Correio de Carajás

Advogada explica ter abandonado júri e avisa que pedirá desaforamento

Cristina Longo deixou plenário durante julgamento de Will Sousa, acusado de matar Flávia Alves Bezerra

Cristina Longo destaca seus argumentos para a atitude extrema - Foto: Evangelista Rocha
Por: Da Redação

O julgamento do tatuador William Araújo Souza, acusado de matar Flávia Alves Bezerra em 15 de abril de 2024, foi interrompido hoje (7) no Fórum da Comarca de Marabá após a advogada de defesa Cristina Longo abandonar o plenário do júri popular. Em entrevista posterior, a defensora explicou os motivos que a levaram à decisão drástica e anunciou que irá pedir o desaforamento do processo.
Segundo Cristina Longo, dois fatores principais motivaram sua saída do tribunal: uma oratória sobre feminicídio feita pela magistrada na abertura do julgamento, que considerou inadequada para o momento, e também o que classificou como cerceamento de defesa com o indeferimento de provas documentais.
“É claro que nós entendemos a necessidade de coibir esse tipo de crime (feminicídio). Mas você não pode levantar, em juízo de plenário, um assunto que é em relação aos fatos”, declarou a advogada.
Cerceamento de defesa
A defensora também denunciou o que considera uma violação dos direitos de defesa do réu. Segundo ela, provas documentais baseadas no artigo 479 do Código de Processo Penal foram indeferidas, mesmo tendo sido apresentadas dentro do prazo estabelecido.

Foto: Evangelista Rocha

“Infelizmente, todo o andar da ação penal, por último, antes mesmo de entrar aqui no tribunal, nós tivemos um cerceamento de defesa em provas documentais do artigo 479, onde a defesa colocou previamente dentro de sua data e mesmo assim foi indeferida as provas. Nós já viemos minados”, explicou Cristina Longo.
A advogada enfatizou que chegou ao tribunal preparada para fazer justiça, com “toda essa argumentação, tudo muito estudado minuciosamente”, mas se deparou com o que considera irregularidades processuais.
Decisão pelo desaforamento
Questionada sobre os próximos passos da defesa, Cristina Longo revelou uma mudança de estratégia. Embora inicialmente tenha resistido à ideia de pedir o desaforamento do processo, os eventos do julgamento a fizeram reconsiderar.
“Olha, inicialmente todos clamavam pelo desaforamento e eu até fiz uma manifestação e eu pensei em desaforar, mas eu acreditei que era em Marabá que o Will daria sua resposta. Só que infelizmente no dia de hoje foi marcado pela injustiça”, afirmou.


A defensora foi categórica ao anunciar sua nova posição: “E a partir da minha decisão de me retirar do plenário, me dá a consciência plena que esse júri eu vou pedir o desaforamento. Não há necessidade, e nem possibilidade de fazer um julgamento justo na nossa comarca de Marabá.”
Consequências
Com a interrupção do julgamento, uma nova data deverá ser redesignada para o júri popular. Caso o pedido de desaforamento seja aceito pela Justiça, o processo será transferido para outra comarca, onde será realizado um novo julgamento.
O caso envolve a morte de Flávia Alves Bezerra, ocorrida em abril de 2024, e tem gerado grande repercussão na região. William Araújo Souza, conhecido como Will Sousa, responde pelo crime em liberdade.
A decisão da advogada de abandonar o plenário durante o júri é considerada uma medida extrema no meio jurídico.

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