Correio de Carajás

25% das brasileiras não usam métodos contraceptivos, diz pesquisa

✏️ Atualizado em 26/09/2025 08h06

Uma pesquisa realizada pelo Ipsos, a pedido da farmacêutica Bayer, mostrou que 25% das mulheres não utilizam nenhum método contraceptivo atualmente. O número é considerado significativo para os pesquisadores, já que mais de 62% das brasileiras já tiveram ao menos uma gestação não planejada durante a vida.

O levantamento foi realizado com 800 mulheres entre 18 e 60 anos de idade em todo o Brasil, entre os dias 21 e 28 de agosto deste ano.

A pesquisa aponta que, apesar de 91% das mulheres já terem utilizado algum método contraceptivo ao longo da vida, há uma lacuna de conhecimento sobre opções contraceptivas modernas e recomendadas pelas principais diretrizes internacionais sobre planejamento familiar, como os métodos contraceptivos de longa duração (DIUs e implantes).

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Por exemplo, 67% das entrevistadas não sabem que o DIU hormonal é disponibilizado por planos de saúde, mesmo o procedimento tendo cobertura obrigatória pela Agência Nacional de Saúde. O desconhecimento é ainda maior nas classes mais baixas (D e E), onde 76% não sabem deste direito via saúde suplementar.

Além disso, nove em cada dez entrevistadas (89%) afirmaram não saber diferenciar a versão de cobre da versão hormonal do DIU.

“Hoje, existem opções contraceptivas para diferentes perfis e estilos de vida, inclusive, alternativas de baixa dosagem hormonal e ação localizada, ou seja, com pouca ou nenhuma absorção na corrente sanguínea. A informação de qualidade é uma ferramenta poderosa, não só para promover o conhecimento sobre os contraceptivos modernos, mas também para ampliar o acesso e democratizar o cuidado reprodutivo”, afirma Rodrigo Mirisola, médico ginecologista e gerente médico da área de saúde feminina da Bayer no Brasil.

Redes sociais têm impacto na busca por contracepção no Brasil

A pesquisa do Ipsos também mostrou que 59% das entrevistadas recorrem ao ambiente digital como principal fonte de informação sobre saúde. Entre as mais jovens (18 a 29 anos), 62% afirmam usar a internet como primeira referência.

Do total, 34% fazem buscas em sites e fóruns, 15% em grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram e 12% em perfis de influenciadores no Instagram, TikTok e Kwai.

Na visão de Edson Ferreira, médico da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o hábito pode deixar as mulheres vulneráveis a informações equivocadas.

“O problema não está no consumo de informações pela internet, mas, sim, na falta de embasamento científico que alguns desses conteúdos podem ter”, afirma. “Tomar como base experiências isoladas ou relatos que propagam mitos pode levar a escolhas inadequadas de métodos contraceptivos, insegurança em relação à contracepção e, consequentemente, perpetuar as gravidezes não planejadas.”

Outro risco apontado pelo especialista é a renúncia a cuidados contraceptivos por influência de conteúdos divulgados nas redes sociais.

“É natural que pacientes tenham dúvidas sobre os efeitos dos hormônios, mas é fundamental buscar orientação médica antes de tomar qualquer decisão sobre contracepção. Hoje, existem alternativas modernas de diferentes composições e dosagens hormonais que fornecem eficácia e segurança dentro das exigências de cada paciente”, finaliza Ferreira.

(Fonte: CNN Brasil/Gabriela Maraccini)