerante, com cursos de até um mês de duração e dois encontros semanais. A equipe utiliza metodologias de educação popular e da andragogia, além de recursos de design instrucional, garantindo que o processo de aprendizagem seja significativo, seguro e prazeroso. Desde sua criação, o Tecer Mulher já impactou dezenas de mulheres idosas, que hoje realizam sozinhas tarefas como fazer PIX, compras online e solicitar transporte por aplicativos.

Além das oficinas, a equipe também produz materiais didáticos adaptados para o público 60+, como tutoriais em linguagem simples. O trabalho acadêmico do projeto já resultou em três artigos aprovados em eventos nacionais e recebeu, em 2024, o prêmio de melhor artigo completo, com uma pesquisa sobre proficiência digital entre idosos.

Mais recentemente, em setembro de 2025, o Tecer Mulher representou o estado do Pará no evento “Práticas que Conectam: Compartilhando soluções para a inserção digital de pessoas 60+”, realizado em Manaus pela Anatel em parceria com a UNESCO. Única iniciativa vinda do interior da Amazônia, o projeto dividiu espaço com outras experiências da região Norte e apresentou suas metodologias, ferramentas e resultados, reforçando a importância de iniciativas que partem da realidade amazônica para inspirar políticas públicas de inclusão digital em todo o Brasil.

O impacto do projeto vai muito além da formação técnica: ele abre caminhos para que mulheres idosas se conectem com suas famílias, com os serviços e com o mundo, reafirmando que inclusão digital é também inclusão social.