Correio de Carajás

Médico do HMI diz pra mãe de gestante pedir ajuda no inferno

Joseane: “Eu quero justiça porque eles acabaram com uma criança que era saudável”/Foto: Evangelista Rocha
Por: Chagas Filho
✏️ Atualizado em 17/09/2025 17h10

Joseane da Silva do Espirito Santo, mãe da jovem Yasmin da Silva do Espírito Santo, está revoltada e desesperada. Sua filha e seu neto estão internados no Hospital Materno Infantil (HMI), depois de um parto mal sucedido. O caso começou no sábado e teve seu desfecho no domingo. Joseane foi parar na delegacia após entrar em vias de fato com o médico que atendeu sua filha. Segundo relato da mãe, o médico mandou que ela procurasse ajuda no inferno. Agora, seu neto está entubado na UTI. Até mesmo, alguns medicamentos ela teve de comprar, porque está em falta no HMI.

Joseane relata que sua filha deu entrada no Materno por volta das 14h de sábado (13), já apresentando dois centímetros de dilatação. Diante disso, foi internada para aguardar a evolução do trabalho de parto. No domingo (14), por volta das 8h30, após novo exame, foi constatado que a dilatação havia evoluído apenas para três centímetros. O médico responsável informou que, caso até às 14h não houvesse evolução suficiente, seria realizada cesariana.

Acontece que Yasmin apresentava pressão alta e estava sendo apenas medicada, sem melhora significativa. Por volta das 13h, sua filha pediu que procurasse o médico, pois já não tinha forças, encontrava-se fraca e sem alimentação desde o momento da internação. Ao procurar o médico, começaram os problemas.

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Joseane diz ter sido chamada de “burra” e ouviu do profissional que, se quisesse ajuda, deveria procurar “no inferno”. Diante disso, ela se exaltou e houve discussão entre ambos, tendo o médico posteriormente denunciado sua conduta. Mas ela afirma possuir testemunhas dos fatos.

Após o episódio, Joseane foi conduzida à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), onde a autoridade policial determinou que poderia permanecer acompanhando a filha no hospital, desde que não houvesse novos atritos com o médico em questão, podendo solicitar outro profissional para o atendimento.

Ela relata ainda que o parto ocorreu por volta das 20h, momento em que sua filha apresentava apenas sete centímetros de dilatação. Foram aplicados medicamentos para intensificar as contrações, e, no procedimento, o bebê ficou retido no canal vaginal, sendo necessário realizar episiotomia e manobras, inclusive com um médico pressionando o abdômen da parturiente. A criança nasceu sem respirar, sem chorar e sem reagir.

A pediatra tentou reanimação imediata, mas não havia equipamentos em condições adequadas de uso. Cinco dispositivos de ventilação (ambus) testados estavam defeituosos, o que dificultou o socorro. Após aproximadamente 20 minutos de tentativas, o recém-nascido foi transferido à UTI Neonatal.

Joseane revelou também, nesta segunda-feira (15), que até um medicamento para sua filha ela teve de comprar, pois simplesmente não existia o remédio na farmácia do HMI. Joseane está revoltada e desesperada porque o neto está em coma induzido na UTI, enquanto a filha não está nada bem e continua internada.

“Eu quero justiça porque eles acabaram com uma criança que era saudável. A minha filha não levanta, não fala, não tem reação nenhuma; eu tive que comprar um remédio pra colocar no soro dela porque aqui não tem”, desabafa.

Joseane afirma que foi um dos piores sofrimentos de sua vida, ao ser humilhada num momento em que seu neto e sua filha estão em situação tão vulnerável. “Eu culpo eles pelo que vai acontecer com meu neto. Eu culpo e vou procurar todos os meios possíveis pelo que fizeram com minha filha. Eu sofri demais e não desejo pra ninguém o que passei aqui”.

Este CORREIO solicitou uma resposta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), via Secretaria de Comunicação (Secom), mas até o fechamento d3essa reportagem não recebemos retorno algum. (Chagas Filho)