Correio de Carajás

Faustão é submetido ao 4º transplante de órgãos em 2 anos

Desde 2023, Fausto Silva fez transplante do coração, dois de rins e um de fígado. Ordem da fila é cronológica e segue os critérios de gravidade da doença, distância entre doador e paciente e compatibilidade genética entre os dois.

O apresentador Fausto Silva, o Faustão, em uma de suas internações em São Paulo para transplante de órgãos. — Foto: Reprodução/Instagram
✏️ Atualizado em 08/08/2025 16h06

O apresentador Fausto Silva, de 75 anos, foi submetido a dois novos transplantes de órgão na quarta-feira (7). Desde o início do seu tratamento de saúde, em 2023, foram quatro transplantes no total.

Desta vez, o apresentador teve um transplante de fígado e um retransplante renal realizados no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

De acordo com o boletim médico, os órgãos, provenientes de um único doador, foram considerados compatíveis pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo, que acionou a instituição para a realização dos procedimentos.

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Faustão está internado no Einstein desde 21 de maio por conta de uma infecção bacteriana aguda com sepse.

Em agosto de 2023, ele tinha sido submetido ao primeiro transplante, de coração, que aconteceu no mesmo hospital e com grande sucesso. Seis meses depois, em fevereiro de 2024, ele teve que passar pelo primeiro transplante de rim. Nesta semana, ele passou por outro transplante de rim e também de fígado.

👉 Esse quarto transplante de órgão a que Faustão foi submetido levantou curiosidade sobre como funciona a fila para os transplantes de órgãos no Brasil. Confira abaixo.

Sistema Nacional de Transplantes

De acordo com o Ministério da Saúde, o país possui atualmente o 2° maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, mas o grande volume de procedimentos faz com que a quantidade de pessoas ainda precise passar por uma lista de espera.

No ano passado, o país ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 30 mil transplantes de órgãos e tecidos realizados em um único ano, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Foram 30,3 mil procedimentos em 2024. Cerca de 85% dos procedimentos foram realizados pelo SUS, que destinou R$ 1,47 bilhão à área no ano passado — valor 28% superior ao de 2022.

Parte dessa marca histórica veio do estado de São Paulo, onde Fausto Silva mora.

Até esta quarta-feira (8), o Brasil já tinha feito 5.755 transplantes de órgãos em 2025.

O rim foi o transplante mais realizado (3.847), seguido pelo fígado (1.516) e coração fica em terceiro, com 248 transplantes realizado neste ano.

Na lista dos estados, São Paulo puxa com 1.166 feitos, seguindo de MG 430 e RJ 345 transplantes feitos no ano.

Transplante sendo realizado em hospital — Foto: Arquivo Pessoal
Transplante sendo realizado em hospital — Foto: Arquivo Pessoal

Em 2024, o estado realizou 9.537 mil procedimentos. Entre as maiores cirurgias desse tipo feitas no estado, destacam-se a de córnea (5.584 transplantes realizados), rim (1.184), medula óssea (1.180) e fígado (650).

Segundo o balanço, os órgãos mais transplantados no ano passado em todo o Brasil foram:

  • rins (6.320 transplantes),
  • fígado (2.454),
  • córnea (17.107)
  • medula óssea (3.743).

 

Como nas outras duas ocasiões, Faustão foi incluído novamente na fila de transplantes de órgãos, que é gerenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por conta do agravamento do seu quadro clínico, ele teve prioridade, por se encaixar em vários critérios técnicos de saúde.

Quais são os critérios de prioridade?

 

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que a lista de espera dos pacientes gerida pelo SUS prioriza, entre outros fatores: a gravidade da doença e crianças, que são prioridades tanto em caso de o doador ser uma criança como quando concorrem diretamente com adultos.

A localidade do paciente e a compatibilidade genética também é outro fator importante na decisão de quem receberá o órgão, além do tipo sanguíneo do doador e do receptor dos órgãos.

A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada, explica o Ministério da Saúde.

 

Segundo a pasta, “a lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados”.

Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica. — Ministério da Saúde em nota

A pasta diz que são eventos determinantes de prioridade na fila de doação as seguintes situações dos pacientes:

  • a impossibilidade total de acesso para diálise (filtração do sangue), no caso de doentes renais;
  • a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado;
  • necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes transplantados.

 

Confira o passo a passo da fila de transplantes

 

Veja abaixo o passo a passo de como funciona o processo de recebimento de órgãos na fila do SUS, segundo informações do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos:

  • A lista funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada;
  • Também é levado em consideração a gravidade do quadro – quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa;
  • Tipo sanguíneo – um paciente só pode receber um órgão de um doador que tenha o mesmo tipo sanguíneo que ele;
  • Porte físico – alguém alto e mais pesado não pode receber o coração de um doador muito mais baixo e magro que ele;
  • Distância geográfica – o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em um intervalo de até 4 horas, isso é chamado de tempo de isquemia, o tempo de duração deste órgão fora do corpo, ou seja: não é possível fazer a ponte entre duas pessoas que estejam muito distantes uma da outra.
  • tempo de isquemia, inclusive, determina se um carro ou avião será usado para o transplante, com custos arcados pelo SUS;

 

Fila passou de 46 mil em 2025

 

Segundo o Ministério da Saúde, até o início de agosto deste ano, o Brasil tinha 46,7 mil pessoas aguardando na fila por doação de órgãos. O maior número de pacientes de espera é para os seguintes órgãos:

  • Rim: 43.319 pacientes na fila
  • Fígado: 2.310 pacientes na fila
  • Coração: 445 pacientes na fila

 

Em São Paulo, onde Fausto Silva vive com a família, são cerca de 22,4 mil pacientes aguardando por transplante.

Em março, o Jornal Nacional mostrou que, pela primeira vez desde 1998, a fila de transplante de órgãos no Brasil passou de 50 mil pessoas, segundo a ABTO.

Faustão em foto de 2023 — Foto: Reprodução/Redes sociais
Faustão em foto de 2023 — Foto: Reprodução/Redes sociais

(Fonte:G1)