Correio de Carajás

Estudantes de Marabá exploram o futuro na 6ª Feira das Profissões

Além de orientar jovens sobre carreiras, encontro apresentou projetos de pesquisa com soluções locais

Evento aconteceu nesta sexta-feira (12) na Estação Conhecimento, no Núcleo São Félix/ Fotos: Evangelista Rocha
Por: Milla Andrade

A manhã desta sexta-feira (12) começou com movimento intenso em Marabá, especificamente no Núcleo São Félix. O motivo foi a realização da 6ª edição da Feira das Profissões, evento que já faz parte do calendário da cidade e que, a cada ano, reúne mais instituições de ensino, projetos e iniciativas voltadas para quem está prestes a decidir os rumos da carreira.

Ao longo do dia, estudantes de escolas públicas e privadas tiveram a chance de circular pelos estandes, conversar com professores e universitários, participar de palestras e até experimentar na prática alguns projetos de pesquisa. A programação teve início às 8 da manhã e se estendeu até às 16 horas, na sede da Estação Conhecimento.

O encontro nasceu em 2017, a partir de uma iniciativa da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), mas logo se expandiu com a adesão da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e do Instituto Federal do Pará (IFPA). Hoje, consolidada em Marabá, a feira se apoia em um conjunto de parcerias que inclui também o Sistema S e a Estação Conhecimento.

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O resultado é uma vitrine com mais de 90 cursos, entre técnicos, graduações e pós-graduações, que refletem as oportunidades de formação existentes em toda a região.

UNIVERSIDADES UNIDAS

Em entrevista para o Correio de Carajás, a coordenadora da Uepa, Daniele Monteiro, falou sobre a integração das instituições e o quanto isso representa para a educação. “É um leque de mais de 90 opções, cursos técnicos, de graduação, e pós que hoje Marabá oferece. Isso mostra uma realidade bem diferente de 30 ou 40 anos atrás, quando era preciso sair para a capital em busca de formação”, afirma.

Coordenadora do Campus da Uepa em Marabá, Daniele Monteiro também participou da Feira

A coordenadora comemorou o avanço e destacou que há muitas opções para quem deseja ingressar no ensino superior através do evento.

O crescimento também chama a atenção de quem acompanha a trajetória desde as primeiras edições. Para o diretor-geral do IFPA – Campus Marabá Industrial, Everaldo Fernandes, a feira se transformou em ponto de referência para estudantes do município. “Hoje o evento se fortalece com uma tradição importante para os alunos, principalmente da rede pública”, destaca.

Segundo Everaldo, a feira leva a oportunidade de escolha. “Nós estamos com mais de 90 cursos aqui, inclusive de formação rápida. Esse contato com a feira ajuda a direcionar na escolha de curso e universidade”, pontua.

Everaldo Fernandes é diretor-geral do IFPA e aclama o evento anual

Na visão da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Unifesspa, Natália Souza, a proposta é ampliar o olhar dos jovens para além das opções imediatas. “É de uma importância muito grande. Aqui temos uma gama grande de cursos: agrárias, saúde, exatas e pós-graduação. Estamos com 25 cursos da Unifesspa aqui hoje”, diz Natália, que também é professora de Geologia Ambiental.

A programação também incluiu oficinas, palestras e rodas de conversa. Um espaço criado para os jovens entenderem o que podem construir para o futuro profissional.

Natália diz que a proposta é ampliar o olhar dos jovens para o futuro

INOVAÇÕES PRECIOSAS

A cada ano, os estandes trazem experimentos, maquetes e até soluções tecnológicas desenvolvidas dentro das universidades. Presente no evento, o CORREIO também conversou com o professor de Sistema de Informação da Unifesspa, Alex Vieira. Ele apresentou um projeto de aplicativo, criado para organizar a coleta seletiva em Marabá. “A ideia é articular atores que já existiam, mas não estavam conectados”, explica.

Provisoriamente chamado de ‘Coleta Marabá’, Alex explica que o aplicativo será gratuito e permitirá que o produtor agende a entrega de materiais separados, reduzindo riscos para os catadores e evitando descarte em aterros. “É um passo para consolidar a economia circular na região”.

Alex Vieira: “O aplicativo, é a solução tecnológica que encontramos para articular o produtor, a sucataria e o catador”

Segundo Alex, o experimento se deu a partir da falha existente em Marabá, o que gerou esse cuidado em disseminar um manejo de coleta seletiva. Para o professor, a solução é conectar os três elos importantes: o produtor, o catador e a cooperativa. “O aplicativo, é a solução tecnológica que encontramos para articular o produtor, a sucataria e o catador. Vamos integrar em uma mesma solução”, completa.

O problema, é característico de cidades próximas a Marabá e por saber disso, o professor garante que o planejamento é expandi-lo. Alex explica que o aplicativo poderá ser baixado gratuitamente pelos usuários que terão cadastro de “produtores”. Empresas também poderão cadastrar, assim como sucatarias.

ATUAÇÃO VOLUNTÁRIA

O projeto conta com a participação de nove estudantes. Entre eles, a universitária Winy Gabrielly Soares, que está finalizando o curso de Sistemas de Informação. “Nosso aplicativo conecta catadores e produtores de lixo, ele terá um mapa onde o produtor mostra o material que está na residência. A partir disso, o valor do material é avaliado para que o coletor vá fazer a retirada na residência”, resume.

À esquerda, Ricardo Diniz aluno que também desenvolveu o software para o aplicativo, ao centro Winy Gabrielly, e à direita o professor Alex Vieira

A aluna destaca ainda a inclusão da gamificação, onde cada vez que o produtor disponibiliza materiais, ele recebe pontos no aplicativo, segundo Winy Gabrielly é uma forma de estimular a coleta seletiva e tornar a experiência mais interativa.

Pensado como um espaço para experimentos científicos, a feira também busca traduzir conceitos complexos em práticas simples. Foi o que mostrou Noah Leite, aluno de mestrado em Ensino de Física da Unifesspa. “Hoje nós apresentamos o conceito de aprendizagem significativa. Trouxemos um motor elétrico feito com materiais simples, do dia a dia. O objetivo é mostrar que a física não é só fórmula, mas o estudo dos fenômenos naturais. Assim, o estudante entende o conceito e aplica no cotidiano”, finaliza.

O estudante Noah apresentou um conceito de aprendizagem significativa

Outras áreas também marcaram presença. O estudante do curso de Educação Ambiental do IFPA, Willian Saraiva, apresentou uma solução voltada para a saúde pública. “Trouxemos uma armadilha para a contenção de pragas de baixo custo. Usamos uma luz azul que atrai os insetos, a armadilha tem um ventilado que suga os insetos. É simples de montar em casa, não usa químicos e ajuda no combate de insetos e mosquitos, como o Aedes aegypti, que transmite doenças”.

Na avaliação de Audileide Oliveira, coordenadora da Estação Conhecimento, o evento cumpre a função de abrir portas e aproximar os jovens das universidades. “Celebramos a sexta edição da feira com parceiros valorosos. É uma oportunidade ímpar mostrar ao jovem que é possível ingressar no ensino superior que existem na região. Nosso papel é mostrar e aproximar os estudantes desse universo e das possibilidades”, diz a diretora da instituição.

Audileide diz que que o evento foi cumprido através das parcerias

Com estandes cheios, jovens atentos e uma programação diversificada, a Feira das Profissões reforçou, mais uma vez, a sua importância em Marabá. O evento provoca reflexões sobre escolhas de futuro e mostra que o acesso ao ensino superior e técnico está cada vez mais perto de quem está na região.